Envelhecimento da pele: como a alimentação pode influenciar?
Nem remédio, nem veneno! A alimentação, quando equilibrada, é capaz de fornecer nutrientes essenciais para a pele, mas alguns excessos podem ser o fator principal do envelhecimento cutâneo. Saiba tudo sobre o assunto!
Adotar uma rotina de skincare regrada e lotar as prateleiras com produtos para prevenção do envelhecimento precoce da pele é mais do que comum. Mas você já se perguntou qual é a influência da sua alimentação nesse processo?
Segundo o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, dependendo do contexto alimentar ou de como é a dieta seguida, há uma influência positiva ou negativa dos alimentos na pele ligada principalmente a três processos: oxidação (maior produção de radicais livres), inflamação e glicação (endurecimento das fibras de colágeno por excesso de açúcares na dieta), que estão ligados diretamente ao aparecimento acentuado de rugas, flacidez e manchas.
Porém, não pense que tudo está perdido! Alguns outros alimentos também podem ajudar a tratar essas mesmas alterações. Uma pele bonita e saudável depende de uma rotina de cuidados, claro, o famoso skincare, mas os hábitos de vida também contam muito – e a dieta principalmente.
Pensando nisso, com a ajuda de um especialista explicamos tudo sobre esses três processos e como usar a alimentação a favor da sua pele. Confira!
Oxidação
Um dos mais importantes mecanismos do processo de envelhecimento é, sem dúvidas, o estresse oxidativo. “Nosso organismo está acostumado a lidar com radicais livres, mas quando há uma produção exagerada deles o nosso sistema antioxidante natural não é capaz de combater. Como resultado, sofremos com alterações nas funçõo das células, até mesmo no DNA celular, e isso culmina no envelhecimento precoce, com aparecimento de manchas, rugas e flacidez – pela perda de função das proteínas de sustentação”, explica o Dr. Daniel.
A oxidação é um processo que é muito influenciado pela exposição solar desprotegida, mas o tabagismo, o álcool, a poluição e, também, a dieta têm forte influência nisso. “Na dieta, alimentos de alto índice glicêmico, como carboidratos, farinhas e açúcares, são rapidamente digeridos pelo organismo e transformados em glicose no sangue, provocando assim um pico de glicemia. Para reequilibrar esse alto nível de glicose no sangue, o organismo aumenta a produção de moléculas que podem se transformar em radicais livres. Se o consumo excessivo de carboidratos é constante na alimentação, ocorre um processo denominado como estresse oxidativo, que desencadeia mais problemas, ao ativar diversas vias inflamatórias no organismo e contribuir para a inflamação crônica”, explica o dermatologista. Ou seja, o primeiro processo está diretamente ligado ao segundo.
Inflamação
Naturalmente, nosso organismo utiliza-se da inflamação para se proteger, mas quando há o estresse oxidativo no organismo, a todo momento são liberados mediadores pró-inflamatórios. ''Nesse caso, o perfil inflamatório no organismo aumenta e existem alimentos que contribuem para esse aumento da inflamação, principalmente aqueles ricos em gorduras trans, frituras de imersão e carboidratos de alto índice glicêmico. As vias inflamatórias são ativadas e podem desencadear diversos problemas de pele, desde irritação, vermelhidão até fraqueza da função de barreira, aumentando a suscetibilidade para o aparecimento de rugas. A inflamação constante por meio da dieta também está ligada a danos teciduais que estão envolvidos no surgimento de rugas, flacidez, manchas e linhas de expressão”, explica o dermatologista.
Glicação
Como se não bastasse, o alto consumo de carboidratos que favorece o estresse oxidativo também faz com que as moléculas de açúcar reajam com as proteínas de sustentação do organismo, principalmente o colágeno, gerando o que é chamado de AGE’s (produtos finais da glicação avançada) em um processo conhecido como glicação.
“Na glicação, as moléculas de glicose se unem às proteínas de elastina e colágeno, responsáveis pela firmeza da pele. Com isso, elas ficam endurecidas e se quebram, o que aumenta o processo de envelhecimento da pele e a flacidez”, explica o Dr. Daniel. “Nesse caso da glicação, é como se o açúcar endurecesse o colágeno, fazendo com que ele perca sua capacidade de sustentação e mobilidade”, conta.
Mas é possível usar a dieta para combater e neutralizar esses três processos? De acordo com o Dr. Daniel Cassiano, sim!
“Para o combate do estresse oxidativo, existem diversos alimentos que possuem capacidade antioxidante, principalmente aqueles ricos em Vitamina C, Vitamina E, oligoelementos, selênio, zinco, carotenoides e polifenóis como resveratrol. Porém, ainda que nutrientes isolados sirvam como antioxidantes, o ideal é investir em alimentos que sejam ricos em uma grande variedade dessas substâncias. Um alimento sozinho não surtirá efeito”, explica o médico. “Os temperos e ervas também podem ser usados, pois são ricos em antioxidantes. Além disso, frutas vermelhas e vegetais de todas as cores, no geral, também figuram entre alimentos que contêm antioxidantes em quantidades médias e altas”, afirma.
Para combater a inflamação, alimentos como açafrão (cúrcuma), chá verde, chá preto, gengibre, alho e cebola podem ser usados. “Nutrientes como fibras, magnésio, vitamina D e Ômega-3 também já foram destacados em estudos devido a seus efeitos anti-inflamatórios. É possível acrescentar nessa lista também os alimentos e suplementos pré e probióticos, que melhoram o perfil inflamatório do organismo como um todo, por meio da manutenção da flora intestinal”, diz o médico.
Também é possível combater a glicação: “As fibras são essenciais, além do consumo proteico adequado. Ambos conseguem controlar a velocidade dos picos de açúcar no sangue. Limitar os açúcares traz um efeito altamente benéfico”, diz o médico. Produtos integrais, leguminosas, frutas e verduras, fazem parte da estratégia que vai limitar a hiperglicemia. Alimentos como canela, alho, erva mate, tomate, gengibre, cominho, pimenta do reino e chá-verde possuem propriedades antiglicantes, sendo assim ideais para combater os processos bioquímicos de glicação, segundo o médico.
“Para aqueles que desejam um envelhecimento saudável da pele e do corpo, o ideal é apostar em uma dieta que incorpore essas três estratégias, combatendo esses processos que são extremamente interligados. Porém, algumas alterações precisam ser tratadas após avaliação dermatológica, já que o médico poderá prescrever suplementos e tratamentos de acordo com a necessidade do paciente”, finaliza.
Sobre o Dr. Daniel Cassiano: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutor em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.