Exposi&ccedil;&atilde;o &lsquo;Everybody Talks about the Weather&rsquo;, na Fondazione Prada, re&uacute;ne arte e ci&ecirc;ncia para evidenciar a crise clim&aacute;tica

At&eacute; pouco tempo, a imagem que resumia a <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/hommes/boas-novas-principe-william-lanca-premio-multimilionario-para-o-combate-a-crise-climatica">crise global do clima</a> era a do urso polar sobre um peda&ccedil;o desprendido de um iceberg. Forte, com certeza, por&eacute;m distante a ponto de preocupar os mais conscientes. Mas os canais de Veneza completamente secos, em consequ&ecirc;ncia da falta de chuvas na Europa neste ano, j&aacute; aparecem como s&iacute;mbolo mais midi&aacute;tico de que o problema chegou at&eacute; n&oacute;s. N&atilde;o parece ser casual a cidade italiana abrigar a exposi&ccedil;&atilde;o Everybody Talks about the Weather, no pal&aacute;cio hist&oacute;rico de Ca&rsquo; Corner della Regina, sede da <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/fashion-week/prada-outono-2020-mini-bags-e-fringe-sao-uma-mulher-poderosa">Fondazione Prada</a>.

O evento visa explorar a sem&acirc;ntica do &ldquo;clima&rdquo; nas artes visuais, por meio de mais de cinquenta obras de artistas contempor&acirc;neos e uma sele&ccedil;&atilde;o complementar de pe&ccedil;as hist&oacute;ricas, tra&ccedil;ando as v&aacute;rias maneiras pelas quais a quest&atilde;o clim&aacute;tica e a evolu&ccedil;&atilde;o da sociedade nos moldaram &ndash; e como a Humanidade tem respondido a isso. Seguindo-se &agrave;s exposi&ccedil;&otilde;es Human Brains: It Begins with an Idea, apresentada em Veneza em 2022, e Cere anatomiche: la specola di Firenze | David Cronenberg, atualmente em andamento em Mil&atilde;o, este projeto representa outra tentativa de abordar desafios culturais mais amplos, empregando as ferramentas conjuntas da ci&ecirc;ncia e da cria&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica.&nbsp;

<h5 style="text-align: center;">O EVENTO VISA explorar A sem&acirc;ntica DO &ldquo;clima&rdquo; NAS artes VISUAIS, POR MEIO DE MAIS DE CINQUENTA OBRAS DE ARTISTAS contempor&acirc;neos</h5>

Desta forma, devemos adentrar o espa&ccedil;o expositivo levando, de m&atilde;os dadas, nossos lados racional e sens&iacute;vel. Ou seja, s&oacute; vamos entender o que est&aacute; ali utilizando a dupla lente da arte visual e da ci&ecirc;ncia. &Eacute; com esta responsabilidade que Everybody Talks about the Weather se espalha em dois n&iacute;veis, o t&eacute;rreo e o primeiro andar do edif&iacute;cio. Para tornar tudo mais acess&iacute;vel, foram inclu&iacute;dos quinhentos textos acompanhados de mapas, diagramas e outras representa&ccedil;&otilde;es gr&aacute;ficas. Assim, obras pict&oacute;ricas e gravuras de velhos mestres, como Gustave Courbet, Katsushika Hokusai, Plinio Nomellini e Carlo Francesco Nuvolone, conversam com trabalhos recentes ou in&eacute;ditos de artistas como Giorgio Andreotta Cal&ograve;, Theaster Gates e Beate Geissler &amp; Oliver Sann, estabelecendo uma continuidade ideal entre passado, presente e futuro. Ou, inversamente, provocando um curto-circuito entre vis&otilde;es opostas e no&ccedil;&otilde;es discordantes, como os desenhos a l&aacute;pis coloridos e diar&iacute;sticos do artista inu&iacute;te Shuvinai Ashoona justapostos a uma fotografia do pioneiro da arte conceitual alem&atilde;, Hans Haacke. O resultado, como desejado, assombra. Com 40 anos de intervalo, por meio de suas descri&ccedil;&otilde;es aned&oacute;ticas do fen&ocirc;meno da evapora&ccedil;&atilde;o, os dois artistas antecipam ou abordam abertamente a emerg&ecirc;ncia do aquecimento global.&nbsp;

