Moda: conheça os novos estilistas que dominam a moda italiana
Há dois anos, a Fashion Week italiana não para de nos surpreender, da direção artística a quatro mãos da Prada aos novos estilistas da Fendi, Bottega Veneta, Missoni, Trussardi, Bally ou Ferragamo. Uma coisa é certa: o resultado é fenomenal. Foco nos recém-chegados na moda italiana.
Há dois anos, a Fashion Week italiana não para de nos surpreender, da direção artística a quatro mãos da Prada aos novos estilistas da Fendi, Bottega Veneta, Missoni, Trussardi, Bally ou Ferragamo. Uma coisa é certa: o resultado é fenomenal. Foco nos recém-chegados na moda italiana.
Serhat Isik e Benjamin Huseby, na Trussardi
Conhecida pela marca GmbH de guarda-roupa híbrido, cortes técnicos e materiais éticos, influenciada pelo clubbing, defendendo a inclusão e a responsabilidade, a dupla berlinense não para de chamar a atenção. E ainda mais desde sua nomeação para a direção artística da Maison Trussardi. Bastou sua primeira coleção outono-inverno 2022, para novamente fazer vibrar a maison criada em 1911. Serhat Isik, turco-germânico, e Benjamin Huseby, paquistanês-norueguês, defendem, assim, orgulhosamente, suas diversas origens na atenção aos detalhes.
A dupla impõe a cultura underground, que lhe é cara, com looks diretamente saídos da icônica boate Berghain. A utilização do preto e do branco em todas as suas nuances não tem segredo para os dois. Joga-se a cartada do streetwear com o jeans bordado em cristais em alto-relevo. O artesanato obviamente não deve ser subjugado por um trabalho luxuoso em couro ou pelas peles exóticas em jaquetas bombers flexíveis. Quanto à sensualidade, ela se apoia em vestidos fluidos de jérsei com decotes torcidos e múltiplas bainhas, ou vestidos longos de cetim. Com essa coleção, a dupla consagra suas marcas, inspirando-se no passado sem se esquecer de si mesma, e impõe uma silhueta radical.
Filippo Grazioli, na Missoni
Formado pelo Istituto Europeo di Design, o estilista começa sua carreira por um estágio no grupo de moda OTB, que inclui Diesel, Marni, Viktor & Rolf, Martin Margiela, a quem ali conhece e com quem colabora até 2013. Em seguida, muda-se para a maison Hermès, ao lado de Nadège Vanhee-Cybulski. Depois, em 2015, integra a Givenchy, sob a direção de Riccardo Tisci, a quem seguirá na Burberry como diretor de coleções.
Na Missoni, há mais de oitenta anos conhecida por suas malhas estampadas, confiam-lhe a tarefa de modernizar a marca, mais precisamente a de torná-la mais “cool”, uma vez que Angela Missoni torna-se a presidente depois de ter sido a diretora artística. Para sua primeira coleção, apresentada em setembro, Filippo Grazioli utiliza, evidentemente, algumas estampas estrelas da marca, como o Zig Zag, que ele revisita claramente em cores que lhe são próprias, em silhuetas dos anos 1990, com minissaia de fenda até o quadril, vestido transparente sobre legging zebrada e calças fluidas até o chão. O estilista domina sua arte e sabe como agradar e atingir em cheio uma geração para a qual os holofotes e os milhões de seguidores são um só.
Maximilian Davis, na Ferragamo
Desde sua nomeação para a marca italiana, não se deixa de falar nesse estilista natural de Manchester, mas cujas raízes nos levam entre Trinidade e Jamaica. Muito aguardado e depois aclamado, ele já tem seus fãs entre as editoras mais conceituadas. Formado no London College of Fashion, destacou-se na Wales Bonner, depois apresentou sua própria coleção durante a Fashion East, o show da jovem e desenfreada criação inglesa, antes de ser chamado pelo famoso Presidente e Diretor-Geral Marco Gobbetti (que trabalhou com Phoebe Philo na Céline e com Riccardo Tisci na Givenchy). Com seu primeiro desfile primavera-verão 2023, a marca experimenta um novo começo e agora se chama Ferragamo, e não mais Salvatore Ferragamo. O logo muda de tipografia e o vermelho, cor do escarpim feito pela marca para Marilyn Monroe, volta como assinatura. As silhuetas são esguias e atléticas, com ternos opacos, casacos técnicos e calças práticas. Reencontramos o famoso pôr do sol, do amarelo ao vermelho sangrento, em vestidos-camisa de musseline transparente. O estilista adora drapear, cortar, decotar e brincar com a assimetria, decotes em V e jaquetas bem cortadas.
Matthieu Blazy, na Bottega Veneta
Com um currículo também brilhante, Matthieu Blazy era o costureiro ideal para a Bottega Veneta. Formado em La Cambre, estagiou na Balenciaga, e ingressou na linha Artisanal da Martin Margiela, onde gerenciava também as coleções Femme. Em 2014, torna-se estilista sênior da Céline, antes de reencontrar seu amigo Raf Simons na Calvin Klein. É em 2020 que ele ingressará na marca italiana. Sua assinatura é voltada para o movimento e a liberdade, com cortes simples em materiais luxuosos. Para sua segunda coleção, o estilista, muito próximo da arte contemporânea, convida o artista plástico Gaetano Pesce a conceber a cenografia do desfile. Aqui, o artesanato não tem limites. Assim, cada look do cotidiano – jeans, sobreposição ou camiseta branca – é feito todo de couro. Cada roupa é uma peça muito técnica. Nada é deixado ao acaso, com gabardines falsamente maleáveis, paletós superlongos, decotes escorridos, vestidos de cortes enviesados e bordados com franjas peroladas ou saias de fendas costuradas. Quanto às estampas, são de uma beleza sensível. A moda de Matthieu Blazy preconiza uma sensibilidade e uma precisão sem limite e está marcada por uma emoção única.
Rhuigi Villaseñor, na Bally
Mais uma notícia que alegrou muita gente foi a chegada de Rhuigi Villaseñor como estilista da marca suíça Bally, fundada em 1851 e que hoje pertence à JAB Holding Company. Conhecido por sua marca californiana Rhude, fundada em 2015 e que inclui tanto prêt-à-porter quanto acessórios e lifestyle, o estilista, nascido em Manila nas Filipinas, começou portanto na Costa Oeste. Entre uma mãe costureira e um pai arquiteto, tornar-se estilista era quase óbvio. Com sua primeira coleção, descobrimos uma moda sexy com maiôs com cortes dos anos 1970 sob casacos extralongos diretamente saídos do Studio 54, tailleurs vestidos sobre sutiãs, tangas sob vestidos de noite, jaquetas biker amarradas em rosa ou em dourado metálico, combinações de pijamas amarelo-banana, duas-peças Barbarella. Estreias muito promissoras que se rebelarão ao longo das coleções para modernizar uma maison burguesa que tem o desejo de mudar sua identidade para melhor se diferenciar.