SPFW n53: Bold Strap repagina o fetishcore em nova coleção
Bold Strap traz Camila Queiroz e Marina Sena para a passarela do segundo dia de SPFW n53
As gays brasileiras andam loucas por Rosalía, a cantora catalã que desbalanceou as estruturas do pop e criou um senso de imagem intenso no seu multiverso motomami (motomami, motomami, motomami) — fetichizando, pelo caminho, capacetes e indumentárias de motociclistas. Prato cheio para a Bold Strap, que fez seu primeiro desfile presencial no SPFW partindo dessa iconografia para reativar seu próprio mood.
Não vieram para brincadeira, metendo as presenças surpresas de Camila Queiroz e Marina Sena na passarela, dentro de um casting que se coloca inclusivo e mescla modelos e corpos reais — nada mais que a obrigação para uma marca jovem em 2022, mas portentoso para quem faz uma moda baseada em fetiches e outras mil reflexões sexuais pela ótica queer (um universo que pode ser tão liberal e libertador quanto problemático, quando se propõe a entender diversidades estéticas e físicas).
A presença na semana de moda de uma marca que ficou inicialmente famosa por jockstraps e outras underwears ousadas na modernidade LGBTQIA+ do centro paulistano pode causar certa estranheza na primeira pensada. Mas eles entendem seus potenciais e (ufa!) vão além do mix de thongs e harnesses, repensando o fetishcore (que anda em alta por aí no pós-quarentena) para mostrar roupas, amarrações, recortes, transparências, decotes, uniformes para figuras exibidas e outras liberalidades. É um tipo de show que, se não for feito com cuidado, pode beirar a apresentação cafona de sex shop — não necessariamente um problemas, se intencional — mas que a Bold consegue segurar a onda e transformar em moda, equilibrada na motoca. Enquanto o mundo seguir se chocando com a possibilidade de um homem vestir um fio dental por vontade própria (apesar de já estarmos em pleno século 21), eles têm espaço e uma missão pela frente.