SPFW N52: veja os destaques do segundo dia
De Anacê a Ronaldo Fraga, confira os detalhes do segundo dia de SPFW N52
Todos nós estamos precisados de um pouco de simpatia neste momento. E o primeiro dia de desfiles digitais do SPFW vão todos nessa toada, em maior ou menor grau. Como bem mostra a Aluf, que se apega a um ideário de voltar a viver o mundo com leveza no olhar - e que aparece nas roupas, com uma carga a mais de fluidez possível que faz bem a ela, tanto nas silhuetas quanto nos tecidos. Carregada no floral feito a nanquim, Ana cria desejo especialmente nas camisas largas (usadas com calças idem) e nas várias instâncias de pareôs.
A estreante Mnisis animadíssima, bota pra dançar uma moda meio irônica meio alegre, meio lúdica meio agender, aproveitando o movimento de franjas localizadas, os vazados circulares do momento e repuxos - o trabalho com elásticos é uma das suas maiores vontades por ali.
Mais ensolarada do que na estreia, a Anacê surpreende com uma boa estamparia (que virou até papel de parede!) em modelagens justas, contrastando com a camisaria confortável e as regatas assimétricas. Na MODEM, a vontade de viver é mais sisuda mas não por isso menos interessante. As usuais querências arquitetônicas de Andre Boffano aparecem nos casacos chiquíssimos e confortáveis e nas barras angulares das saias - olhe especialmente para a força do masculino, que faz um mix'n'match interessante de peças com o feminino da marca, com uma boa unidade.
Ronaldo Fraga, por sua vez, viajou até o Sul do Brasil para trabalhar os jacquards do seu patrocinador da vez e fez uma coleção/pensata praticamente inteira sobre eles, com seus usuais vestidões e alfaiatarias nada triviais.
Notadamente elegante, a À La Garconne não fez desfile ao vivo mas manteve o formato em vídeo para exercitar seus códigos, com vantagem maior nos looks acinturados e nos esportivos confortáveis. A collab da vez com o filme O Exorcista cai bem neste momento de (literalmente) exorcizar esses tempos que vivemos.
Ronaldo Fraga
Lilly Sarti
Depois de dois anos de pandemia, todo mundo sabe como foi o sentimento de fazer aniversário durante tempos esquisitos. Fica aquele sentimento esquisito no ar, se dá para comemorar ou não, se pode ou não abraçar, sorrindo sob a máscara. Para as irmãs Lilly e Renata Sarti, isso acontece também na passarela: o desfile que encerrou a quarta-feira de SPFW comemora 15 anos de existência da sua Lilly Sarti Brand. Um número nada trivial para uma marca brasileira, considerando-se as agruras do nosso mercado de moda, especialmente nesses últimos longos meses. Só por isso, a comemoração já vale — apesar de todas as novas regras sociais. Em vives de boa festa, a passarela veio recheada de amigas de várias idades no casting: Maju Trindade, Barbara Migliori, Thai, Monica Martelli. Bom pra dar um up, né? Em como qualquer festa de debutante, quando se “entra na vida adulta”, a Lilly Sarti diz que quis dar uma rememorada em sentimentos de infância para a coleção, misturando uma vontade de arte rupestre que encheram os olhos durante uma viagem. Isso justifica a cartela de cores sóbria, de ocres, terrosos e tons fechados ao lado de brilhos pontuais. A estampa principal da vez, um tigrado revisto que surge bonito, usa o bicho como símbolo de força. E abre espaço para que a marca faça a moda que suas clientes (e amigas) gostem: saias longas (mas não essencialmente caretas), bons casacos, um sexy bem discreto e conjuntinhos que relembram outro momentos das Sarti. É daqui pra frente, agora.
Anacê
Mnisis
Modem Studio