Ipanema: confira o novo roteiro gastronômico do poético bairro
Faça um saboroso passeio gastronômico por Ipanema para conhecer as novidades do bairro
Eternizada em canções e locação de dezenas de filmes, novelas e séries de TV, Ipanema está no imaginário de todo brasileiro e certamente de alguns estrangeiros. Depois dos anos complicados que vivemos, um dos bairros mais famosos do país volta a ser um importante pólo gastronômico carioca.
Os quarteirões a partir da tradicional Praça Nossa Senhora da Paz, inaugurada em 1917, estão mais animados do que nunca e é possível escolher entre excelentes opções de onde comer e/ou tomar um drinque.
Vamos então, começar nosso itinerário? O gastrobar Nosso foi um dos primeiros a fincar pé nas redondezas e desde então é um sucesso, no comando do competente e inquieto chef Bruno Katz, nova-iorquino, filho de argentinos e criado em Búzios, onde começou sua carreira. Bruno já foi eleito chef revelação e faz uma comida simples porém divertida e criativa. A charmosa casa de dois andares é endereço certeiro para quem sai em busca de coquetéis consistentes e gastronomia inventiva.
Enquanto isso, seu vizinho Spicy Fish chegou há um ano e já disse a que veio. O arrojado asiático é único no Rio de Janeiro e faz parte do grupo do restaurateur Leonardo Rezende e sua sócia Eduarda Dupin (também do Oia, Picci, Posì e Bisou Bisou). Com inspiração em Bali, ele oferece fusão das culinárias japonesa e coreana. São três andares e o rooftop com vista para a Praça é um grande trunfo! Na cozinha, o chef Emerson Kim, de origem coreana e com uma sólida carreira. Ele usa ingredientes e técnicas de preparos tipicamente asiáticos. Portanto, prepare-se para comer um saborosíssimo black cod, assim como um surpreendente tempurá de polvo e típicos pratos coreanos, como, o bulgogi (“sanduíche” feito com alface, arroz e filé mignon). Sushi, Gyosas e Lámen (vindo de SP) também fazem parte da carta, além de diversas opções de saquê, difíceis de encontrar pelas ruas do RJ.
Ali em frente, outra bela casa dá vida ao Japa da Quitanda, restaurante japonês que nasceu no centro da cidade e chegou à zona sul. Em uma casa de três andares, ele oferece uma gastronomia japonesa contemporânea mas descomplicada e vive movimentado.
Outro vizinho é o novíssimo Ferro e Farinha, um pizza bar contemporâneo e autoral, criado pelo nova-iorquino radicado no Rio, Sei Shiroma. Ganhador de vários prêmios como a melhor pizza do Rio, o genial e divertido Sei começou com uma lojinha no Catete e hoje é dono de quatro unidades: Botafogo, Leblon, Barra e esta da rua Maria Quitéria. A casa conta com pizzas com massa de fermentação natural e coberturas que são verdadeiras receitas criativas, que saem do primeiro forno à lenha duplex do país, além de outros tipos de pratos. Os drinques também são ótimos, entre os clássicos e os autorais. O espaço é agradável e é só escolher entre sentar nas mesas na rua, ou no primeiro ou no segundo andar, com vista para a Praça.
Um empreendimento que deu ainda mais charme ao bairro, foi o Talho Capixaba, a famosa delicatessen que criou raízes em plena Praça e está constantemente agitada. Um ótimo lugar para tomar um bom café da manhã, ter um almoço rápido ou então lanche da tarde! Com 170m², são mais de 25 receitas com fornadas diárias, como a Baguete Tradição e o Pão Completo, uma releitura do pão francês com farinha integral e grãos. Além disso, há também salgadinhos, como as melhores empadinhas do Rio, pão de queijo, sanduíches. Difícil é escolher entre os 30 tipos diferentes de doces, entre bombas, mil folhas e tarteletes, que podem ser consumidos na hora, no balcão do Talho. E a grande novidade, são as recém chegadas pizzas, que vem em oito sabores diferentes.
Seguindo a rua Barão da Torre, um pouco mais adiante, chegamos no Ízär, precursor restaurante espanhol, com cardápio inspirado no Caminho de Santiago de Compostela; ideia do chef madrilenho Pépe Lopez. Aberto há alguns meses, ele oferece arrozes e paellas legítimas, além dos típicos tapas ibéricos. Os comensais ainda tem a chance de acompanhar o show dos profissionais através da cozinha aberta e protegida por um vidro, logo na entrada do restaurante. Mais um negócio de sucesso, dos mesmos donos da Brasserie Mimolette e do contemporâneo Mäska, também no bairro. Aliás. para quem quiser se orientar, o Ìzär fica justamente onde funcionou o restaurante Bazzar, por vinte anos.
E já que falamos do Mäska, voltamos à rua Maria Quitéria para ressaltar este restaurante contemporâneo de comida de autor que fez o jovem chef Pedro Coronha ganhar prêmios de chef revelação. Ele tem na bagagem dois anos na Europa, tendo passado por restaurantes consagrados, como o Noma, em Copenhagen e o Eleven, em Lisboa. O resultado são pratos feitos com técnica, inovação e personalidade. Dos travesseiros de tapioca, de entrada, ao polvo com purê cremoso de baroa e o arroz de tomate, são inúmeras as opções do moderno cardápio. O ambiente é elegante e arrojado, com cozinha aberta e um charmoso bar de drinques. No último andar, um segredo instigante: o BO.A.TO. um speakeasy, ou seja, um bar secreto, que abre a partir das 18h.
