Casa de Criadores: confira o segundo dia!

A segunda noite da Casa de Criadores foi de reflexões internas dos participantes, remexendo passados para reativar futuros criativos. A Not Equal, prestes a completar dez anos em 2023, ativou processos de ateliê de olho em um novo momento. Quem acompanha o trabalho de Fabio Costa sabe que ele é um purista dos processos, apegado às técnicas próprias de modelagem e proporções. Apesar de seguir nos pensamentos de construção, silhuetas e sobreposições, o retorno ao presencial traz uma coleção que mira no cliente final, como há muito não faz - com comercial pronto e peças descomplicadas, seja nas vestes alongadas, jaquetas amplas, calças saruel e (pasmem) até acessórios. Olho firme também na bela estamparia digital, que maximizam texturas de tramas manuais. Estreante na passarela física, a Monica Anjos trouxe manifesto de resistência da vida afroindígena, como (infelizmente) o Brasil de hoje necessita. Veterana do cenário de Salvador, Monica tem loja recém-aberta em SP e se afiou para atingir esse novo público. Quem esperava uma moda baiana & colorida viu a estilista se recolocar com mood urbanóide, aplicando-se mais em tons fechados e cheios de texturas, mantendo o shape confortável pelo qual é conhecida - com o plus da moulage construído com fitas galão e o brilho imponente dos ocres finais. Na Estudio Traça, Guilherme Amorim vai além do bom trabalho de upcycling com denim pelo qual ficou conhecido. Rememorando os litorais da infância, contato retomado durante a pandemia, o estilista deu uma carga de leveza traduzindo essas memórias em coloridos inéditos por ali - especialmente nos vestidos que remetem a trajes de banho e nos bonitos twins de tricô, retrôs mas nem tanto. Já do lado de Jorge Feitosa, o momentinho é de reflexão funda: desgostoso com o mercado, o pernambucano tenta rever para onde mira suas vendas sem largar mão das suas vontades de moda - como os bons casacos, os plissados chiques e as possibilidades do trabalho manual. Jorge, geralmente delicado na passarela, ativou uma postura nova de bad boy que pode gerar bons momentos. Às vezes, um pouco de raiva faz bem.