Copacabana Palace: cem anos de charme
Belmond Copacabana Palace celebrou o centenário no mês de agosto e mantém a atmosfera imponente e glamourosa.
Foi entre as décadas de 1920 e 50 que o Rio de Janeiro viveu seu maior esplendor, com suas belezas naturais e cassinos atraindo gente do mundo inteiro. Dessa energia, surgiu o Copacabana Palace.
A ideia de construir um hotel glamouroso na Cidade Maravilhosa foi do então presidente Epitácio Pessoa. Para dar corpo ao projeto, convocou-se o arquiteto francês Joseph Gire, que teve como inspiração os hotéis Le Negresco em Nice e o Carlton em Cannes – ambas grand dames da Europa. O profissional viria a assinar também os projetos do Palácio das Laranjeiras e do antigo Hotel Glória.
Dono de um passado renomado e de um futuro promissor, o Copa, como é carinhosamente chamado, comemora 100 anos no dia 13 de agosto. A data será celebrada em grande estilo com uma festa com duração de três noites entre os dias 17 e 20 de agosto. A programação inclui de jantar de gala black-tie a assentos exclusivos para os hóspedes na segunda temporada do espetáculo Copacabana Palace, o Musical, idealizado por Gustavo Wabner e que reinaugurou o histórico teatro do hotel, fechado desde 1994.
O espaço com 332 lugares contará, ainda, com palestras, apresentações e shows durante todo o semestre. Também será exibido um renovado Hall da Fama, onde ficam as fotos assinadas por hóspedes ilustres, para dar holofote às muitas estrelas que já se hospedaram no local.
Guardado no cofre do hotel, o Livro de Ouro traz dedicatórias de Santos Dumont, princesa Diana e Nelson Mandela, entre outros. A programação não para por aqui. Na área de gastronomia, em setembro, Jefferson e Janaina Rueda, do restaurante paulistano A Casa do Porco – premiado com o 7º lugar na lista dos 50 Best Restaurants – estarão na cozinha do Ristorante Hotel Cipriani.
Já em outubro será a vez de Tássia Magalhães, do Restaurante Nelita – também parte da lista dos 50 Best da América Latina. E, em novembro, sai o livro com imagens e histórias do Copa – como a era dourada de Hollywood, os coloridos bailes de Carnaval e os diversos ritmos da cidade que o cerca – pela editora Vendome, com textos da escritora de viagens Francesca Matteoli e fotos de Tuca Reines. Faz parte das comemorações a reestilização da piscina.
Projetado pelo arquiteto carioca Ivan Rezende, que também redesenhou o Teatro Copacabana Palace, em 2021, o espaço será modificado com novos guarda-sóis, espreguiçadeiras e tecidos temáticos. No ano que vem, a parceria firmada com a Casa Amarela – centro de apoio social, educacional e artístico do Morro da Providência – promete novas ações, como a atuação dos chefs do hotel na elaboração de cardápios nutritivos para as crianças. São ativações que fortalecem o envolvimento do
hotel com o Rio.
Localizado na Avenida Atlântica, em frente à famosa praia de Copacabana, ele tem sido, ainda, um significativo pano de fundo para momentos históricos e culturais da cidade ao acolher reis, rainhas, presidentes e celebridades. O salão Golden Room, inaugurado nos anos 1930, primeira casa de espetáculos da América Latina, foi palco para nomes como Dionne Warwick, Josephine Baker, Edith Piaf, Ella Fitzgerald, Ray Charles e Nat King Cole.
Em 1989, o Copacabana Palace foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) – e adquirido pelo grupo Orient Express, hoje Belmond – e, em 2019, o complexo de turismo de luxo se uniu ao grupo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton.
Desde seu tombamento, passou por várias reformas, manteve sua personalidade e charme, mas adotou toques contemporâneos. Em 1994, o Ristorante Hotel Cipriani abriu e, um ano depois, a quadra de tênis foi construída. Em 1996, foi construída uma piscina exclusiva para os hóspedes do sexto andar, a Black Pool, e, dez anos depois, os salões do antigo cassino foram reabertos.
Em estilo eclético, o hotel foi construído pelos empresários Octavio Guinle e Francisco Castro Silva quando a praia de Copacabana ainda era deserta. Os dois salões principais lembram o estilo francês do século 19 com mármores nas cores branco e rosa. Tapetes orientais, vidros belgas, mármore de Carrara e cristais da Boêmia também entraram na ambientação. A inauguração do lugar foi badalada pelo espetáculo C’est la Miss de Mistinguett, famosa vedete parisiense dona das mais bonitas pernas do mundo na época, seguradas em 1 milhão de dólares.
Aos poucos, o Copa foi ganhando os contornos que conhecemos hoje. A piscina foi construída em 1934, com projeto do engenheiro César Melo e Cunha, e posteriormente ampliada em 1949. Em abril de 1946, com a proibição dos jogos no país pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, o cassino foi transformado em casa de espetáculos e até 1949 foram acrescentados dois pavimentos ao prédio principal e a pérgula lateral sob supervisão do arquiteto Wladimir Alves de Sousa. Em 1953, o ator, cantor e humorista francês Maurice Chevalier inaugurou o salão Golden Room.
Pela sua importância e sua imponência, o Copa sempre esteve no roteiro de famosos em visita ao Rio. Nomes como Marlene Dietrich, Walt Disney, Michael Jackson, Madonna, grupo Rolling Stones, Tom Cruise, Catherine Zeta-Jones e Donatella Versace já se hospedaram lá. O playboy Jorginho Guinle, que viveu no hotel do tio até morrer, aos 88 anos, hospedou as namoradas famosas, como Marilyn Monroe e Jane Mansfield. E em se tratando de famosos, há vários casos pitorescos. A princesa Diana pediu para apagar as luzes da piscina para nadar discretamente. Paul MacCartney também passou por lá sem chamar a atenção.
Por outro lado, Janis Joplin nadou nua na piscina, o músico Alice Cooper e sua banda fizeram barulho arremessando pratos e comidas na suíte. Rod Stewart deixou um rastro de destruição jogando futebol no quarto. Ava Gardner foi outra celebridade que não poupou a decoração da suíte com ciúmes do namorado, Frank Sinatra. Já Brigitte Bardot não se hospedou, mas arrastou uma multidão ao visitar o Copa. O hotel também esteve na mira de Hollywood ao servir de cenário para o filme Voando para o Rio, de 1933, dirigido por Thornton Freeland e que marcou a primeira aparição da dupla Fred Astaire e Ginger Rogers.
Com sua fachada imponente, o Copa possui 239 acomodações, piscina semiolímpica e outra “secreta”, a Black Pool, no 6º andar, exclusiva para as sete suítes da cobertura, e um interessante polo gastronômico: o Pérgula reflete o clima descontraído do Rio, com vista para a piscina e a praia; o Mee, pan-asiático, tem estrela Michelin, assim como o Cipriani, com culinária típica italiana. No ano passado, o hotel Belmond Copacabana Palace foi reconhecido pelo World Travel Awards como o melhor do Brasil, pela 13ª vez, na categoria leading hotel e melhor suíte.