Tainá Müller sobre Verônica: “Uma raiva que habitava em mim”
Tainá Müller comenta o sucesso de sua personagem em ‘Bom dia, Verônica’
Tainá Müller nasceu para dar vida à personagens icônicas! Após o seu sucesso na série “Bom Dia, Verônica”, a atriz agora nos prepara para dar boas-vindas à Marta, personagem protagonista da série “Faro”.
Após viver uma temporada em Portugal para a gravação da série, a gaúcha comenta com exclusividade para a L’Officiel Brasil como foi a experiência de ficar longe de seu marido, Henrique Sauer e Martin, seu filho de 7 anos. Além disso, Tainá ainda aproveitou para falar sobre sua relação com a TV Globo, relembrou os velhos tempos em Porto Alegre (RS) e revelou qual o seu maior segredo de autocuidado! Confira:
Após o sucesso de “Bom Dia, Verônica” você experimenta, o seu primeiro audiovisual internacional com a série “Faro”, gravada em Portugal. Como foi essa experiência?
Foi incrível, o Joaquim Leitão é um diretor muito sensível e me senti muito acolhida por toda a equipe e atores. Foi interessante ver as diferenças culturais dentro do set. E morar um tempo no Algarve foi demais. Já era apaixonada por Portugal, mas fiquei ainda mais. Estou ansiosa pra ver o resultado.
Você precisou mudar o seu visual para entrar na nova personagem? Antes loira e agora morena, como se sente nesta “nova pele” sendo que antes passou tanto tempo sendo a Verônica, com mechas loiras e bem curtinhas?
Sim, voltei a ser morena. Eu particularmente gosto da minha cor natural.
Seu marido, Henrique Sauer, e seu filho, Martin, de apenas 7 anos, precisaram lidar com a distância durante o período de gravações de sua nova série. Como fizeram para matar a saudade? A distância foi um grande desafio para você?
Eles conseguiram ir uma semana pra me visitar e no resto do tempo falamos por vídeo todos os dias. Hoje a tecnologia permite isso, né? Senti saudades, mas também curti meu tempo de solidão, que toda mãe merece ter de vez em quando.
Esse foi o seu primeiro trabalho internacional como atriz, mas não como modelo. Depois de estudar jornalismo e até atuar na área, você se jogou em um trabalho como modelo na Tailândia e depois chegou até a passar uma temporada na Europa. Como foi a experiência? Quais as suas melhores lembranças desta época?
Foi uma experiência fundamental para minha formação no início da vida adulta. Me permitiu uma autonomia desde muito cedo, pra me virar sozinha onde estivesse e também fazer o exercício de relativismo cultural, o que foi importante para entender profundamente a diversidade desde cedo.
Durante uma entrevista, você mencionou que é geminiana com ascendente em sagitário e que ama uma aventura. Qual a maior loucura que você já cometeu?
Pegar minha malinha e comprar uma passagem só de vinda pra São Paulo, com vinte e dois anos e quase nada de dinheiro e pouquíssimos conhecidos.
Você já comentou que cresceu em Porto Alegre, rodeada de todos os costumes gaúchos, incluindo o conservadorismo e posicionamentos patriarcais. Por não se enxergar naquele contexto, qual você diria que foi a sua válvula de escape para se tornar a Tainá de hoje?
A minha válvula de escape sempre foi a cultura alternativa. E a Porto Alegre da virada do milênio era de uma efervescência inesquecível nesse período. Meus amigos eram artistas, escritores, jornalistas, galera que fazia super 8. Fui muito feliz na minha época de faculdade, quando tomei contato com a cena underground de Poa.
Em “Bom Dia, Verônica” você sempre esteve no modo alerta, muito combativa, atenta e pronta para a ação. Mas na vida real, como é o seu temperamento?
