Saudades de viajar? Quarentena no México pode ser a solução
Apesar de grande parte das fronteiras seguirem fechadas para brasileiros, viajar ainda é possível — inclusive para destinos que à primeira vista têm sido mais casca grossa de entrar, como os Estados Unidos. Não, não descobrimos uma forma mirabolante de enganar a segurança nacional americana, muito menos estamos promovendo algo contra a lei. Nosso objetivo aqui é mostrar uma forma legal e segura de carimbar o passaporte em caso de necessidade: 14 dias cheios no México.
Embora existam outros países que continuem aceitando brasileiros, o México apresenta diversas vantagens como a isenção de vistos, a conveniência do idioma, a proximidade com os Estados Unidos, os custos relativamente baixos e os voos diretos. A falta de restrição de entrada no país de Frida Kahlo também facilita o processo: a única obrigação é o preenchimento de um formulário online de saúde e bom senso, é claro.
Uma vez dentro, as possibilidades para passar o tempo exigido são incontáveis (quem conhece sabe que o lugar é riquíssimo culturalmente, podendo muito bem ser cogitado como destino único). Mas melhor não circular demais, tendo sempre em mente que o objetivo final, neste caso, é ter o exame de PCR negativo para seguir viagem — ser consciente é a chave para que o turismo não desabe de vez e a gente ainda possa conhecer os cantos mais pitorescos da nossa bucket list.
Escolher um ou dois hotéis para toda a temporada mexicana é confortável e inteligente. Four Seasons foi nossa escolha na caótica Cidade do México. A propriedade é o verdadeiro significado de oásis — não chama a atenção por fora, onde carros fazem disputa de quem buzina mais alto, mas tem um interior fantástico, silencioso, com direito a restaurante e bar muito bem frequentados e um jardim dos sonhos com o qual é possível se deparar todas as manhãs ao acordar (vide fotos). O ambiente bucólico e espaçoso tem ares de lar, com o plus do serviço cinco estrelas já esperado do selo Four Seasons, incluindo a cama mega confortável que segue o mesmíssimo padrão de qualidade (leia-se mesma marca, mesmo lençol, mesmo edredom, mesmo tudo) em todas as unidades do mundo.
Fincado no Cuauhtemoc, um dos bairros mais elegantes da décima maior cidade do mundo, é também próximo a Polanco e Roma, duas outras áreas bastante arborizadas e com excelentes opções de lojas e restaurantes. Mas é La Condesa, a quinze minutos de carro dali, que ganhou nosso coração durante a semana na cidade. Os arredores do Parque México merecem caminhada logo pela manhã, quando ainda não há aglomeração de pessoas e de cachorros das raças mais diferentonas (eles começam a pipocar aos poucos, é lindo de ver).
Vale ainda separar o arsenal de prevenção ao vírus para dar check na casa que Frida dividiu com Diego Rivera entre 1929 e 1954, aberto a quem garantir ingresso pela internet e chegar em horário predeterminado. As fotos pessoais misturadas com obras, camas originais, miniestúdio de arte (o maior fica a algumas quadras dali), biblioteca invejável e looks pra lá de criativos usados pela musa mexicana são de fazer qualquer fã se emocionar.
QUARENTENA - PARTE 2
Dividimos nosso tempo em solos mexicanos na melhor novidade de Playa del Carmen: Palmaïa, The House of AïA, aberto pouco antes do lockdown, em 2019, que virou refúgio seguro de viajantes prudentes e de quem optou por trabalhar de forma remota durante a pandemia — é o caso de um casal de americanos que está por lá há três meses com incentivo (inclusive financeiro) da empresa, olha que maravilha.
Assim como grande parte das hospedagens da região, trata-se de um resort: são 314 suítes de frente para um mar que parece de mentira, tamanha a perfeição, cada uma com terraço privativo e muito bem decorada em tons de verde e detalhes em madeira. Mas não estamos falando de qualquer resort. Isolado como os tempos atuais exigem, há diferenciais gritantes no Palmaia. Para começar, o lugar tem ares de comunidade hippie e poderia muito bem ser comparado aos melhores endereços de Tulum. Tem também luxo na medida, comida deliciosa nos quatro restaurantes e no room service (boa parte é plant-based da melhor qualidade), Wi-Fi potente inclusive para videoconferências, e programação holística com rituais mil: cerimônias de cacau, ioga, cura através de sons vibracionais múltiplos, meditação, cerimônias de plantas e práticas antigas que inspiram reflexão, exploração e conexão — tudo liderado pelo Xamã Balder.
O lugar ainda conta com três cenotes e spa na selva, o Atlantis, também com cerimônias tradicionais antigas como o Temazcal. Nada mal dividir o tempo de isolamento entre trabalho e cuidados com o corpo e a mente!
Ambos hotéis citados disponibilizam teste de PCR e de antígeno para todos que seguirem viagem aos Estados Unidos ou retornarem ao Brasil. É bom lembrar que a entrada em terras norte-americanas não é garantida após a quarentena — a imigração americana reserva-se ao direito de negar a entrada por qualquer outro motivo, como já ocorria antes da pandemia. Além disso, as regras de entrada podem mudar a qualquer momento. O ideal é se informar sempre antes de embarcar.