E, se h&aacute; aquecimento, h&aacute; vapor. E nuvens, que desde tempos imemoriais assumem formas que nos fazem imaginar. S&atilde;o elas &ldquo;objetos&rdquo; de pura contempla&ccedil;&atilde;o est&eacute;tica ou anseio rom&acirc;ntico em uma entidade densa de significado pol&iacute;tico para Jitish Kallat, com seus estudos Rain, enquanto Pae White imita a natureza ef&ecirc;mera dos fen&ocirc;menos atmosf&eacute;ricos, introduzindo elementos de mist&eacute;rio e maravilhamento. Muitas nuvens? Dil&uacute;vio. O pintor queniano Richard Onyango e o artista haitiano Alix Oge criam duas varia&ccedil;&otilde;es da imagem arquet&iacute;pica da chuva incessante em uma escala diferente, gerando duas representa&ccedil;&otilde;es poderosas da for&ccedil;a incontrol&aacute;vel e assustadora da natureza.
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O belga Pieter Vermeersch exp&otilde;e duas pe&ccedil;as nesta mostra: no primeiro andar, uma nova obra incorporando um elemento geol&oacute;gico caracter&iacute;stico e, em seguida, uma interven&ccedil;&atilde;o cenogr&aacute;fica integrando oito r&eacute;plicas de obras hist&oacute;ricas de Giorgione, Pieter Brueghel, Hendrick Avercamp, Nicolas Poussin, John Constable, Caspar David Friedrich, William Turner e Claude Monet, para transmitir a evolu&ccedil;&atilde;o da influ&ecirc;ncia dos padr&otilde;es clim&aacute;ticos em mudan&ccedil;a na hist&oacute;ria da arte. Tamb&eacute;m dividida pelos dois andares de exposi&ccedil;&atilde;o est&atilde;o as obras de Jason Dodge, em que convida, em um piso, artes&atilde;os de todo o mundo a &ldquo;tecer fios da cor da noite e comprimento igual &agrave; altura da terra at&eacute; acima do clima&rdquo;. A segunda obra em exibi&ccedil;&atilde;o &eacute; composta em parte por abelhas mortas para invocar o espectro de um potencial &ldquo;apocalipse de insetos&rdquo; e o impacto catastr&oacute;fico que isso teria nos ecossistemas.&nbsp;

Com o filme subaqu&aacute;tico Deep Breath, o Raqs Media Collective (um grupo de artistas, profissionais de m&iacute;dia, curadores, pesquisadores, editores e catalisadores de processos culturais) documenta a busca de tr&ecirc;s mergulhadores por um fragmento de um antigo aforismo grego relacionado aos perigos do esquecimento &ndash; mais especificamente, a forma mais b&aacute;sica e mortal de amn&eacute;sia, o chamado &ldquo;esquecimento do ar&rdquo;. Este trabalho tamb&eacute;m evoca a condi&ccedil;&atilde;o catacl&iacute;smica de sua cidade natal, D&eacute;lhi, a capital mais polu&iacute;da do mundo. Al&eacute;m do cen&aacute;rio e das obras em quest&atilde;o, h&aacute; mais. Reserve o olhar para o design da exposi&ccedil;&atilde;o, assinado pelo est&uacute;dio 2x4, com sede em Nova York, e criado em colabora&ccedil;&atilde;o com o Te New Institute Center For Environmental Humanities (NICHE) da Universidade Ca&rsquo; Foscari, em Veneza. Tem conte&uacute;do para ver, assistir e, inclusive, ler. Neste sentido, uma s&eacute;rie de &ldquo;esta&ccedil;&otilde;es de pesquisa&rdquo; est&atilde;o prontas para apresentar mais de 500 livros, publica&ccedil;&otilde;es e artigos cient&iacute;ficos e uma sele&ccedil;&atilde;o de materiais em v&iacute;deo e entrevistas com acad&ecirc;micos e ativistas. O objetivo &eacute; oferecer aos visitantes que quiserem se aprofundar nas quest&otilde;es cient&iacute;ficas e culturais abordadas pela exposi&ccedil;&atilde;o as diversas fontes bibliogr&aacute;ficas da extensa pesquisa por tr&aacute;s da mostra.
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Projeto grandioso que, como tal, segue com vida pr&oacute;pria. Um livro ilustrado publicado pela Fondazione Prada acompanha a exposi&ccedil;&atilde;o, que segue at&eacute; 26 de novembro. Ainda, Everybody Talks about the Weather ser&aacute; complementada por um semin&aacute;rio aberto ao p&uacute;blico agendado para o m&ecirc;s de outubro, com tr&ecirc;s dias de palestras de cientistas, autores e acad&ecirc;micos, com o objetivo de abordar os temas explorados na mostra em uma perspetiva mais ampla.

Exposição na Fondazione Prada faz crítica à crise climática

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