Cultura

Geração do futuro: Os alquimistas estão voltando!

Antecipando uma geração do futuro, mostramos o trabalho incrível de seis profissionais – da fotografia, do styling e das passarelas. Confira!

Rodrigo Ladeira
Rodrigo Ladeira

Estamos diante de uma nova geração, muito mais humanista e empática. Falamos de uma gente sensível, capaz de perder o sono com as catástrofes climáticas e os discursos de ódio. Essa neossociedade, dominada pelos “zês”, nem imagina o que é pensar no singular – ela é plural, em seu sentido mais literal, e isso é uma ótima notícia. No mercado da moda, antes reduto tomado por marcadores de gênero, de raça, de corporalidade e de classes, o que se vê na atualidade é uma sucessão de quebra de padrões. Para antecipar o futuro, apresentamos o trabalho de seis profissionais – da fotografia, do styling e das passarelas –, que vão mandar na coisa toda. Olhos neles!

Rodrigo Ladeira

Rodrigo Ladeira
Rodrigo Ladeira
Look Meninos Rei | Modelos Ednei William (Editorial Nordeste) e Nicolas Ribeiro (Home Model)

Integrante do movimento que reinterpreta as temáticas brasileiras de forma lírica, o fotógrafo mineiro tem marcado presença no editorial por conta do olhar criativo e da sensibilidade que retrata a cultura nacional. “O meu objetivo é fazer com que o mundo da moda seja um espaço de igualdade, e através da fotografia consigo dar voz às pessoas que são sistematicamente apagadas da história.” Aficionado pela saturação das cores, ele entrou no campo imagético quase sem querer. “Comecei mesmo fazendo tratamento e manipulação de fotos. Aí tomei gosto pela profissão e saí pelas ruas registrando tudo o que achava bacana.” Aos 24 anos, ele vive entre Salvador e São Paulo, lugares em que busca inspiração para realizar os trabalhos autorais que tanto definem o seu portfólio (Ladeira fez a sua capa de estreia na L’Officiel Hommes em 2021). “Salvador tem essa mistura de ‘Brasis’ que sou fascinado. E eu aposto muito naquela vibe de que a ‘humanidade ainda tem salvação’. Pode soar utópico, mas é o que me faz seguir em frente. A gente tem que aprender a calar as vozes que não nos permitem falar e a estancar as feridas que doem há séculos.” @ladeir.a

Mohamed Deme

Mohamed Deme
Mohamed Deme

Ele saiu do Senegal, onde era costureiro, para ocupar lugar no select de modelos aqui no Brasil. Essa foi a primeira viagem feita por Mohamed. “Antes disso, nunca tinha saído do meu país”, conta. E ele não demorou até chamar a atenção de marcas como Samsung, Renner, Reserva, Malwee, iFood, O Boticário, Chandon, Track & Field, Crawford e Hering. “Hoje tenho uma situação mais digna, e um trabalho que me permite enxergar um futuro melhor”, afirma o top, que revela ter sido abordado quando estava fazendo compras em um supermercado. “Fui convidado para desfilar. Mas era uma coisa pequena.” Contratado pela Joy Model, Mohamed diz sentir-se acolhido e grato pelas oportunidades. @mouhamed_27

Fred Othero

Fred Othero
Fred Othero

Ele sempre foi o apressadinho da turma. Começou a fotografar aos 4 anos, e logo ele e a sua polaroid capturavam cenas incríveis. Mas ser fotógrafo não fazia parte dos seus planos. “Na verdade, nem sabia que a fotografia era uma carreira a se seguir”, confessa. Foi na faculdade de publicidade que a vocação falou mais alto – e quis o destino que ele cruzasse o caminho do badalado J.R. Duran. “Faltavam quatro meses para me formar e resolvi trabalhar em um festival de fotografia. Então, conheci o Duran e ele estava precisando de um assistente. Em apenas uma semana, troquei Belo Horizonte por São Paulo.” Nos três anos seguintes na capital paulista, Fred já havia construído um portfólio sólido no circuito da moda masculina – e, acredite, assinado uma série de capas de revistas. Hoje, o fotógrafo considera-se um transgressor. “A minha linguagem não aceita estereótipos. O que é moda? O que é chique? Acho importante discutir esses conceitos e produzir imagens que mexam verdadeiramente com o inconsciente das pessoas. E é isso que faço.” @fredothero

