Moda

Isabelle Huppert compartilha segredos de vida e sofisticação

Aos 69 anos, Isabelle Huppert acumula prêmios, conta que o feminismo guiou suas escolhas de filmes e se prepara para várias estreias

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Foto: Nicholas Wagner / Vestido RICK OWENS, vestido PREEN na LECLAIREUR, bracelete LOUIS VUITTON, meia-calça WOLFORD, sofá ANN DEME ULEMEESTER X SERAX na LECLAIREU

Nascida em Paris, filha do engenheiro Raymond Huppert e da professora de inglês Annick Huppert, Isabelle Huppert é uma das mais aclamadas atrizes do cinema francês de sua geração. Formada em arte dramática em conservatórios de Versalhes e Paris, em seis décadas de carreira coleciona atuações emblemáticas, trabalhos com diretores como Jean-Luc Godard, Marco Ferreri, Claude Chabrol, na Europa, e nos Estados Unidos, onde contracenou com Dustin Hoffman e Jude Law e participou da temporada 11 da série Law & Order.

Sua incrível prateleira de prêmios inclui Cannes, Berlim, BAFTA, Molière, além de fazer parte da mesa de jurados do Festival de Cannes, ter sido a vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz (Drama), ser nomeada ao Oscar de Melhor Atriz em 2017, somar mais de 110 filmes e tratar suas personagens sempre de uma forma muito peculiar. Casada com Ronald Chammah e mãe de Lolita, 40, Lorenzo, 37, e Angelo, 26, continua, aos 69 anos, acumulando lançamentos nas telas, por vezes com diretores queridos com quem já comemorou grandes trabalhos. E a seguir, ela fala sobre cinema, sororidade, feminismo, moda e, lógico, o que está por vir.

Foto: Nicholas Wagner / Vestido DIOR COUTURE, joias LOUIS VUITTON

L’OFFICIEL: Seu trabalho é aclamado internacionalmente. O que prêmios significam para uma atriz?

ISABELLE HUPPERT: Isso significa um reconhecimento muito bom, tanto nas escolhas de filmes como nas de equipes com as quais trabalhei. É mesmo incrível, não vou dizer o contrário.

L’O: Existe irmandade entre atrizes, diretoras, produtoras?

IH: Pode acontecer mas não é automático. Pode haver também uma irmandade com atores, produtores, diretores, mas quando as coisas vão bem com as mulheres, existem relacionamentos de alta qualidade com uma certa sensibilidade própria feminina e também por conta dos assuntos que são tratados nos filmes que faço com mulheres. Somos, às vezes, mais aventureiras e talvez mais ousadas.

L’O" Você é irmã de uma escritora e diretora (Caroline Huppert) e de uma atriz, escritora e diretora (Elizabeth Huppert). Como é a troca artística/criativa entre vocês?

IH:Tenho muita admiração por minhas irmãs. Sempre fui influenciada por sua inteligência e cultura. Elas também respeitam muito a minha formação, assim como eu a delas.

L’O: Como era ser feminista nos anos 1980. E como é ser femi - nista nos anos 2020?

IH: Comecei a ser feminista sem saber, o que me levou a fazer certas escolhas de papéis e filmes, mas de forma mais intuitiva do que consciente e militante. O feminismo hoje obviamente avançou com as posições assumidas por muitas mulheres e só podemos nos alegrar com isso, mas a luta está longe de ser vencida.

Foto: Nicholas Wagner / Blazer JEAN PAUL GAULTIER COUTURE, brincos TATIANA VERSTRAETEN

L’O: Qual é a sua relação com a moda?

IH: A moda é uma futilidade contingente, mas tão divertida e agradável. A moda, na maioria das vezes, é um mundo aberto e benevolente, que está mais preocupado do que você imagina com as questões atuais do nosso mundo. Quer se trate de ecologia quer de discriminação, a moda se preocupa o suficiente para transmitir uma mensagem de temas atuais.

L’O: Como você definiria seu estilo?

IH: Basicamente atemporal. Tenho bastante inveja de mulheres que seguem as tendências da moda imediatamente. Mas essa não é a minha primeira qualidade. No entanto, gosto de estar bem vestida, gosto de roupa. Verdade que decido o que vou vestir todos os dias em um ou dois minutos…

L’O: Como você cuida da sua pele, do cabelo, corpo, mente?

IH: Eu cuido muito disso: gosto de testar novos produtos e aprender sobre mim todos os dias por meio do autocuidado.

L’O: Quais são seus próximos projetos?

IH: La syndicaliste, de Jean Paul Salomé, com quem filmei La Daronne (Mama Weed); Mon crime, de François Ozon, com quem já fiz 8 mulheres. Esses dois filmes serão lançados em Paris em breve. Terminei recentemente um longa com André Téchiné e estou prestes a partir para Taiwan para fazer La cerisaie. Em abril, vou retomar uma peça de Bob Wilson, Mary Said What She Said, um monólogo sobre Mary Stuart que eu já havia tocado em Paris e em turnê antes do confinamento da pandemia. E o belíssimo filme de Laurent Larivière, Uma vida sem ele [em que Isabelle vive Joan Verra], estreia no Brasil em abril.

Foto: Nicholas Wagner / Casaco e botas COURRÈGES, brincos ELBA, legging MARINE SERRE na LECLAIREU
Foto: Nicholas Wagner / Robe e sandálias SAINT LAURENT, óculos JACQUES MARIE MAGE na LECLAIREUR, colar TATIANA VERSTRAETEN, meia-calça WOLFORD, cadeira HANS WEGNE R na LECLAIREUR Paris

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