Viagem

Porque incluir Turim no roteiro da Itália?

Apresentamos motivos suficientes para sair da rota convencional...
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Já ouviu falar de Turim? Talvez por ser base da Juventus, atual time de Cristiano Ronaldo e elite do futebol há várias temporadas; ou por ter sediado os Jogos Olímpicos de Inverno de 2006? Apesar de grande — é a quarta maior da Itália —, a cidade definitivamente não está na lista de mais procuradas quando o assunto é turismo tradicional. A forte atmosfera industrial pode influenciar, mas não chega a apagar por completo a elegância discreta e os tempos áureos daquela que já foi capital de todo um reinado e endereço oficial da Rainha Margherita (sim, a mesma que inspirou o famoso sabor de pizza).

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(Foto: Divulgação)

O lugar prima pela localização: a noroeste do país, próxima à fronteira com a França e a Suíça, aos pés dos Alpes, no coração do Piemonte e a uma hora de trem de Milão, com voos diretos para as principais cidades europeias, já que constitui nada menos que um terço do complexo econômico-produtivo do país.

Castelos reais, casarões antigos e museus importantes seguem conservados e intactos de geração em geração, mantendo a tradição e os mais de 2.000 anos de história, que inicia antes mesmo de Cristo. Símbolo religioso dos mais importantes da Igreja Católica, o Santo Sudário, por exemplo, encontra-se desde 1578 em uma capela da Catedral de Turim. Já o Museo Egizio é o segundo mais importante do mundo, perdendo somente para o do Cairo. Símbolo e ponto mais alto da área, a Mole Antonelliana data de 1863 e funciona atualmente como sede do Museu Nacional do Cinema.

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(Foto: Arquivo Camila)
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(Foto: Arquivo Camila)

As atrações mais imperdíveis ficam no centro, e a dica é explorar (quase) tudo a pé, já que a maioria das vagas de estacionamento são proibidas, destinadas a moradores locais e sujeitas a multas and guincho. Superga e Venaria Reale, que são mais afastadas, mas imperdíveis, pedem carro.

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(Foto: Divulgação)

MANGIA CHE TE FA BENE

Invenções gastronômicas também são especialidades da cidade. É o caso do Bicerin, uma fusão de café, chocolate amargo e nata consumida por nomes célebres como Ernest Hemingway, Pablo Picasso, Umberto Eco e Friedrich Nietzsche, que chegou a morar na cidade. As medidas e o modo de preparo da receita original da bebida, guardada a sete chaves, é servida exclusivamente no Caffè Al Bicerin (Piazza della Consolata, 5).

Mais patrimônios gastronômicos made in Turim: o plin, um tipo de massa curta feita à mão e recheada com carne de primeira, especialidade de Lidia Alciati e servida no excelente Taverna del Re e a gianduia, doce que leva 70% chocolate e 30% creme de avelã produzido na região desde 1600 e popularizado pela Ferrero em 1963, ano em que aconteceu o lançamento da mundialmente idolatrada Nutella. Até hoje pequenos produtores de chocolate são incentivados pelo sucesso do blend e se encontram anualmente no festival de chocolate Cioccolatò, sempre em novembro. Curiosidade: os legados do centenário café Lavazza e do gigante global Eately também foram iniciados aqui!

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(Foto: Divulgação)
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(Foto: Divulgação)

A valorização da culinária local é o mínimo que se espera de uma área tão rica em ingredientes espetaculares que mal precisam de receitas elaboradas para agradar os mais exigentes paladares: a farinha especial que deixa qualquer massa mais leve, o manjericão extra perfumado que ressalta o sabor e embeleza o prato, os tomates frescos e deliciosos in natura, o avelã que é transformado em pasta doce, as uvas premium que produzem alguns dos melhores vinhos existentes na Terra (Barolo, Barbaresco, Barbera) e as mais que desejadas vedetes regionais: trufas brancas e negras, disponibilizadas pela natureza anualmente, de setembro a dezembro, em um raio de aproximadamente 60 quilômetros. Acompanhar os cachorros treinados na caça às trufas é uma das brincadeiras mais divertidas do outono. Degustá-las na Fiera Internazionale del Tartufo Bianco, logo ali em Alba, igualmente.

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(Foto: Divulgação)

Quem é bom de garfo vai à loucura nos restaurantes familiares, onde todos (leia-se pai, mãe, filhos, filhas, genros, noras) literalmente colocam a mão na massa para fazer o negócio funcionar com excelência. Não raramente, o resultado é reconhecido com prêmios mil. A família Alciati (mesma de Lidia, do plin) é um belo exemplo de amor genuíno pela gastronomia, além de ser mestre em receber. Pioneiros, abriram o Guido Ristorante no vilarejo de Costigliole d’Asti, arredores da metrópole, com um conceito bastante incomum para a época (1960): culinária de mercado ligada à tradição e à sazonalidade, com receitas feitas com matérias-primas sempre frescas. Sessenta anos mais tarde, o espaço continua oferecendo tradição, estação e memória com extras bem valiosos: uma estrela Michelin e dois garfos Gambero Rosso.

Por falar em restaurante estrelado, recomendamos de olhos fechados o Vintage 1997, há quinze anos ininterruptos premiado com uma estrela Michelin. Fica na central Piazza Solferino e tem ambiente elegante, com muitos detalhes em veludo vermelho e menu adaptado ao gosto do freguês (a seleção de pratos típicos piemonteses — salada russa, carne crua, vitela com atum — é perfeita para a melhor e mais sofisticada experiência local). É o proprietário Umberto Chiodi Latini quem recebe e ajuda a servir as iguarias sugeridas de forma bastante customizada, tudo perfeitamente harmonizado com os vinhos mais apropriados.

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(Foto: Divulgação)

E já que o assunto se estendeu em comes & bebes, finalizamos citando mais restôs must go (e sem erro!) na eterna capital do Ducado de Savoia: Contesto Alimentari, Gaudenzio, Luogo Divino, Carlina Restaurant & Bar e Mare Nostro. Buon appetito!

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(Foto: Divulgação)

Quando ir

Itália é, sim, destino para o ano inteiro. Turim não. No alto verão os locais partem em peso para o litoral e muitos restaurantes fecham. A cidade chega a ficar praticamente deserta em Agosto. No alto inverno, faz muito frio e dá aquela preguiça de sair de casa (ou hotel, no caso dos visitantes). A melhor saída é partir para os Alpes, um deleite para quem curte esquiar – a estação mais próxima, Bardonecchia, fica a menos de uma hora de carro dali. Um pouco mais à frente está a bem frequentada Sestrière, hypada pela poderosa família Agnelli, fundadora da FIAT. Ideal mesmo é ir para o destino nas estações intermediárias, muito mais agradáveis e com atividades que vão de jogos de futebol da Champions League e corridas de bike (o Giro d’Italia passa por várias cidadezinhas próximas) aos mais variados festivais e eventos de arte contemporânea, cinema e gastronomia.

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(Foto: Divulgação)

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