Uma rua adiante a elegante Garcia D’Ávila traz mais uma novidade: o francês lifestyle Bisou Bisou. O restaurante tem decoração inspirada na França dos anos 1970 e 1980, com dois andares, bem como uma varanda agradável e charmosa. Os banheiros são uma atração à parte, com luzes de led do chão ao teto. O menu é assinado pelo chef Rodrigo Guimarães, com inspirações na gastronomia da mesma época, como por exemplo, o Cocktail de Crevettes, camarão VG e molho especial da casa, com fatias de pão sourdough, de entrada e ainda, o clássico camarão ao champanhe, acompanhado de arroz de amêndoas, como principal. Além disso, entre as sobremesas, pavé de chocolate com base de biscoito umedecido com cognac e profiteroles. Por fim, a carta de drinques tem criações autorais, elaboradas pelo mixologista Marcelo Emídio, e com apresentações autênticas. Um lugar animado, com trilha sonora elaborada pelo proprietário Leo Rezende e onde a gastronomia encanta!
Ali pertinho, o estrelado chef suíço brasileiro Elia Schramm abriu seu primeiro restaurante, o italiano Babbo, sempre muito disputado desde à inauguração. No cardápio, pratos de culinária afetiva, onde ele faz uma mistura de técnicas francesas com sotaque carioca. Nas entradas, sugestões como, por exemplo, o Canoli ai Gamberi, massa de canoli salgada com salada de camarão, aipo, maçã-verde e limão siciliano (R$42) e a Parmigiana di Melanzani, berinjela crocante, molho pomodoro, burrata e basílico (R$29). Do belíssimo bar saem coquetéis elaborados pela premiada mixologista Mariana Burity. Mas para conseguir uma mesa, a dica é chegar cedo porque reza a lenda que a partir de 18:30 já há fila na entrada do imponente casarão de quatro andares.
Caminhamos um quarteirão no sentido Arpoador e chegamos em um clássico renovado: Zazá Bistrô Tropical. A charmosa casa de dois andares na quadra da praia está mais brasileira do que nunca, com ares praianos, com enormes lustres de palha vindos da Bahia. No cardápio, a brasilidade continua com pratos como, por exemplo, o pirarucu em crosta de castanha com purê de banana da terra. Além de outros naturebas, como a carne de caju no recheio de guiozas levíssimos e deliciosos ao molho de chili tailandês. A degustação de entradas frias e quentes é imperdível, assim como os drinques criados pelo experiente mixologista Rausley Cler.
Falando em drinques, um must go bar com ares nova-iorquinos aportou no bairro há pouco tempo e já chama atenção! O Vian é o sonho de um simpático casal que nunca morou nas redondezas mas apostou tudo no novo negócio em endereço nobre. O ambiente é ntimista e acolhedor, e o foco são as receitas da alta coquetelaria, elaboradas pelo proprietário Frederico Viana. Do balcão, com capacidade para 10 lugares é possível acompanhar de perto o mixologista em ação! É só escolher entre Negroni e o Bourbon Smash ou os autorais, como Vian Smash, com Averna, Cynar, hortelã, xarope simples, suco de limão e bitter.
Para encerrar, o recém nascido Didier - do chef homônimo Didier Labbé - saiu do arborizado bairro do Jardim Botânico para fincar pé em ares praieiros na rua Vinícius de Moraes, em uma casa com capacidade para 56 lugares. No cardápio, clássicos franceses, marca do chef que trabalhou anos com o mestre Claude Troigros. Alguma receitas oferecidas no antigo endereço continuam, como o Magret com palmito pupunha, aipim rosti e molho de acerola (R$92); o Foie gras torchon, chutney de manga, torradas de brioche (R$169); e o Fettuccine com coelho assado e desfiado, bacon, champignons e ervilhas (R$90). Entre as novidades, opções como o Ceviche de polvo, temperos, manga, gengibre, pimenta dedo de moça, batata doce e quinoa crocante (R$69); Camarões VG grelhados com risoto de quinoa, molho tailandês e chips de baroa (R$107). Das entradas às sobremesas, um legítimo passeio pela França!.
Um carioca que se preze tem mais que seguir este preciso roteiro comestível por Ipanema, não por acaso, o bairro onde nasci e passei boa parte da minha vida, e aos turistas, separe um bom tempo para se perder pelo bairro que nunca perderá sua magia.
Roteiro:
Babbo - Rua Barão da Torre, 632
Bisou Bisou - Rua Garcia d'Avila, 151
Didier - Rua Vinícius de Moraes 124
Ferro e Farinha - Rua Maria Quitéria, 107
Ìzär - Rua Barão da Torre, 538
Mäska - Rua Joana Angélica, 159
Nosso - Rua Maria Quitéria, 91
Jappa da Quitanda - Rua Barão da Torre, 422
Talho Capixaba - Rua Barão da Torre, 354
Spicy Fish - Rua Maria Quitéria, 99
Vian - Rua Paul Redfern, 32
Zazá - Rua Joana Angélica, 40
Por Renata Araujo, jornalista e editora do site You Must Go!