A Verônica me permitiu dar vazão a uma raiva que me habita desde sempre, mas que só hoje entendo estar diretamente ligada às limitações que o patriarcado impõe. Com a maturidade, aprendi a acolher essa raiva e transformá-la em ação.
Inclusive, você já chegou a mencionar que quando chegava em casa, precisava “se desligar” da personagem, afinal, era o momento de exercer o seu lado mãe com o Martin. Em contrapartida, a Verônica já desempenhou um papel importante no momento de criar o seu filho? A série já chegou a te despertar um olhar mais atento para pautas que você deseja que o Martin cresça estando atento também?
Eu já era bastante atenta a todos os temas que a série traz, mas sim, tudo ganhou proporções ainda mais profundas dentro de mim. Tenho a preocupação de criar um menino que exercite constantemente o contato com as próprias emoções e que saiba respeitar tudo o que é vivo nesse planeta.
Além de ganhar prêmios internacionais interpretando a Verônica, você também gravou, durante as temporadas da série com grandes nomes como Eduardo Moscovis, Reynaldo Gianecchini e Rodrigo Santoro. Vocês já eram amigos antes ou se aproximaram mais durante o laboratório, filmagens?
O Gianne e o Du eu já conhecia, o Rodrigo conheci nas filmagens e acabamos ficando amigos também.
A construção dessa afinidade é importante para um melhor resultado final?
Eu sempre tento me entregar ao máximo nas trocas com todos os atores com quem contraceno, pois acredito que seja fundamental pro resultado. Mas afinidade mesmo, fora de cena, acho que precisar existir espontaneamente. Às vezes você tem um jogo bacana em cena, mas não se identifica tanto com a pessoa e tudo bem. No caso de Bom Dia, Verônica, tive a sorte de fazer grandes amigos.
Olhando para a sua trajetória como atriz, qual novela você mais gostou de gravar e por quê?
Olha, eu me divirto fazendo novela. Mas a mais especial pra mim sempre vai ser “Insensato Coração”, pois essa foi a novela que mudou minha vida. Foi a partir dela que consegui um contrato de dez anos com a Globo, onde pude parar de passar perrengue financeiro. E foi onde conheci o Henrique.
Um desejo de atriz que você pretende realizar muito em breve:
Lançar o documentário que estou produzindo e produzir uma ficção em que eu possa também atuar.
Você tem um estilo definido? Costuma seguir alguma tendência?
Minha relação com a moda varia muito de acordo com a minha fase de vida, mas eu costumo ser básica, apostar em peças clássicas e atemporais.
Devido ao ritmo das gravações de “Bom Dia, Verônica”, você já mencionou que voltou a fazer terapia. Além disso, você aderiu à alguma prática voltada para a saúde mental e bem-estar?
Minha maior prática ao bem-estar tem sido priorizar uma boa noite de sono. O sono é o ponto básico de toda boa saúde mental.
E sobre sua nova série “Faro”, o que podemos esperar? Conta um spoiler pra gente!
Uma personagem ousada e misteriosa. Que carrega dentro de si a locomotiva da vingança.
Você é gaúcha, nascida e criada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul! Como fica o coração ao ver tudo o que o estado tem passado nos últimos dias?
Sobre a tragédia no meu estado, estou nesse momento devastada emocionalmente, como acho que todo gaúcho que mora longe também está. É inacreditável ver as ruas tão familiares pra mim tomadas pela água daquele jeito. Estou vivendo pra isso nesses dias, reunir e postar informações confiáveis, doar pra quem precisa, ajudar a encher carretos indo pra lá com doações, monitorar as pessoas que amo e estão lá. Mas ao mesmo tempo, o sentimento de impotência perante o tamanho do estrago é perturbador. Espero muito que o poder público aja com sabedoria e ciência depois desse evento trágico, não só pro Rio Grande do Sul, mas pro Brasil inteiro, tomando a consciência de que as mudanças climáticas são reais e que se nada for feito, serão cada vez mais catastróficas e generalizadas.