Gustavo Zylbersztajn, Patricia Beck e filhos vivem na casa dos sonhos
Gustavo Zylbersztajn, Patricia Beck e os dois filhos criaram um estilo de vida cercado por um cenário arrebatador
Na Patagônia chilena, Gustavo Zylbersztajn, Patricia Beck e os dois filhos criaram um estilo de vida cercado por um cenário arrebatador, onde a modernidade está nas soluções para viver melhor. Confira!
É uma bonita história, com todos os atributos para um filme ou uma série romântica: uma família formada por um fotógrafo, uma ex-modelo, dois filhos lindos, um cenário de tirar o fôlego e o passo a passo da construção do sonho de viver perto da natureza em um lugar remoto fora do Brasil – e o resto fica para a mente criativa dos roteiristas.
Esse antigo desejo saiu do imaginário de Gustavo Zylbersztajn quando ele encontrou na internet um anúncio de venda de uma propriedade de seis hectares na Patagônia chilena. Era 2014. O terreno 100% rural, que pertencia a um argentino, não tinha cerca, não tinha nada. Ficava numa península, de frente para um lago gelado, uma paisagem de cartão-postal.
Aquele lugar, no Chile, transformava-se em uma possibilidade real na cabeça de Gustavo. “Havia naquele pedaço de terra a beleza e o encantamento da natureza, a rusticidade do camponês, aquele atraso no ritmo, na vida, tudo fascinante para um fotógrafo”, diz. Na época, ele e a mulher, Patricia, viviam em uma confortável casa no bairro do City Butantã, em São Paulo, zona Oeste da cidade, onde também funcionava o seu estúdio de fotografia. “A construção tinha quintal, jardim, passarinho, pé de pau-brasil, já havia ali uma vontade de estar rodeado pelo verde”, lembra. Mas a Patagônia, o ermo ao redor, era fascinante.
Negócio fechado, começaram os estudos para construir a longo prazo a morada dos sonhos. “Como antes da fotografia, Gustavo atuou como engenheiro e sempre se interessou por arquitetura, isso foi essencial para pensarmos os detalhes do projeto”, pontua Patricia. Um dos desafios era erguer uma casa em um terreno montanhoso. “A geografia da Patagônia impôs parte do projeto”, explica Gustavo. Era preciso saber construir, mas, sobretudo, entender o solo e os seus contornos. Aí entrou em cena o arquiteto chileno Paul Steel, morador da região e profundo conhecedor do caminho (literal) das pedras.
“HAVIA NAQUELE PEDAÇO DE terra A BELEZA E O ENCANTAMENTO DA natureza, A RUSTICIDADE DO CAMPONÊS, AQUELE ATRASO NO RITMO, NA vida"
A residência principal, de 300 metros quadrados, foi projetada em dois módulos dividindo a parte social da íntima. A configuração foi pensada para manter a privacidade entre os quartos e a sala de estar. Todos os ambientes, no entanto, valorizariam a vista para o lago através de grandes janelas. A obra durou um ano e meio e atravessou todas as adversidades, perrengues mesmo, em bom português. Para chegar até lá, o material comprado na cidade mais próxima, Puerto Montt, viajava 12 horas de caminhão e de barco, e até o destino final ainda era preciso subir num pequeno veículo com tração 4x4. O uso da madeira nativa ditou 20% do desenho da edificação. Tudo foi feito com mão de obra local – os camponeses da Patagônia são conhecidos por serem mestres em carpintaria. Tanto que até parte da mobília foi executada por eles, aproveitando a matéria-prima da região.
A logística difícil não se limitava somente à fase da construção. Era imprescindível torná-la sustentável. Toda a infraestrutura de abastecimento foi planejada, especialmente a de energia. A calefação era uma das maiores preocupações, já que pelo menos oito meses por ano, o frio é intenso. Quando se mudaram definitivamente para a nova casa, há pouco mais de quatro anos, Benjamin (6 anos) e Cora (4 anos) já haviam chegado, assim como toda a mudança vinda de São Paulo num contêiner, e a morada já era um ambiente acolhedor e eficiente. O casal se orgulha em dizer que fizeram uma casa “off-grid”, onde conseguem viver mais desconectados dos serviços externos, como água e energia. Água pura vem de uma nascente próxima e tudo funciona por gravidade. O sistema de energia é gerado com painéis solares e um banco de baterias de lítio, com controle feito a distância quando necessário. Todo o lixo orgânico é trabalhado numa composteira e vira adubo para a horta. É uma casa inteligente e de fácil uso durante todas as estações do ano.
Um lugar que traduz um estilo de vida, perto da natureza, onde até o design, segue um conceito de simplicidade. “Passei parte da minha carreira de modelo na Europa, onde absorvi referências do estilo nórdico, uma estética que combina minimalismo e praticidade, e que trouxemos para a nossa casa na Patagônia”, diz a anfitriã. “Esse conceito orientou cada detalhe da decoração e da organização dos cômodos, refletindo o nosso desejo por uma vida mais simples e de qualidade.”
Hoje as crianças estudam num sistema de “home school”, em um espaço da casa concebido para isso. A rotina inclui muitos passeios em volta do lago e visitas à horta, onde colhem cenouras e comem ali mesmo, brincam com minhocas e assistem a comida crescer. “Quando olho para os meus filhos e os vejo livres, sinto que parte dessa escolha foi por eles”, resume Gustavo. Parece simples e soa simples – eis o extraordinário de uma escolha de vida.