Ana Isabel de Carvalho Pinto conta qual é o sucesso de um marketplace

A empresária Ana Isabel de Carvalho Pinto, fundadora da Shop2gether, afirma que o sucesso de um marketplace de luxo está na análise do perfil do consumidor e suas necessidades, e oferecer ótimo serviço e logística eficiente.

O e-commerce no Brasil vai de vento em popa. Em 2023, as plataformas digitais movimentaram 196,1 bilhões de reais, marcando um aumento de 4% em relação a 2022, quando o volume de negócios foi de 187,89 bilhões de reais. Desde 2016, o e-commerce brasileiro mais que quintuplicou, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e a tendência é crescer mais. O número de consumidores on-line chegou a mais de 87 milhões de brasileiros, de acordo com a Ebit/Nielsen, uma das principais fontes de informações sobre o comércio eletrônico no Brasil. Esses números mostram o vigor do setor, mesmo diante de desafios econômicos e mudanças nos hábitos de consumo, com o e-commerce se consolidando como uma parte essencial do varejo brasileiro.

Diretora de marketing e cofundadora do Icomm Group e do Shop2gether, Ana Isabel tem papel fundamental na criação e curadoria da loja, fazendo com que o sistema operacional mantenha uma seleção de marcas sofisticadas, tanto nacionais quanto internacionais, e que ofereça uma experiência de compra premium. Seu trabalho mistura inovação, curadoria de qualidade e adaptação ao gosto de quem entra no site – pontos essenciais para uma venda eficaz e satisfatória. Para o sucesso, ela afirma que é muito importante analisar o perfil do consumidor de moda nacional. Para isso, são traçados perfis (chamados de clusters) a cada seis meses. Ou seja, existe um estudo profundo do consumo de moda de luxo para que as ofertas sejam certeiras.

Para a empresária, no mercado atual não dá para “imaginar” que tipo de produto o cliente espera encontrar em um site de venda. É preciso ter certeza. Por isso, estudos que mapeiem a necessidade do comprador são essenciais. “A gente traça esses perfis e eles são revisitados a cada estação, a cada seis meses. E ainda confere esses retratos com base em uma pesquisa de macrocomportamento, de consumo e moda, que fazemos também semestralmente.” Esta é a chave do negócio: identificar os desejos, as prioridades de compra e, então, posicionar a empresa em um patamar que obedeça às linhas de serviço que o comprador deve encontrar em uma venda digital. Enquanto alguns marketplaces se desfizeram, o Shop2gether quer crescer mais e oferecer uma atividade digna de primazia. “Nível de serviço é o nosso grande diferencial. Antes de ser uma empresa de venda, uma varejista, nós somos uma prestadora de serviço.”

A reciclabilidade também funciona como um item de atenção para a Shop2gether, importante para que a plataforma ofereça aos compradores a oportunidade de adquirir artefatos second hand. Para isso, eles fazem a captação de mercadorias vintage – todas originais e certificadas –, o que incentiva a circularidade, estendendo a vida útil de bolsas, calçados, acessórios e roupas. É uma outra maneira de ter a oferta de itens sem que eles sejam descartados e sem uma linha de reutilização. “Acho que existe, sim, uma conscientização, existem, sim, os selos que chegaram aí para ajudar, para conscientizar, mas isso tem que ser mais do que marketing.” Em relação ao comportamento do mercado ligado à sustentabilidade, ela é clara ao afirmar que o setor precisa de apoio e de entidades que promovam seu crescimento. “Minha principal preocupação é que o mercado de moda nacional precisa de suporte muito antes de focar na sustentabilidade. Estamos vivendo um momento em que grandes grupos estão se formando, e eles têm um papel crucial, pois são os maiores e vão liderar esse processo. É fundamental que tenhamos órgãos mais unificadores e estruturadores da cadeia da moda.”