Fernanda Rigon em entrevista exclusiva sobre vida pessoal e carreira
Diretora da Philipp Plein no Brasil, a gaúcha Fernanda Rigon fala sobre carreira, trajetória pessoal e profissional em entrevista exclusiva a L’Officiel
Diretora da Philipp Plein no Brasil, a gaúcha Fernanda Rigon fez carreira na moda e teve seu primeiro filho no exterior, voltou para seu país de origem e se tornou empresária de sucesso. Confira entrevista exclusiva L'Officiel!
Nascida na pequena Montenegro, a 60 quilômetros de Porto Alegre, em uma família tradicional, Fernanda Rigon personifica a determinação e a paixão que impulsionam o sucesso. Da infância e adolescência no interior do Rio Grande do Sul, a estar à frente de uma marca de luxo internacional no Brasil, muita água passou por debaixo da ponte. Depois de cursar um ano da faculdade de Relações Públicas, a sócia e diretora da Philipp Plein no Brasil decidiu ganhar o mundo. Um convite para modelar em São Paulo foi a porta de entrada para o universo fashion.
Em 2007, Fernanda conheceu Philipp Plein em uma festa, apresentada por amigos em comum. O designer alemão estava chegando à capital italiana da moda e queria abrir sua primeira loja lá. “Acabamos ficando juntos e participei de todo o processo de implantação da marca”, conta a gaúcha, que tem um filho fruto desse relacionamento, Romeo, de 10 anos, que mora com ela no Rio de Janeiro. “Eu e Philipp nos separamos um ano depois do nascimento de Romeo e por isso voltei para o Brasil.” Na entrevista a seguir, Fernanda Rigon conta sobre sua trajetória como empresária de sucesso, revela como é seu relacionamento pessoal e profissional com Plein, e as novidades da extravagante marca – que veste celebs como Madonna, a top Bella Hadid, e vários rappers – em terras brasileiras, fala de seu atual marido e da filha caçula, Maria, de sua paixão por viagens e do baque sofrido com a perda da mãe, sua maior inspiração – “perdi um pouco a fé em Deus e ainda não recuperei”.
L'OFFICIEL Vamos começar falando sobre sua infância em Montenegro?
FERNANDA RIGON Tive uma infância maravilhosa com todos os benefícios de viver em uma cidade pequena. Tenho um irmão e uma irmã. Meus pais foram casados até a morte da minha mãe, há dez anos. Era uma família bem tradicional. Só saí de casa aos 18 anos. Estudei na mesma escola durante todo o período escolar e tenho amigos dessa época até hoje. Amizades que começaram quando eu tinha 5 anos e que prezo muito.
L'O Como começou a modelar?
FR Entrei na faculdade de Relações Públicas, no sul mesmo. Cursei por um ano, mas parei para me dedicar à carreira de modelo. Com 18 anos me mudei para São Paulo para trabalhar. Desde pequena gosto de moda, de criação, de televisão, de pessoas, de roupas. Minha irmã costuma dizer que sempre fui exibida. Nos vídeos e fotos de família queria aparecer mais que os outros. Também era muito magra, o que me rendeu apelidos como Olivia Palito, Palito Engomado... tudo isso acabou me levando para a carreira de modelo. Tenho uma personalidade muito pra frente, de querer fazer coisas diferentes, de buscar mais em qualquer área da vida. Logo saí do país para morar em Londres. Também passei uma temporada em Paris, em Xangai, e acabei fincando minha base em Milão, onde vivi por muitos anos. Viajava pela Europa e Ásia trabalhando, e fiz jobs importantes para Dolce & Gabbana, La Perla, John Galliano e vários showrooms.
L'O Como e quando foi seu encontro com Philipp Plein?
FR Conheci o Philipp em 2007. Fomos apresentados por um amigo em comum, em uma festa. Ele estava chegando a Milão e queria abrir a primeira loja. Acabamos ficando juntos e participei de todo o processo do início da marca, da abertura da primeira loja em Montecarlo, desfiles, eventos. Ajudava até no design e em toda projeção da marca. Conhecia vários jogadores do futebol, David Beckham, Ronaldinho Gaúcho, que continua um grande amigo. Eles jogavam no Milan na época. Comecei a divulgar a marca com essa turma, o que gerou uma visibilidade grande. E estou aqui até hoje.
L'O Fale mais do relacionamento de vocês.
FR Ficamos juntos como casal alguns anos, com várias idas e vindas, mas sempre estive presente na construção da marca. Mesmo quando ainda era apenas modelo, sempre me interessei pelo business. Por essas e outras, acabei estudando Fashion Business Development, no IED de Milão. Em junho de 2013 nasceu Romeo. Menos de um ano depois, eu e Philipp nos separamos e voltei para o Brasil.
L'O Como foi esse momento da sua vida?
FR Foi uma fase bastante conturbada. Eu e Philipp tivemos brigas judiciais por quase três anos. Mas como fiz parte da marca desde o início, muitas pessoas que me conheciam, tanto de Milão quanto do Brasil, artistas, esportistas, me associavam a ela. Aconteceu que, mesmo brigados, continuei fazendo parte da empresa. Até que um dia decidimos fazer as pazes. Romeo, que estava com 4 anos, finalmente começou a ter uma relação com o pai, que, a partir daí, se tornou superpresente na vida do filho. Então resolvemos trazer a marca para o Brasil. O mercado de luxo brasileiro precisava de algo diferente, com DNA extravagante, forte, com peças showbiz. Falei com o Philipp e ele topou.
L'O Qual o segredo para manter essa boa relação?
