É nosso! Entrevistamos Alessandra Montagne em Paris

O nome do seu restaurante já disse muito. “Nosso” é sinônimo de generosidade. É uma expressão de um Brasil aberto para o mundo, um reflexo da história da chef Alessandra Montagne no seu país de acolhimento, a França. Me lembro do dia frio e chuvoso em que atravessei Paris para descobrir o então recém aberto empreendimento dessa mulher. Ao passar a porta, ela estava exaltando a alegria e a paixão pelo ofício. Me aquece o coração, é amor à primeira vista. Me lembro, entre outros, do pão de queijo coberto de caviar e da coxinha frita servida no início do menu degustação. É como se eu estivesse fazendo um caminho inverso, eu francês sendo acolhido por uma brasileira na minha cidade natal. 

Alessandra Montagne adotou o país de Molière e não larga mais. Ela fala fluentemente e perfeitamente a língua, segue firme nas adversidades e dirige atualmente uma equipe de mais de 25 pessoas empregadas por ela. Com determinação e leveza, Alessandra traça uma carreira de sucesso no país referência por sua gastronomia. Experto, o próprio chef Alain Ducasse já visitou o Nosso e imediatamente adotou Montagne como uma das suas pupilas. Agora ela faz parte da geração Ducasse, um clã fechado de chefs que seguem uma metodologia pautada na excelência do cozinhar e do servir. Assim, foi convidada para dirigir um dos restaurantes do museu do Louvre, que abrirá depois das Olimpíadas. Mas a história não foi sempre fácil. Alessandra começou na cidade luz com um minúsculo restaurante, o Tempero, e mal tinha dinheiro para comprar os utensílios necessários. Pouco a pouco, com trabalho e força de vontade, foi construindo reputação e atraindo uma clientela em busca de brasilidades. Sempre de bom humor e de bem com as pessoas, Montagne faz as pazes com seu passado sofrido no Brasil e apresenta uma comida franco-brasileira que reconforta. Desta forma, ela pretende seguir com seus projetos pessoais e profissionais, que são muitos.