Paris, a Cidade Luz com o melhor da cena gastronômica
Um guia com o melhor da efervescência da cena gastronômica na Cidade Luz. Em 20 endereços selecionados, um belo roteiro de descobertas e redescobertas
Paris está efervescente, a cena gastronômica acesa, suas ruas borbulham de turistas de todo o mundo. Faça chuva, faça sol, vivemos a era do overtravel e dos restaurantes como uma fonte renascente do entretenimento genuíno. Em uma busca corrida pelas boas mesas, o público marca presença incansavelmente. As pessoas que viajam até a Cidade Luz querem comer bem, ou pelo menos tangibilizar um lendário savoir-manger que dá fama à terra do croissant.
Muitas pessoas me perguntam onde gosto de comer, onde recomendaria ir. É sempre uma coisa difícil de responder, e plena de variáveis. Eu dependo da minha fome, da minha vontade, do meu humor, da minha companhia, da previsão do tempo e acima de tudo, de onde vou conseguir uma reserva. Jantar sem marcar em Paris? Quase impossível, lembre-se disso. Para saber por onde vou, eu dependo também do meu desejo gastronômico, do meu bolso, e de tudo e mais um pouco. Decidir não é tão fácil. Ando comendo bem em Paris, essa cidade onde nasci e cresci. Nos últimos meses, bati um recorde de visitas surpreendentes e ainda sigo com fome de ver, vibrar e viver as novidades. Entre meus pequenos bistrôs prediletos, meus endereços clássicos que jamais sairão de moda, as novidades quentes e aquelas mesas excepcionais que colocam a França como o país da alta gastronomia, nada me cansa. Vamos somando e interligando os pontos. Fico assim assistindo uma verdadeira ebulição da cena parisiense. Os grupos empresariais gigantes se agitam e restauram instituições, os jovens talentos famintos peitam a velha guarda, enquanto os guardiões das antiguidades culinárias seguem firmes. A mistura do todo encanta um tanto “beaucoup”. Fato, o tempo está para modernidade, o frescor, a leveza, a inovação, a reinvenção, a evolução. Tudo está em movimento, e está indo rápido. Dentro das centenas de endereços possíveis e das dezenas de restaurantes que visitei este ano, apontei 20 dos meus favoritos. Em primeiro lugar, os valores seguros com lugares clássicos que adoro. Segundo, os restaurantes recém-inaugurados ditos da moda. Para finalizar, os altos estrelados onde culminam quaisquer viagens. Aproveito essa ocasião para desejar ótimas festas e um novo ano repleto de belas surpresas gastronômicas. Em 2024, como sempre, Paris espera por você. Bonne année!
LES VALEURS SÛRES
L’Ami Jean
Lotado, clássico e conhecido, esse endereço reúne os gourmets que não temem comer em abundância. As porções do chef Stéphane Jégo são fartas e traduzem uma cozinha generosa e rica em sabores genuínos. Seu arroz-doce é incontornável, assim como sua personalidade e o ambiente da casa.
27, rue Malar
Drouant
Um clássico atemporal que voltou à tona. Chique sem ser pomposo, neste lindo ambiente histórico acontece tradicionalmente o prêmio literário Goncourt. No primeiro andar, salas intimistas são o palco de grandes reuniões e eventos. O serviço é impecável, e a comida e os vinhos não decepcionam.
16-18, rue Gaillon
Le Petit Celestin
A alguns metros do rio Sena, esse pequeno bistrô simples mantido ao estado bruto serve poucos e ótimos pratos sob o comando do chef e proprietário Jaïs. O ambiente é sempre animado, a clientela fiel e a música nas alturas. É perfeito para almoçar aos domingos de sol com amigos.
12, quai des Célestins
Chez Jaïs
Aqui o mesmo chef Jaïs reina em família. Nesta pequena rua do sétimo distrito a dois passos do Sena, ele serve uma cozinha francesa com boas releituras. Apoiado pelos irmãos na sala e nos vinhos, ele quer agradar aos clientes parisienses habituais e faz a festa todos os dias, ou melhor, todas as noites.
3, rue Surcouf
Le Comptoir de la Traboule
O irmão mais novo do restaurante Traboule traz uma fórmula jovem, com ótimo custo-benefício, bons vinhos e uma pegada convivial. O melhor lugar para apreciar fica no balcão em frente a cozinha, onde o jovem Jules Monnet plana entre pratos assinaturas e inspirações momentâneas.
1, bis rue Augereau
Bistrot Paul Chene
A mais recente aventura dos irmãos Dufour é um charmoso bistrô que já parece estar enraizado nos velhos tempos. Mais parisiense impossível, aqui há todos os amáveis pratos como ovos maionese, filé béarnaise e fritas caseiras. Para terminar, um crème brulée comme il faut.