FR Nossa relação é calcada no respeito por toda a história que tivemos, não só pessoal como profissionalmente, desde a primeira loja – hoje são mais de 200 no mundo todo. Mas, principalmente, por respeito a nosso filho, por querer o melhor para ele independentemente das nossas diferenças. O que prevalece é o respeito pelo trabalho e pelo Romeo, que é nosso bem maior. É tudo por ele e para ele.
L'O Como foi a chegada da Philipp Plein ao Brasil?
FR Tive uma oportunidade no Village Mall no Rio para abrir uma loja e então trouxemos a marca para o Brasil. Até então só vendíamos por aqui via Farfetch. Em dezembro de 2023, inauguramos a primeira loja. Hoje sou a diretora da marca no país. Todas as decisões e acontecimentos passam por mim. Isso faz com que eu tenha uma relação ótima com o Philipp, não só como o pai do meu filho, mas no trabalho, uma relação de confiança e um objetivo em comum que é conquistar cada vez mais espaço no mercado.
L'O Qual a cara da Philipp Plein no Brasil?
FR É a mesma do resto do mundo. Sou eu quem faz a seleção das peças que serão vendidas aqui, mas não existe nenhuma coleção especial para os clientes brasileiros. Faço um mix de peças mais extravagantes, para shows, artistas, televisão, e outras mais básicas – temos muita alfaiataria, não é só bling bling. Também trabalhamos bastante com couro.
L'O Como definiria a Fernanda empresária?
FR Uma pessoa destemida, que luta por seus sonhos, arregaça as mangas e corre atrás do que quer. Exijo muito de mim. Cuido de tudo, marketing, exportação, treinamento de equipe, importação. Acordo bem cedo por conta do fuso horário da Europa, durante o dia, são várias reuniões, vistorias de lojas. Tenho que lidar com o estresse. Mas por enquanto não pretendo diminuir o ritmo. Ainda tenho muito o que aprender, muito o que fazer pela marca. Hoje temos duas lojas no Brasil – no Rio e no Catarina Outlet, no interior de São Paulo – e vamos trazer a Plein Sport para essas duas capitais, com criações no estilo esporte de luxo e com preços mais acessíveis. Philipp é um dos poucos estilistas que ainda são donos da própria marca. O Plein Group engloba a Philipp Plein, a Plein Sport e a Billionaire.
L'O Você se casou de novo e tem uma filha caçula. Como é a Fernanda mãe?
FR Sou casada com o empresário carioca Felipe Gomes e temos uma filha, Maria Eduarda, de 5 anos. A tarefa mais desafiadora é conciliar a jornada profissional com a de mãe e esposa. Falo para meus filhos que quando estou ausente é porque estou fazendo algo por eles. Acredito que uma mãe feliz pode criar filhos felizes. Foi assim comigo. Minha mãe sempre foi muito empreendedora, muito vanguardista na área do ensino, cresci vendo minha mãe trabalhando muito, mas superpresente. Eu também sou muito presente na vida dos meus filhos. Tento organizar meu tempo e minha vida para estar o máximo possível com eles.
L'O Encontra tempo para o autocuidado?
FR Manter corpo e mente saudáveis não é tarefa simples quando se tem uma rotina corrida, ainda mais em um mundo imediatista como o de hoje, em que tudo é pra ontem. A gente trabalha mais, não larga o celular. Eu adoraria me desligar, mas ainda não consigo. Tento fazer academia bem cedinho, antes das crianças irem pra escola, umas três vezes por semana. Também faço futevôlei na praia. O contato com a areia, com o mar, ao ar livre, é minha terapia. Gosto muito de estar perto da natureza. Minha família tem um sítio no sul. Fiz hipismo durante um tempo na infância, adoro andar a cavalo. Sou leonina, preciso de sol para recarregar as energias. Ando todos os dias com meu cristal no umbigo coberto como proteção. Acredito em energias boas e ruins. Sou vaidosa, gosto de me arrumar, colocar um salto alto, uso meus creminhos, mas nada muito além disso.
L'O Por conta da moda você viajou – e viaja – muito por aí. O que você tira dessas viagens?
FR Viajar pra mim é a melhor coisa do mundo. Meu lugar é onde minha família está. É meu refúgio no mundo. Meu marido me apoia muito, mesmo eu trabalhando com meu ex. Quando tenho que viajar, ele fica com as crianças. Nas semanas de moda, o Romeo vai comigo para ficar perto do pai. Ele gosta muito dessa atmosfera da moda, por mais que hoje, aos 10 anos, ele queira ser jogador de futebol. Sempre vou a Milão, a Lugano, onde fica o headquarter do grupo Plein… Conheço mais de 60 países. E o que tirei de melhor disso, além das amizades que fiz e que faço questão de cultivar, foi a possibilidade de aprender novas culturas e várias línguas. Falo fluentemente quatro idiomas. O próximo destino será Nova York para um superevento da marca em maio. Depois Cannes para a apresentação da nossa coleção resort na casa do Philipp [que já foi mostrada com exclusividade aqui na L’OFFICIEL].
L'O Quais os próximos passos da Philipp Plein no Brasil?
FR Além da Plein Sport, em 2024 temos planos de abrir outras duas lojas Philipp Plein. Ainda não temos números de comparação, porque a primeira loja foi aberta em dezembro de 2022, mas tivemos um crescimento de 26% até março deste ano. Estamos muito felizes com esse resultado. O mercado brasileiro é muito interessante por mais que o país enfrente problemas econômicos.
L'O Uma novidade.
FR Em junho ou julho teremos a inauguração do Plein Hotel, em Milão. Levaremos os cinco top clients do Brasil para participar do evento. Um acontecimento grande e muito importante para a marca.