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Enxaqueca: principais tratamentos e como evitar

Especialistas explicam as principais causas da enxaqueca e apontam os tratamentos mais eficazes para aliviar a doença

Mulher sentada com as mãos nas têmporas e olhos fechados, simulando dor de cabeça
Foto: Pexels

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca é a segunda maior causa de incapacidade no mundo. No Brasil, ela acomete 15% da população e, só na região sudeste, 30% das mulheres sofrem com a doença, sendo mais frequente no público feminino.

“A enxaqueca é uma das doenças neurológicas mais comuns. Ela é caracterizada por crises recorrentes de cefaleias (dores de cabeça), associados a sintomas que duram de 4 a 72 horas”, explica a Dra. Camila Fedato Batalha, neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia e Neurofisiologia Clínica. “A dor geralmente é unilateral, pulsátil e piora com o esforço”, acrescenta.

Enxaqueca afeta a qualidade de vida

adult female person woman pain face head
Foto: Pexels

Caracterizada como uma doença complexa e que apresenta um conjunto de sintomas – entre eles a dor – a enxaqueca afeta diretamente a qualidade de vida de uma pessoa. “Para você entender o impacto disso, um estudo brasileiro mostrou que os pacientes que sofrem de enxaqueca demoram 17 anos para chegarem a um serviço especializado e tratarem a doença. Isso gera um grande impacto, porque as pessoas perdem trabalho, perdem produtividade e se sentem afetadas até mesmo na área emocional”, alerta a Dra. Sara Casagrande, neurologista especializada em cefaleias e toxina botulínica neurológica e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

Dra. Sara afirma que a inflamação dos nervos cerebrais acaba estimulando outras áreas do nosso corpo e pode gerar sintomas como irritabilidade, ansiedade, lentificação de pensamento, bocejos excessivos, rigidez no pescoço, distúrbio de sono, perda de apetite ou aumento do apetite.

Outros sintomas típicos de pessoas com enxaqueca são: náuseas, vômitos, hipersensibilidade à luz, aos sons e a certos odores, agitação e formigamento no corpo.

Entenda o diagnóstico de enxaqueca

Mulher sentada no chão com uma das mãos na cabeça e expressão de dor
Foto: Pexels

O diagnóstico da enxaqueca é totalmente clínico. “Ele é baseado em uma boa anamnese, de acordo com as características dos sinais e sintomas do paciente, idade, frequência, caráter da dor, localização, intensidade, fenômenos precedentes e tempo de duração”, afirma Dra. Camila.

Em alguns casos, podem ser feitos exames para identificar se existem outros fatores interferindo na dor de cabeça acentuada. “A gente pode pedir exames para afastar causas secundárias”, pontua Dra. Sara.

Segundo a neurologista membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a linha do tempo de evolução da enxaqueca é feita especialmente para identificar os gatilhos que geram a cronicidade da doença. “Gatilhos emocionais, alterações de sono, alterações hormonais e o uso excessivo de analgésico podem afetar a situação de pacientes que tinham enxaquecas episódicas e que se tornaram crônicas”, explica.

Entre outros gatilhos que podem influenciar no estímulo da enxaqueca estão o fumo, o jejum prolongado, cheiros específicos (como de perfumes) e o consumo excessivo de açúcar, chocolate, embutidos, café e bebidas alcoólicas.

Principais tratamentos para a enxaqueca

Mulher sentada na frente do computador com as mãos na cabeça e expressão de incômodo
Foto: Pexels

O melhor tratamento para a enxaqueca leva em consideração as características da dor e a frequência das crises. Os mais comuns são feitos com o uso de medicamentos (antidepressivos, betabloqueadores, anticonvulsivantes, anti-inflamatórios), toxina botulínica e anticorpos monoclonais.

Segundo Dra. Sara, os tratamentos geralmente são associados para garantir uma melhora significativa, especialmente em pessoas com enxaqueca crônica – aquelas com dores acima de 15 dias no mês por pelo menos 3 meses. “Lembrando que nada disso é cura, mas são controles significativos de doenças gerando uma qualidade vida para esses pacientes. Não existe receita de bolo, não existe a dieta de enxaqueca. É muito importante identificar os gatilhos individuais”, alerta.

Botox para tratar enxaqueca

Mulher com uma das mãos na testa e expressão de dor no rosto
Foto: Pexels

A toxina botulínica foi aprovada no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o tratamento de enxaqueca crônica em adultos em 2011.

“O botox é uma medicação antiga, usada inicialmente na neurologia e na oftalmologia e só depois que ela migrou para a dermatologia. Mas infelizmente poucos médicos e pacientes conhecem essa indicação”, explica Dra. Sara Casagrande.

Segundo a neurologista, a principal hipótese do efeito do botox na dor de cabeça é o bloqueio das substâncias inflamatórias, produzidas pelos nervos periféricos. “Existem algumas evidências que o botox poderia ter inclusive algum efeito indireto central, por isso que esse paciente fica tão bem a longo prazo”, diz. Dra. Camila Batalha acrescenta que a toxina botulínica causa um efeito de relaxamento. “Ela paralisa pontualmente essa musculatura e suaviza a tensão na cabeça”, afirma.

A frequência de aplicação deve ser individualizada. No entanto, Dra. Sara afirma que incialmente a cada 3 meses é o mais indicado. “Lembrando que o efeito do botox é cumulativo, o período de 3 meses geralmente é espaçado conforme o tratamento avança”, acrescenta.

O botox deve ser evitado em pacientes grávidas, que estejam amamentando ou que tenham alguma lesão grave no local de aplicação. “Tirando isso, é uma medicação extremamente segura”, pontua a especialista.

Hábitos saudáveis previnem enxaqueca

Mulher sentada na frente do computador com fones de ouvido laranja e mãos nas têmporas simulando dor de cabeça
Foto: Pexels

“Além do tratamento medicamentoso, toxina botulínica e anticorpos monoclonais, devemos associar técnicas de relaxamento como massagens, acupuntura, yoga, terapia cognitivo comportamental, atividade física, regulação do sono e alimentação melhorando assim a qualidade de vida”, orienta Dra. Camila.

Ou seja, mudanças no estilo de vida são essenciais para evitar as crises de enxaqueca. Entre as principais recomendações, estão:

  • Não pular refeições;
  • Evitar alimentos e bebidas que possam provocar crises;
  • Praticar exercícios físicos regularmente;
  • Estabelecer horários para deitar-se e levantar-se;
  • Reservar algum tempo para o lazer e o relaxamento da mente.

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