79, rue du Cherche Midi
Le Drugstore
Faltam opções nas Champs Elysées, mas o Drugstore é uma boa ideia a qualquer hora. O chef Eric Frechon assina aqui um delicioso cardápio que vai e vem entre café, brasserie e restaurante moderno. É um viés agradável, prático e agitado, que entrega bem o que promete.
133, avenue des Champs-Élysées
TOUT BEAU, TOUT NEUF
Boubalé
Em pleno Marais, no recém-inaugurado hotel Le Grand Mazarin, é o restaurante do momento. O chef israelense Assaf Granit traz à mesa uma cozinha judaica ashkenazi para compartilhar. Que delícia, do começo ao fim. O ambiente é animado, o serviço simpático e tudo é envolvente.
6, rue des Archives
Golden Poppy
A chef franco-americana pop-star Dominique Crenn finalmente achou um endereço em Paris para chamar de seu, é dentro do novo hotel La Fantaisie. Com um ar estrelado, deu muita leveza e bossa a um cardápio surpreendente. Os peixes e molhos são sensacionais, e o serviço é casual e bem simpático.
24, rue Cadet
Brasserie des Prés
Adepta do “Fait Maison”, quando tudo é feito na própria casa com ingredientes franceses. Sazonal também, o cardápio vai mudando como deve ser. Coisa rara para uma brasserie, esse novo endereço é um reflexo da visão do grupo La Nouvelle Garde. Do café da manhã ao jantar, sem parar.
6, cour du Commerce Saint-André
Maxim’s
Abriu, de novo. O grupo Paris Society aposta que vai conseguir ressuscitar essa instituição parisiense e trazer uma época dourada à tona. Maxim’s tem a vocação de ser um lugar de festas animadas, de gastronomia clássica e de boa música. Aposta certa quando vemos Gigi, Perruche, Coco e outros tantos...
3, rue Royale
Cloche
Perto da praça do Châtelet, no centro da cidade, Cloche é uma pequena, moderna e badalada brasserie. A atmosfera autêntica foi restaurada por Victor Cohen e seu irmão Olivier Leone, também proprietários do restaurante Ojii. O cardápio desperta fortes desejos, sem querer inventar moda.
1, rue Coq Héron
Ojii
O japonês do momento. Em Saint-Germain-Des-Prés, o minúsculo Ojii é extravagante na sua decoração e traz uma pegada intimista. Suas mesas são concorridas, é difícil conseguir uma. Nas mãos do chef Yuji “Taku” Mikuriya, tudo rima com primor, delicadeza e criatividade. Delicioso para jantar.
6, rue Perronet
HAUTE COUTURE
Table
O restaurante de Bruno Verjus foi considerado o décimo melhor do mundo pelo prêmio do The World’s 50 Best Restaurants em 2023, o melhor da França! O chef autodidata se expressa como um artista que muda de ideia e de opinião todos os dias. É sempre uma surpresa, uma excelente surpresa.
3, rue de Prague
Plénitude
Dentro do hotel Cheval Blanc, o mais luxuoso de Paris, o chef Arnaud Donckele tem carta branca para imprimir seu estilo e impressionar a clientela francesa e internacional. No prato, uma alta gastronomia de visão moderna com tudo que há de melhor, notadamente os molhos que são de emocionar.
8, quai du Louvre
Le Gabriel
É impressionante passar pela porta do hotel La Réserve, situado em frente ao palácio presidencial do Eliseu, e descobrir a cozinha do chef bretão Jérôme Banctel. Como em um balé orquestrado entre vinhos de exceção e pratos com alma e personalidade, há uma maturidade que convence qualquer um.
42, avenue Gabriel
Épicure
Tradicional ao extremo, é uma aula de gastronomia e do serviço francês como poucos conseguem fazer. O clássico está enraizado no cardápio do Le Bristol que é considerado um dos palácios mais prestigiados do mundo. Por aqui há décadas, o francês Eric Frechon mantém as chaves bem guardadas.
112, rue du Faubourg-Saint-Honoré
Il Carpaccio
Um casal de chefs italianos, Oliver Piras e Alessandra Del Favero, assina com maestria e alegria a mesa do luxuoso hotel Royal Monceau. O resultado é uma cozinha italiana moderna, leve e bem ritmada. Há uma pegada de alta gastronomia sem ser chata, é delicioso para um almoço na varanda.
37, avenue Hoche
Espadon
Uma reinauguração esperada. Após anos fechado, a histórica mesa do hotel Ritz está de volta e escolheu a chef Eugenie Béziat para dar a rota. Sua cozinha de base francesa traz diversas homenagens ao seu continente nativo, a África, e a suas origens mediterrâneas. O ambiente é suntuoso.
15, place Vendôme
La Tour D’Argent
A mítica instituição está de volta. Passaram cinco séculos desde sua criação e sua reinvenção chegou no ápice. La Tour d’Argent, um dos restaurantes mais famosos do mundo, é para impressionar-se. Se quiser ainda mais, há um apartamento para alugar e um novo rooftop para tomar Champagne.
19, quai de la Tournelle