Thais Queiroz

Thais Queiroz
Thais Queiroz

Tem gente que nasce com estrela – e consegue fazê-la brilhar. É o caso da modelo Thais Queiroz, que fez o caminho entre o Complexo da Maré e o São Paulo Fashion Week para deslanchar no posto de queridinha da moda. Revelada pela Mix Models, de Pedro Bellver e Wellington Vieira, Thais começou a carreira em 2019 e, desde então, soma poses para as publicações mais bacanudas do setor. “Vir da favela e ingressar no mercado da moda significa representatividade! As oportunidades precisam ser para todos, é isso que busco na minha trajetória.” Se não fosse suficiente transitar lindamente pelo catwalk, a moça ainda faz curso de bombeiro civil. “É um projeto paralelo que me alimenta a alma, por saber que posso retribuir à sociedade praticando ações do bem. É assim que podemos construir um mundo melhor”, finaliza. @queirozthais_

Aneco Oblangata

Aneco Oblangata
Aneco Oblangata

A paixão pela imagem de moda aconteceu cedo na vida de Aneco. O primeiro contato com o circuito fashion veio com as pesquisas feitas em revistas e em materiais de audiovisual. A partir de então, ela usou o acesso às múltiplas plataformas para criar o seu próprio espaço de curadoria. Aneco passou a frequentar galerias de arte e a desenvolver trabalhos independentes para veículos e eventos de moda, como a Casa de Criadores. Teve experiências em trabalhos fixos na Haight e no Estúdio Orth, onde ampliou o conhecimento e o apreço pelo design. Aos 24 anos, ela transita com desenvoltura também pelo universo performático, que rendeu a sua participação nas intervenções “Papo Cabeça”, na SP-Arte, em 2018, e “333.mov” apresentado na expo “Vesícula”, da HOA. “Com o meu trabalho, quero enxergar a minha essência e buscar a minha identidade no conhecimento. Quero o conforto de atuar com equipes com quem posso ter trocas reais e espaço de criação que possibilitam a abertura de uma gama maior de criatives.” Na última edição da L’Officiel Hommes, ela assinou o editorial de capa “Tributo ao Rei”. @anecoblangata

Juliana Santos

Juliana Santos
Juliana Santos

Aos 25 anos, a produtora de moda é uma legítima representante da geração Z. Nascida em Campinas, no interior paulista, a moça também é modelo, stylist, tricô designer e professora de História da Moda. Graduada em Moda pelo Senac, onde foi bolsista, Juliana deu os passos iniciais na carreira fazendo assis- tência para profissionais respeitados no mercado fashion de São Paulo. “Penso que a identidade aplicada ao meu trabalho está em construção no limite em que me reeduco sobre a história do meu povo negro e do Brasil.” @jusans

Jonathan Wolpert

Jonathan Wolpert
Jonathan Wolpert

Incorporando elementos do surrealismo e da fantasia, o pernambucano radicado em São Paulo é dono de uma identidade visual que pode ser traduzida pelo experimentalismo. Recém-saído da infância, aos 13 anos, ele passou a clicar cenas de natureza-morta. “Era algo mais dark”, diz. Em sua mais recente coletânea, intitulada “Carrancas”, pescoços alongados e rostos marcantes deixam claro o gosto pela estética profundamente linkada às suas origens. Além do folclore nordestino e das referências sacadas do trabalho dos artistas Giger e Maria Martins, Jonathan bebe da mesma fonte que os cineastas David Lynch e Alejandro Jodorowsky. “Gosto de dizer que crio pequenos universos com as minhas imagens, que brincam com os sentidos.” @jonathanwolpert

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