Beleza

Proteína pode influenciar na saúde da pele e do cabelo?

Baixo consumo de proteína tem papel importante na autodestruição das células, causando problemas como queda de cabelo, acne, pigmentação, melasma, envelhecimento prematuro e doenças cutâneas.

blonde hair person adult female woman brown hair
Foto: Reprodução/Instagram @jesshunt2

O consumo alimentar desempenha um papel crucial na nossa saúde, sendo frequentemente associado tanto a doenças quanto à prevenção de diversas patologias. A chave para essa relação está no equilíbrio nutricional, fornecendo ao organismo os nutrientes na quantidade e qualidade necessárias.

Entre os diversos nutrientes que impactam nossa saúde, a proteína se destaca como um elemento de grande importância, especialmente quando se trata da saúde da pele. De acordo com o dermatologista Dr. Renato Soriani, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Mestre em Dermatologia pela USP, a adequação no consumo de proteínas tem um impacto direto na prevenção de condições como a autofagia desregulada, que pode afetar a pele de maneiras significativas. "Problemas como rugas, flacidez, manchas e até queda de cabelo estão frequentemente relacionados à falta de proteína", afirma o especialista.

Além disso, ele destaca que o termo Carb Face foi criado por cientistas para descrever pessoas que consomem menos proteínas do que o recomendado e acabam desenvolvendo condições como acne, melasma e envelhecimento precoce. Esse equilíbrio proteico, segundo Dr. Soriani, também tem influência direta nos resultados estéticos de tratamentos dermatológicos, tornando-se um fator essencial para a saúde e aparência da pele.

 

Por que a baixa ingestão de proteína é um problema?

“Na verdade, toda carência nutricional pode acarretar um problema de pele e de cabelo, mas o consumo proteico aquém do necessário é o que mais vemos na prática.  As proteínas são formadas a partir de um conjunto de aminoácidos. Dentre as principais funções das proteínas estão as funções estruturais como a estrutura de órgãos internos, construção da pele e anexos, tecidos em geral e músculos. O colágeno, encarado como a ‘fonte da juventude’, é uma proteína. A queratina que compõe cabelos, unhas e pele também é proteína. Por isso que ela é tão importante para a saúde e beleza”, explica a Dra. Lilian Brasileiro, médica membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

 

Em 2019, um estudo do Indian Dermatology Online Journal mostrou que a carência de aminoácidos está envolvida na autofagia desregulada das células da pele e do cabelo. “Ou seja, em um cenário de baixa proteína alimentar, há um maior risco de desenvolvimento de problemas estéticos e doenças dermatológicas”, diz o dermatologista. Nessa pesquisa 68,4% dos entrevistados ingeriam menos da metade da dose diária recomendada de proteínas e enfrentava problemas como queda de cabelo, acne, pigmentação, vitiligo, hirsutismo, melasma e envelhecimento prematuro. Imagens histopatológicas da área submentoniana mostraram colágeno solto e fragmentado no grupo rico em carboidratos em comparação ao grupo rico em proteínas, onde feixes espessos e uniformemente corados de colágeno foram encontrados na derme”, diz o Dr. Renato. “A histopatologia do tecido do couro cabeludo mostrou uma inflamação folicular e fibrose no grupo rico em carboidratos, que estava ausente na amostra histopatológica do grupo rico em proteínas”, acrescenta a Dra. Lilian. “Uma dieta pobre em nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e proteínas, pode levar ao enfraquecimento dos fios e à queda de cabelo”, completa a médica.

O dermatologista explica que, no corpo, existem dois processos bioquímicos básicos: anabolismo e catabolismo. “O anabolismo se refere à síntese e construção de moléculas e tecidos, enquanto o catabolismo é uma reação de decomposição e quebra. Os cientistas notaram que, sem a disponibilidade simultânea de todos os aminoácidos, nenhuma síntese de proteína ocorre e a primeira resposta metabólica é o catabolismo para manter a integridade da maquinaria proteica das células e tecidos. Ou seja, o corpo começa a consumir as proteínas estruturais e isso causa um envelhecimento geral”, diz o Dr. Renato. “A falta de conscientização sobre alimentação pode resultar em um consumo alimentar inadequado, o que causa impacto direto na pele de diversos pacientes”, acrescenta. “A baixa ingestão proteica pode ocorrer simultaneamente à alta ingestão de carboidratos, o que pode ajudar no desenvolvimento da acne. A ciência já tem bem estabelecido que uma dieta de alto índice glicêmico e baixa proteína pode levar à hiperinsulinemia e uma cascata de gatilhos endócrinos como aumento do fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1) e andrógenos, resultando em acne”, diz o dermatologista.

A Dra. Lilian ressalta que, além da ingestão adequada de aminoácidos para fornecer substratos para formação de colágeno, é fundamental ingerir alimentos como a vitamina C, um cofator para síntese dessa estrutura, bem como a neocolagênese.

 

Por fim, os médicos afirmam que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as pessoas que não praticam atividades físicas consumam entre 0,8 e 1 grama de proteína por quilo de peso. Ou seja, uma pessoa de 100kg deveria consumir até 100g de proteína por dia. “É importante lembrar, no entanto, que 100g de peito de frango grelhado, por exemplo, não contém 100g de proteína e sim 30g de proteína. Então, em muitos casos não é tão simples bater essa meta. No caso de praticantes de atividade física, esse valor pode chegar a 2g/kg. E para bons resultados em procedimentos estéticos, também pode ser indicado manter a proteína mais alta para que ocorra a formação de colágeno. Dependendo da rotina do paciente, pode ser interessante a suplementação, com orientação do médico ou nutricionista”, diz o Dr. Renato Soriani.

O médico destaca que para rejuvenescer a pele de pacientes “Carb Face”, é necessário adequar o consumo de proteína e lançar mão de estratégias tecnológicas como Oligio-X, uma radiofrequência que estimula colágeno, combinada ao bioestímulo injetável. “Dependendo do paciente, técnicas como o Lipoglow também pode ser usadas, pois além de recuperar o volume perdido com a injeção de gordura autóloga (do próprio paciente), a técnica melhora a qualidade da pele, promovendo a regeneração celular e estimulando a produção de colágeno e elastina”, detalha o médico. “Já para o crescimento capilar, alimentos como frutas, vegetais, peixes, nozes e sementes são benéficos para o cabelo. Somente depois de otimizar a alimentação, faz sentido o uso de suplementos. Em clínica, utilizamos técnicas de Medicina Regenerativa e lasers para o crescimento dos fios”, finaliza a Dra. Lilian.

 

Tags

Posts recomendados