Milão 22: encerramento com ótimas surpresas
Quase sempre desprezado pela imprensa “especializada”, o grand finale conta com set list recheado de marcas fora do eixo Itália-França.
Milão deixou o melhor para o último dia. Quase sempre desprezado pela imprensa “especializada”, o grand finale conta com set list recheado de marcas fora do eixo Itália-França (deleite para quem consome moda de verdade). Vamos aos shows que mereceram a nossa atenção.
O start foi dado pela A-Cold-Wall, grife de Samuel Ross, que escolheu como locação uma espécie de armazém no estilo industrial (mas prefiro acreditar que seja uma capela desenhada por um admirador de Paulo Mendes da Rocha). Os modelos tinham aspecto robótico – pela primeira vez, o metalizado foi inserido no lugar certo: na pele, como se fizesse parte do corpo. Com braços prateados, orelhas douradas e dorsos purpurinados, os tops transitaram entre a realidade e o metaverso, usando espécies de burcas refeitas com toque couture. Uauuu!
“Tudo ao mesmo tempo agora” foi o ponto de partida para a Apn73, que misturou florais e xadrezes, tricôs com padrões geométricos e alfaiataria desconstruída, listrados e mais florais, bermudas e casacos pesados, chinelos e meias, balaclava e óculos para neve. Um pot-pourri fora da caixa e supercool. Da inglesa Serdar, conseguimos pinçar os tênis com sobrecosturas coloridas – bacanérrimos!
A aridez desértica foi a cena eleita pela (italiana) Dalpaos para fertilizar o solo com criações nada convencionais. Asas-deltas e penduricalhos de cogumelos, além de arremates feitos com ganhos de pescaria, garantiram o arzinho kitsch na moda insossa dos dias atuais. Por sinal, só o fato de se admitir cafona já é um ponto positivo – e que pode ser lido como “alguém de personalidade exótica”.
Nos vemos em Paris. À bientôt!