Paris: a Cidade Luz volta a brilhar!
Com fronteiras livres e suspensão de medidas adotadas para a pandemia, viajar para Paris é a meta da vez — saiba o que fazer na capital mundial da moda
Paris do luxo, Paris das grandes maisons. Da gastronomia de excelência, dos cenários de filme. A cidade que tem luz no nome e “boa ideia” no slogan extra-oficial. Destino incansável e sem erro que une a tradição e o avant-garde, a riqueza literal à elegância despretensiosa, salto alto e flat, cosméticos de ponta e coque bagunçado.
Minha última vez na cidade — primeira depois que as fronteiras francesas foram reabertas para brasileiros vacinados — foi no final do ano, durante o delicioso frescor de outono e com a inquieta curiosidade de como o lugar mais bonito do mundo se encontrava depois do longo hiato que paralisou o turismo mundial. Que felicidade encontrar um destino tão amado, completamente revitalizado, efervescente e muito bem frequentado, com clássicos intactos e novidades dignas de atenção.
A Torre Eiffel, por exemplo, continua lá: hipnotizante, majestosa, ímã instantâneo e um referencial e tanto para os principais endereços da cidade (especialmente durante o show de luzes com 20.000 lâmpadas que brilham diariamente, de hora em hora, desde o pôr do sol). Quem quiser contemplá-la de novos ângulos pode fazer reserva no japonês Mun, com entrada pela Champs-Élysées, décor florido e menu nada óbvio assinado por Earl Roland Puse (ex-Coya), e no italiano Gigi, em um rooftop da Avenue Montaigne com poucas, mas boas opções de burratas, massas e doces típicos do país vizinho. É ainda possível avistar a dama de ferro a partir do recém-inaugurado (e très festejado) Cheval Blanc, às margens do rio e na altura do premier arrondissement. O hotel de selo LVMH conta com elevadores futurísticos e restaurantes obrigatórios como o Plénitude, do três estrelas Michelin Arnaud Donckele, e a Langosteria, sucesso em Milão desde 2007.
Sim, daria para escrever um livro todinho sobre a requintada gastronomia parisiense, com participação de outros incontáveis bistrôs premiados: L'Atelier de Joël Robuchon, Epicure, Le Maurice Alain Ducasse, L'Oiseau Blanc… Mas voltemos aos monumentos. Venerados internacionalmente, eles vão ganhar ainda mais holofotes em dois anos, no start dos Jogos Olímpicos de 2024. A programação parisiense está nada menos que imperdível, com direito a maratona aquática no Sena, basquete na Place de la Concorde, tiro com arco no Hôtel des Invalides, hipismo no Palácio de Versailles e ciclismo na Champs-Élysées, com passagem pelo Arco do Triunfo.
Por pouco não peguei o imponente arco embrulhado com 25 mil m² de tecido, uma obra póstuma do artista plástico búlgaro Christo Javacheff que custou mais de 80 milhões de reais. Mas deu para curtir (bem) a noite do L’Arc, um clube bastante animado com vista direta para o ícone que homenageia os heróis de guerra franceses. Um pouco mais afastadas dali, as baladas Raspoutine e Matignon também retornaram a todo vapor, com entrada mediante a apresentação de comprovante de vacinação — medida que acaba de ser suspensa pelo governo devido ao recuo de casos da doença no país. Usar máscara só segue como lei nos transportes públicos, uma beleza!
O arco encomendado por Napoleão em 1806 marca o final da luxuosa Champs-Élysées, que unida às avenidas Marceau e Montaigne formam o Triângulo de Ouro. Curiosidade: ter sede nesta preciosa área é requisito básico para uma maison ser considerada haute couture. Produzir criações sob medida e exclusivas, de apenas um modelo por cliente, contar com pelo menos vinte artesãos em tempo integral e apresentar ao público uma coleção de ao menos 50 modelos originais nas duas principais estações (verão e inverno) são mais requisitos. Membros permanentes do sindicato, Chanel, Dior e Givenchy contam ainda com lojas na Rue du Faubourg-Saint-Honoré, endereço onde passei esta temporada francesa. Espécie de Oscar Freire local (ou seria o contrário?), são dois quilômetros de extensão bem ocupados por boutiques e hotéis de luxo com muita história e boas peculiaridades. É o caso do cinco estrelas Le Bristol, cujo mais novo residente permanente é um gato. Isso mesmo, um gato!
Birmanês como o pai, o geminiano Sócrates é sucessor de Fa-raon, que esteve na mesma posição por onze anos. Xodó da casa, ele possui aposento próprio no térreo do hotel-palácio que completa centenário em 2025 e tem boa parte construída em um antigo convento das Irmãs da Boa Esperança. Claro que não se comparam aos aposentos principais — muitos deles renovados no final de 2018 — que são a cara de Paris: elegantes, iluminados e românticos. A suíte onde me hospedei, por exemplo, é decorada com uma imponente luminária fincada logo acima da cama estilo Luís XVI e cercada por poltronas e armários com espaço para uma mudança completa (nada mal morar ali!).
Foi uma delícia estar ali no outono, mas a melhor estação para se hospedar no Le Bristol é, sem dúvida, a primavera. É a época que o famoso jardim privado do hotel fica lindamente florido e colorido. Construído em 1924 e remodelado em 2011, o prédio combina o estilo imperial com conforto contemporâneo. O menu de serviços é amplo e inclui aulas de fitness e técnicas variadas de massagem para relaxar entre compras na Faubourg-Saint-Honoré. Já o menu dos restôs, assinados por Eric Frachon, são dignos de degustação diária — amei o ovo trufado do café da manhã à la carta e o club sandwich do chá da tarde do Antonia, café requintado aberto ao público que não está hospedado no hotel. Tem décor com papel de parede exclusivo, vista para o jardim e um retrato original de Maria Antonieta, o único fora do Palácio de Versailles
Paris também é pura arte que não se restringe aos museus pagos. Luxo dos luxos é ter uma cidade inspiradora a cada esquina. Absolutamente sempre uma excelente ideia.