Menopausa: encare a fase com longevidade e energia
As brasileiras entram na menopausa, em média, aos 52 anos. Com a população ultrapassando com muita energia a casa dos 65, é natural que mulheres não queiram mais encarar esse período maduro da vida como algum tipo de fim da linha, mas como o início de uma jornada cheia de energia. Protocolos multidisciplinares se consolidam como fortes aliados nessa busca.
Globalmente, estamos envelhecendo. Segundo dados do World Population Prospects, da Organização das Nações Unidas, até 2050 uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos. O que isso significa quando pensamos em saúde feminina? Entre inúmeros tópicos que necessitam de atenção, temas como climatério e menopausa precisam ultrapassar as costumeiras barreiras e os tabus que ainda persistem na sociedade, como serem uma fase cercada apenas de sintomas desagradáveis. Além disso, algo mais grave ronda o assunto, como mulheres se sentindo inúteis por não terem mais sua fertilidade, subjugando o papel feminino apenas como o de incubadoras. A verdade é que a vida da mulher madura pode ser muito prazerosa e ativa.
Pontos de atenção
A menopausa é a data após 12 meses da última menstruação. Isso significa que o ovário não voltará a produzir hormônios e que a mulher não menstruará mais. No climatério, período que a antecede, a menstruação fica irregular e mais escassa. E é nesse período que começam alguns sintomas, como irritabilidade, diminuição da libido, sono leve e declínio mais acentuado na perda de colágeno. “O impacto na pele é uma das principais reclamações das brasileiras. Segundo a Associação Americana de Dermatologia, cerca de 30% do colágeno da pele é perdido durante os cinco primeiros anos do climatério e 2% ao longo das duas próximas décadas”, comenta Beatriz Tupinambá, ginecologista. A médica ainda explica que a sarcopenia (perda de massa magra) está ligada à osteopenia (diminuição de massa óssea), dois pontos de atenção durante o climatério e menopausa. Isso ocorre por causa das quedas dos hormônios anabólicos nessa fase da vida. Outro problema que pode ocorrer na menopausa é o hipotireoidismo, o que pode fazer com que a mulher ganhe peso ou tenha dificuldade em perdê-lo. Mas entendendo como o corpo funciona, e onde ele é impactado com essa natural fase da vida, dá para viver plenamente no climatério e na menopausa.
Abordagem dos pés a cabeça
É interessante que a mulher já no climatério tenha um acompanhamento multidisciplinar – cuide da dieta, preferindo alimentos com menor potencial inflamatório, faça suplementação (se apresentar deficiências de vitaminas e minerais) e pratique exercícios físicos –, pensando nos anos que estão por vir. “A atividade não pode ser apenas aeróbica (caminhada ou corrida, por exemplo). A perda muscular, comum ao idoso, é minimizada com a intensificação de treinos de força (como a musculação)”, diz Beatriz, que também indica o controle de estresse e a reposição hormonal (se necessário). Sistemicamente, esses são os pilares para proporcionar qualidade de vida antes mesmo da menopausa chegar. Com isso, quando ela já se fizer presente, os sintomas terão menor impacto.
Alimentação faz toda a diferença
Para a nutricionista Ramiele Calmon, é necessário que a mulher madura adote uma alimentação anti-inflamatória. Para isso é necessário reduzir o consumo ou eliminar alimentos como leite, carne, glúten e industrializados. Claro que restringir completamente todos esses ingredientes não é o desejo de muitas, mas deixá-los menos presentes no menu, variando mais o que se come ao longo da semana, ajuda e faz com que haja pelo menos uma “redução de danos”, pois comida também é fonte de prazer e bem-estar, sabemos. É essencial incluir alimentos naturais ao prato também, como frutas, verduras e legumes, preferencialmente orgânicos.
Mitos do metabolismo lento
Quando o assunto é metabolismo, inúmeras são as dúvidas das pacientes, principalmente com um universo de informações (tantas delas “fake news”) circulando na internet. Segundo Isis Toledo, endocrinologista e metabologista, a tendência de aumento de massa gorda pode ocorrer até oito anos antes do fim definitivo da menstruação, bem como a redução da massa magra. Nessa fase também existe uma maior tendência de concentração de gordura abdominal, o que aumenta o risco de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2. “O efeito absoluto dessas mudanças, no entanto, é pequeno: na média, mulheres ganham 1,6 kg de gordura e perdem 0,2 kg de músculo. Mas isso não significa que o impacto seja idêntico em todas. Algumas podem ter efeitos mais pronunciados e clinicamente mais significativos”, diz Isis. A especialista conclui que não há evidências de que mudanças de estilo de vida e tratamentos para obesidade e doenças associadas funcionem menos nessa fase da vida, portanto. Assim como estudos recentes não mostram que o metabolismo como um todo é mais lento na menopausa. Sobre tratamentos com hormônios, Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista, diz que eles podem levar a uma melhora na composição corporal, com redução da gordura visceral. “No entanto, é fundamental lembrar que a terapia hormonal não é uma pílula ou gel mágico que vai consertar um estilo de vida ruim. A prática de atividade física, alimentação saudável, cuidados com o sono e o gerenciamento do estresse também desempenham papéis essenciais na prevenção do ganho de peso durante a menopausa”, ressalta.
