Tania Bulhões lança restaurante em São Paulo
O editor de gastronomia Charles Piriou foi conferir o Leila, o restaurante da nova loja conceito da grife brasileira.
É tendência as lojas de grife abrirem restaurantes dentro e fora de suas lojas. Gucci, Jacquemus, Dior, Louis Vuitton e tantas outras fazem o exercício e usam a gastronomia como uma bela ferramenta de marketing de experiência. Em São Paulo, a mineira Tania Bulhões construiu um império e comanda uma marca relevante que não para de se expandir no país. Na sua nova e linda loja conceito de 2100 m2 que abriu no Jardim América, a empresária homenageia sua mãe, Leila, com um pequeno restaurante no piso térreo. Bulhões manda trazer mandioca e outros ingredientes da sua fazenda para usar no cardápio dito franco-mineiro e executado pelo chef Pedro Franco.
A chegada é agradável, como em um oásis na cidade. A recepção é muito calorosa e dá o tom para esse lugar essencialmente feminino. Em poucos dias de funcionamento, já é ponto de encontro das damas paulistanas. Na mesa, o cuidado extremo com as louças, talheres, copos e utensílios impressiona. Minha expectativa não era diferente vindo uma grife que preza por excelência e controla a famosa empresa francesa de porcelana Royal Limoges. Tudo é muito bem cuidado. A luz natural da gigante cúpula do teto ilumina o ambiente, enquanto a música soa no tom certo. Se não fosse o cheiro forte de perfume pelas mesas, seria mais fácil sentir o apetite e escolher dentro das opções do menu. Além da mandioca da fazenda, da galinhada mineira e da costelinha de porco, os pratos vão de cheeseburger a linguini citron, e podem confundir o louvável conceito proposto.
Pedi a mandioca frita que estava divina por todos os ângulos. Provei também a clássica terrine de foie gras que chegou cortada sem finesse e coberta com muita flor de sal. As vieiras “mediterrânas” estavam grelhadas no ponto e foram servidas com um molho beurre blanc correto. Entre o picadinho da Tania e o filé ao poivre com finas fritas crocantes, existe uma multiculturalidade possível. Dito isso, o restaurante tem potencial para explorar mais a cultura mineira e francesa, que são riquíssimas em histórias e tradições gastronômicas. Por exemplo, há um lindo carrinho de queijos brasileiros. Para finalizar, eu pude conferir uma releitura de ovos nevados exagerada no açúcar, e um delicioso fondant au chocolat que derrete na boca. Eu terminei o almoço, perplexo, tomando um dos melhores cafés especiais do Brasil, torrado pelo Futuro Refeitório. Também, vi lindos potes de doces e outros produtos embalados com charme. Vale voltar outra vez para apreciar uma gastronomia franco-mineira que ainda deve raiar por aqui.