Fotografiska, muito mais que um museu
"Fotografiska" pode ser tudo, menos um museu tradicional. Fundado pelos irmãos Jan e Per Broman na Suécia (2010) com o objetivo de criar o local mais interessante para expor fotografia no mundo, o museu não tem uma coleção permanente e traz artistas com olhares distintos, sejam renomados ou iniciantes. O formato dinâmico e inovador acabou o tornando um dos principais pontos culturais da cidade de Estocolmo, chamando a atenção de artistas e admiradores pela Europa. Hoje é o maior museu de fotografia do mundo, que além de Estocolmo também está presente em Tallin na Estonia, Nova York nos Estados Unidos e em 2022 será inaugurado em Berlin.
Recentemente, tive a oportunidade de conhecer a versão nova-iorquina de Fotografiska que foi inaugurado em dezembro de 2019. A casa não deixa a desejar em comparação à original de Estocolmo, a qual visitei poucos anos antes. Localizada em um prédio histórico de 1980 na parte sul da Park Avenue, parece que sempre fez parte da cidade, e já na fachada do prédio, traz um contraste entre a cultura sueca e a americana.
A reforma do prédio foi liderada pela renomada empresa de arquitetura CetraRuddy e manteve a ideia central do museu ser multi-conceitual. Há salas amplas com partes destinadas às exposições bem como espaços para socialização dos visitantes com o intuito de estimular diálogos entre as obras e a comunidade. E também, para complementar a arte, há experiências únicas de loja, restaurante e até mesmo um bar escondido.
O restaurante Veronica e o V Bar são operados pelo premiado grupo STARR Restaurantes, também responsáveis pelos famosos Pastis, La Merceria e Buddakan também em Nova York. Verônica, é em homenagem à santa padroeira da fotografia, o menu é do chef Robert Aikens que traz um mix de culinárias européias. Seu ambiente espetacular, desenhado pelo estúdio de design Roman e Willams, faz com que os visitantes esqueçam que não estão no velho continente. O V Bar, por sua vez, segue um formato speak-easy, que faz referência à época da lei seca nos anos 1920 em Nova York, ou seja: um bar secreto no museu.
Seja no elevador, corredores ou nas escadas que levam de um andar para o outro, todos os espaços do museu são aproveitados para alguma obra, o que torna o passeio ainda mais interativo e divertido. Como o museu não é proprietário de nenhuma das obras que expõem e estas mudam constantemente, faz com que a visita seja sempre rica e única.
As exibições são desenvolvidas diretamente com os artistas ou galerias para que se possa ter um ponto de vista e uma mensagem clara, mesmo que haja uma grande variação de gêneros e nomes. A curadoria busca responder aos movimentos e temas sociais e culturais atuais e muitas vezes com documentação contemporânea como nas exibições que estão em destaque agora as obras de Andres Serraro, Naima Green e Martin Schoeller que tratam sobre racismo, feminismo e questões policiais.
Além dos pontos sociais, o museu também aborda o seu próprio meio como nas recentes exposições em parceira com a revista TIME e com a empresa de comunicação VICE. E claro, não seria um museu de fotografia sem exposições de grandes nomes como Annie Leibovitz, Robert Mapplethorpe, Sebastião Salgado, David LaChapelle entre tantos outros