Vida sexual em dia
O sexo não desaparece do cotidiano na maturidade, se assim a mulher optar. Existem diversas possibilidades para melhorar a saúde íntima no climatério e na menopausa, como o uso de vibradores, de lubrificantes de fórmulas mais naturais, de psicoterapia para debater certos medos sobre o corpo (e costumes) e até o uso de um laser íntimo. Esse último aparece em diversas clínicas de estética ou ginecologia despertando o interesse, como a plataforma batizada de Shelase. O equipamento em questão combina emissores de CO2 10600 e GaAs 1540 nm. Disparados ao mesmo tempo, separadamente ou em alternância, abrangem problemas como síndrome de relaxamento, atrofia e ressecamento vaginal e incontinência urinária leve. Já entre os ativos podemos citar o Damilib e o Jam Senses. O primeiro é originário do extrato de Damiana, planta nativa da América Central cujo propósito na suplementação oral é a melhora do desejo sexual. É indicado para mulheres após a menopausa como uma opção natural e não hormonal para aumentar o desejo e o prazer. O segundo, para uso externo, vem do jambu, planta típica da região Norte do Brasil. Atua melhorando quadros de falta de libido e vaginismo, além de auxiliar na lubrificação vaginal.
Paladar
A nutricionista Ramiele Calmon indica alguns nutrientes e alimentos benéficos para o corpo e a pele da mulher madura:
Coenzima Q10: possui efeitos positivos na textura e suavidade da pele. Pode ser encontrada em ovos, cereais, sementes (amendoim, nozes, grão de soja, pistache e feijão azuki), frutas, como laranja, morango e abacate e em vegetais.
Silício: mineral essencial para a síntese de colágeno, melhorando a resistência e elasticidade da pele. Encontramos na cevada, na aveia, no farelo de aveia e no farelo de trigo.
Vitamina C: antioxidante que desacelera o envelhecimento. Fontes ricas nesta vitamina incluem frutas cítricas, como laranja, limão, morango e kiwi.
Ômega-3: essencial para a vida, contribui para a síntese de massa muscular e a produção de colágeno, resultando em uma pele mais firme. Além disso, suas propriedades anti-inflamatórias auxiliam na prevenção do envelhecimento celular. Peixes como sardinha, atum e salmão são fontes significativas desse nutriente.
Todos os alimentos mencionados acima podem ser consumidos na pré-menopausa, menopausa e pós-menopausa.
Na pele:
Como as alterações de pele são uma questão importante para as brasileiras, não podemos deixar de falar como a tecnologia trabalha para que o nosso maior órgão não seja tão afetado durante o climatério e a menopausa. A Vichy, marca bastante recomendada por dermatologistas, tem um portfólio de mais de 20 anos de pesquisa sobre a menopausa, com mais de 30 estudos científicos e 10 publicações a respeito do tema. Com esses dados em mãos, a empresa criou uma plataforma digital para auxiliar remotamente mulheres por meio de um programa batizado de Menocoach. A ideia é apoiar e dar suporte na adaptação da menopausa. Além disso, conta com uma linha bestseller dedicada à mulher madura, chamada Neovadiol, desenvolvida com o auxílio de dermatologistas e ginecologistas. Os produtos têm como alvo problemas comuns dessa época da vida, como rugas, flacidez, perda de densidade, tom irregular e pele seca. Outra opção dedicada a essa faixa etária é o Creme Revitalizante Corporal Golden Care, da Adcos Dermocosméticos. Indicado para peles secas e maduras, especialmente para o período da menopausa e pós. Mais uma marca que atua no mercado da pele madura é a Evi. Brasileira, possui 15 anos de experiência na criação de produtos cosméticos para mulheres acima dos 40. A linha é cruelty-free e 0% parabenos, corantes, petrolatos e fragrância.