Jacqueline Sato abre álbum de viagem para o Japão! Confira
Jacqueline Sato mergulha na cultura de seus ancestrais em viagem especial para o Japão! Confira
Jacqueline Sato embarcou em uma aventura no Japão! Explorando suas raízes ancestrais, a atriz e apresentadora conheceu os principais pontos turísticos do país e aproveitou para visitar o evento Anime Japan – muito conhecido pela imersão na cultura pop local.
Esse universo, no entanto, já foi explorado pela artista antes: foi ela quem emprestou a voz a uma das protagonistas, Melissa Shield, no anime "My Hero Academia: Dois Heróis", obra que, após fazer sucesso nos cinemas, hoje integra o catálogo do Globoplay e da Apple TV. A oportunidade de participar de um dos maiores festivais de animação do mundo, além de reafirmar sua conexão com a indústria, também proporcionou uma experiência que enriqueceu sua jornada de autodescoberta enquanto artista, que inclusive, atuou como produtora associada do curta-metragem brasileiro “Amarela”, que acaba de ser indicado para concorrer à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes.
A viagem, no entanto, foi muito além de sua participação no evento: Jacqueline também aproveitou sua estada em Tóquio para explorar a rica herança cultural do país. Visitando templos como o Hie, Akasaka Hikawa, e Toyoka Inari Betsuin, ela teve a oportunidade de se conectar com parte de sua história e absorver a espiritualidade milenar que permeia a capital japonesa. Apaixonada por arte e todas suas vertentes, também aproveitou para assistir pela primeira vez a um espetáculo de Teatro Noh, no Teatro Nacional de Noh de Tóquio.
“Foi a realização de um sonho. Lembro de quando eu comecei a estudar Teatro e me familiarizei com este estilo durante as aulas teóricas. O Noh sempre me despertou curiosidade. Então poder assistir a um espetáculo deste no seu berço assim, foi muito significativo para mim. Fora que eu descobri que eu tenho um tio avô que era ator de Teatro Noh. Aí potencializou ainda mais a vontade de assistir, mas também passei a não poder mais dizer que eu sou a única artista da família”, conta.
Figura proeminente na indústria do entretenimento, Sato é reconhecida também por seu compromisso com a representatividade. Integrante do time da Academia do Emmy Internacional, a atriz ampliará em breve suas fronteiras ao lançar o programa "Mulheres Asiáticas" (E! Entertainment), que assina como criadora e apresentadora.
A produção é uma iniciativa pioneira que visa destacar e direcionar os holofotes para essa parcela da sociedade que, apesar de numerosa, ainda é muitas vezes invisibilizada. Sendo o Brasil o país com a maior comunidade japonesa fora do Japão, nesta primeira temporada do programa, o foco estará nas mulheres nipo-brasileiras.
“Conseguir realizar o programa trazendo representatividade na frente e atrás das câmeras é revolucionário e eu fico surpresa e orgulhosa, ao mesmo tempo, por termos conseguido isto. Os cargos de lideranças criativas: Roteiro, Pesquisa, Direção, Direção de Fotografia, Direção de Arte, Figurino, Maquiagem, Trilha Sonora Original, são todos ocupados por mulheres que pertencem a este recorte. Isso trouxe uma autenticidade, um lugar de acolhimento e força, nunca sentido por nenhuma de nós antes. Lindo demais! Não vejo a hora de poder revelar quem são essas mulheres todas”, compartilha a artista.
Fato comprovado também pela viagem, mas não apenas, Sato tem cada vez mais abraçado essa parte de sua cultura. Hoje, ela revela o motivo: “Por muito tempo eu inconscientemente e às vezes, conscientemente, me afastava de tudo o que pudesse me ligar ao Japão, por querer me descolar do estereótipo que, tantas vezes, já é projetado em cima de nós, mesmo sendo brasileiros. Houve uma grande fase de negação mesmo. Estudando mais sobre racialidade e conhecendo mais pessoas deste recorte eu percebi que isso é algo que acontece com muita gente. Para construir uma identidade que vá além da caixinha que muita gente fica tentando colocar a gente, a gente foge de qualquer coisa que possa nos aproximar desse lugar. Só que negar sua ancestralidade é algo bem ruim, afinal, é parte de você. Eu fui fazer as pazes depois de muito tempo. Por muito tempo queria ser vista e reconhecida como brasileira e ponto.”
“A sensação de não-lugar, de não-pertencimento nem aqui e nem lá no Japão é algo que acontece comigo e acontece com muita gente. E foi nessa inquietação individual, mas que percebi ser coletiva, que eu resolvi fazer algo com isto: começar a criar as nossas narrativas, que tragam nossas histórias à tona, para que essa sensação de não-lugar deixe de existir, e a gente construa o nosso próprio lugar e passe a se sentir verdadeiramente representada ao mesmo tempo que passa a rechear o imaginário coletivo com referências autênticas nascidas do nosso lugar de fala, e não apenas as histórias criadas a partir da visão que ‘o outro’ tem da gente”, continuou a atriz.
Em seguida, finalizou: “Entendi que era hora de parar de esperar que estes projetos chegassem até mim ‘algum dia’ e passei a criar, conectar pessoas que já estejam criando, e fomentar projetos que possam colaborar para que gerações futuras não tenham mais essa sensação que eu sei que muita gente da minha geração ainda tem. E, de alguma forma, também honrar aqueles que vieram antes, afinal, são histórias que fazem parte da história do Brasil, mas que seguem sem serem contadas – por enquanto”.