Bruna Lombardi: uma conversa sobre beleza, felicidade e etarismo
Bruna Lombardi é um ícone. Mulher independente, inteligente e linda, é atriz, poetisa, escritora e palestrante. Em um bate-papo descontraído, dividiu suas percepções sobre felicidade, beleza, feminismo e aceitação
Em uma manhã ensolarada de São Paulo, no bairro dos Jardins, mais um evento de beleza acontecia. Eles são muitos, quase que diários. Entre um café e um croissant, observando os convidados que experimentavam as novidades de skincare, avisto uma figura de cabelos claros, porém parcialmente cobertos por um chapéu. Era Bruna Lombardi chegando para fazer um talk sobre beleza para a anfitriã L’Occitane en Provence. Antes de entrevistá-la me questionei sobre o que poderia falar para sair do óbvio em relação a sua beleza hipnotizante. Resolvi deixar o bate-papo fluir entre temas que estão muito mais presentes no universo do bem-estar do que da estética, já que ser bonito também é sentir plenitude.
L'Officiel Brasil: Você é muito focada em questões de bem-estar (a atriz tem uma plataforma de conteúdo sobre felicidade). O que acha que traz mais resultados quando o assunto é se sentir em paz e bonita?
Bruna Lombardi: Todos os aspectos da vida refletem o que somos, interna e externamente. Temos um conceito um tanto quanto equivocado de achar que a beleza é apenas física. Só que ela depende de centenas de outras coisas. Tenho certeza que você conhece pessoas com feições bonitas, o corpo como manda o figurino, mas que não passam beleza. E algumas até se tornam feias, por certas atitudes. Que mistério é esse? Há outras que não seriam consideradas bonitas, por padrões, mas são definitivamente lindas! Isso tem relação a não querer se encaixar em padrões. Nenhum de nós deve ser obrigado a caber em rótulos, se apertar em compartimentos, a se sentir “espremido”. Merecemos expansão e evolução. Claro que isso não é algo muito simples na sociedade atual, eu sei. Entendo também que existe o cuidado externo, estético, mas ele só se sustenta com o emocional, a saúde e o espiritual. “Não existe beleza se a pessoa em questão maltrata os outros. O indivíduo é lindo, mas arrogante? Acabou! Fica feio.
L'Officiel Brasil: Então você acredita no poder da energia individual?
Bruna Lombardi - Sim. A energia que jogamos no mundo é fundamental. Isso reflete em nosso bem-estar. Hoje estou aqui em um evento de beleza, que também é impactada com o que emanamos. E estou aqui porque sei que a marca também tem uma preocupação além com valores que acredito, como não só fazer alguém bonito, mas manter o entorno sustentável. Essas escolhas também são importantes de serem avaliadas quando o assunto é bem-estar. Colabora para sermos mais e melhor.
L'Officiel Brasil: As gerações mais jovens estão demonstrando preconceitos com a idade, o chamado etarismo, de forma mais latente nos últimos tempos. O que você gostaria de dizer, principalmente para adolescentes, sobre o tema, tendo em vista que elas também serão um dia mulheres maduras?
Bruna Lombardi: Eu acho que é uma fissura que de um lado aumenta os casos de etarismo, mas com o tempo faz com que essas jovens caiam na real. Lembra o caso das meninas que ridicularizaram uma mulher com mais idade que elas no ambiente universitário? Elas se acabaram com uma atitude etarista. Eu fiquei até chocada com tamanha autopunição. Enquanto isso, a vítima, decolou. É importante que a gente entenda que em cada uma das nossas fases/idades é possível se considerar jovem ou velha. Eu lembro quando fiz 20 e me senti velha. Há quem se sinta velha aos 30, mas só se quisermos. Conheço quem ainda pensa assim, mas também mulheres mais maduras que são muito jovens, descobrindo o mundo. E outro ponto: quando as mulheres compreenderem, de fato, a força da união feminina, seremos mais fortes. Afinal, quem inventou a rivalidade? Não foi uma mulher.
L'Officiel Brasil: Você é um símbolo de beleza natural. Teve algum momento em que se sentiu mais plena ou isso é o agora?
Bruna Lombardi: É o agora. Para eu chegar até aqui eu cultivei, em cada etapa da vida, o que sou hoje. E sou feliz hoje em dia, na minha versão mais plena, porque entendo mais o que é a felicidade. Ela inclui a melancolia, a tristeza, o dia cinzento. Não é achar que tudo será sempre alegre, daquele dia em que você toma um champanhe, mas inclui o momento em que você precisa de colo e de um pijama.
L'Officiel Brasil: Para finalizar, o que você leva na bolsa, de itens de beleza, os seus essenciais?
Bruna Lombardi: Eu sempre carrego comigo um bom creme para as mãos, especialmente depois da pandemia, em que lavamos o tempo todo a região. Também amo um perfume, que dá aquela sensação gostosa em qualquer momento do dia. Para finalizar, um batom. Eu gosto dos que têm acabamento fosco, mais cor de boca ou rosa clarinho.