Matheus Ramos revela o segredo de sua QT Pizza Bar
Sucesso à napolitana! Brasileiro eleito o melhor pizzaiolo do ano, Matheus Ramos revela a essência por trás da sua QT Pizza Bar.
Que o Brasil é uma referência quando o assunto é pizza, não é novidade pra ninguém. A influência da imigração italiana e a paixão que essa receita despertou nos brasileiros já coloca o país como o segundo maior consumidor de “redondas” do mundo. Sim, só ficamos atrás dos Estados Unidos!
Agora, o destaque começa a vir por meio das premiações: Matheus Ramos, da QT Pizza Bar, foi eleito o melhor pizzaiolo do mundo em um dos prêmios mais destacados do segmento, o italiano 50 Top Pizza World. De quebra, a marca ficou na 38º posição do ranking. O Brasil tem outros estabelecimentos listados entre os 100 mais prestigiados do mapa, caso da Leggera Pizza Napoletana e da Pizza da Mooca, ambas em São Paulo, e da Ferro e Farina, localizada no Rio de Janeiro.
O título, que colocou Matheus na mesma vitrine de seus colegas mais admirados, o pegou de surpresa. “Quando recebi a mensagem da organização, na manhã de uma terça-feira, precisei olhar duas vezes para ver se estava certo. Foi incrível ganhar, ainda mais ao se levar em conta que pizzaiolos também participam da votação”, diz. Apesar do bom trabalho realizado na QT, chegar ao topo com apenas cinco anos de casa e apenas três com a mão, literalmente, na massa, não deixa de ser fantástico. Diferentemente do que ocorre com muita gente que trabalha com gastronomia italiana, Matheus não tem aquela narrativa de quem herdou os dotes culinários por influência familiar. “Quem me apresentou a pizza foi a minha avó, Iolanda, mas ela é de origem portuguesa, ou seja, cozinha muito bem”, brinca. Mais tarde, quando foi viver com a namorada e hoje sócia Bruna, o publicitário de formação, que trabalhava numa empresa de transporte, mergulhou de cabeça na arte de degustar pizzas em São Paulo, a cidade, de longe, com a maior concentração de pizzarias por metro quadrado da América do Sul.
Dali para decidir empreender, foi um pulo. “Em 2019, a cena das pizzas napolitanas, de fermentação longa, começava a ganhar força. No bairro dos Jardins, onde focamos, ainda não havia nada nessa linha e decidimos investir.” Aí, foi usar o talento de Bruna, arquiteta, para criar o ambiente no estilo industrial, e apostar, para além da receita clássica com farinha vinda diretamente da Itália, em uma boa carta de coquetéis – foi então que surgiu o conceito de “pizza bar”, que, aliás, é destacado no guia italiano com elogios rasgados aos drinques servidos no endereço.
Na viagem até Nápoles, onde recebeu a certificação no último mês de setembro, o casal aproveitou para passar quase um mês viajando pelo “País da Bota” para estudar italiano e buscar novas inspirações e ingredientes para incrementar o cardápio da QT. O sucesso nas principais disputas mundiais nos últimos anos tem relação direta com a abertura de novos espaços com a receita da tradicional pizza napolitana. Foi nessa linha que o carioca Matheus, radicado na capital paulista, decidiu dar atenção, insistindo no conceito de pizza como prato e não apenas como fast food. Não é à toa que o nome do lugar – QT – faz referência à expressão “Che te fa Bene” (ou, “Que te Faz Bem”, em bom português). “Na época, não cozinhava e chamei a amiga Vitória Calmon para assumir a cozinha. Durante a pandemia, ela decidiu voltar ao Rio e acabei pegando gosto pela coisa.” Com curso de pizza, muita leitura, busca de padrões e uma pequena modificação na receita, veio o posto de pizzaiolo chefe. “Já tínhamos ido a Nápoles, onde descobrimos uma cena rica, muito além dos roteiros turísticos. E isso ajudou quando assumi a linha de frente”, diz.
Foi nessas idas e vindas que Matheus conheceu de perto o tra- balho de Diego Vitagliano e Francesco Martucci, que estão no topo do ranking e fazem pizza napolitana raiz, mas com aquele twist de fazer lamber os beiços. “Gosto do clássico, mas também há espaço para colocar um pouco de criatividade nas receitas”, acredita. Nesse exercício lúdico, já rolou até pizza de catchup, com o produto feito na própria QT. “Foi uma brincadeira com a minha origem carioca, já que no Rio adoram colocar catchup na pizza”, diverte-se.
Além da premiação e das aulas de italiano, a última viagem serviu para buscar mais inspiração. “Provamos, por exemplo, pizza com maionese defumada do Vitagliano. O habitual é bom, porém vale inovar. Voltamos cheios de planos, apesar de ainda esbarrarmos na dificuldade de trazer alguns ingredientes.”
No processo criativo, Bruna tem papel fundamental – provar e aprovar os sabores, assim como dar pitacos no aspecto visual das delícias. “O nosso laboratório é em casa”, garante. Para Matheus, a tendência é que o Brasil seja cada vez mais potente neste setor gastronômico. “Dentro da Itália, somos vistos como sumidades, com chance de passar o mercado norte-americano em breve. Estamos no caminho certo”, finaliza. Aqui entre nós, ter o melhor pizzaiolo do mundo já é um passo enorme!
O que se fala da QT no 50 Best Pizza
Mobiliário de estilo industrial para esta pizzaria que, com trabalho preciso e cuidadoso, é cada vez mais apreciada pelos entusiastas da pizza, também graças ao serviço rápido e simpático que o ajuda a passar uma noite agradável. As bebidas são umas mais bonitas que as outras e dá vontade de experimentar as mais criativas, mas não faltam opções clássicas. Além de alguns petiscos de inspiração italiana, você encontrará uma seleção de pizzas muito interessantes, todas com crosta bem pronunciada e a suavidade típica da pizza napolitana, servidas sobre uma tábua de madeira. Experimente os sabores tradicionais como a Marguerita ou a Bianca com parmesão e gorgonzola.”