Adriane Galisteu: "Nunca fiquei longe do Carnaval"
Adriane Galisteu comenta emoção de homenagear Milton Nascimento ao desfilar pela Portela no Carnaval de 2025
Se tem alguém que entende de Carnaval, é Adriane Galisteu! Carismática, apaixonada pela avenida e com aquele gingado que só ela tem, a apresentadora se joga em mais um desfile arrebatador pela Portela, que este ano presta homenagem a Milton Nascimento. Em um bate-papo leve, divertido e cheio de energia com a L'Officiel Brasil, Galisteu relembra seus momentos marcantes na Sapucaí, conta os bastidores, o que precede a grande noite e revela suas expectativas para mais um ano de pura emoção. Confira abaixo:
Adriane, pelo sétimo ano você vai desfilar pela Portela no Carnaval de 2025! Como surgiu essa conexão com a escola e o que significa para você estar na avenida?
A primeira vez que desfilei pela Portela foi em 1996. Em 1995, fui ao Rio de Janeiro assistir ao Carnaval e no ano seguinte recebi o convite do Maurício Mattos para desfilar para a Portela em um carro. Eu tinha muita curiosidade em saber como era o carnaval de avenida. Minha mãe sempre me mandava para o carnaval e eu gostava de ir, mas era carnaval de interior, de clube e com concursos de fantasia, sabe? Meu sonho era ver como que era o carnaval na avenida. Quando saio pela primeira vez no carro da Portela, obviamente me apaixono e já programo meu próximo carnaval em 1997. Nesse ano, quando fui desfilar, meu carro pegou fogo e todo mundo que estava no carro como destaque foi obrigada a desfilar no chão. A gente fez uma aula porque o carro era enorme, e deu para fazer a aula com as fantasias do carro, mas do chão eu não saí nunca mais. Fui convidada a voltar mais um ano como destaque de chão, lembro que vim toda de branco, nunca vou esquecer disso. Depois do terceiro ano de Portela, sou convidada a ser rainha de bateria, onde vivi mais quatro anos de Portela. Nos anos seguintes, passei quatro anos na escola de samba Acadêmicos da Rocinha e quatro anos na Unidos da Tijuca, depois volto para a Portela. Com essa minha volta, que já são mais de três anos, formam-se dez anos de Portela. Tive muitos anos de avenida e vivi todas as experiências que uma pessoa pode viver em uma avenida no samba. Já fui destaque, desfilei no chão, fui rainha de bateria, sai no grupo de acesso e fui até comentarista de carnaval. Sou uma louca apaixonada por essa época e festa tão linda. Estar na avenida para mim é o momento de maior entrega e paixão de um folião, porque falo sempre que não dá para achar o carnaval mais ou menos, ou você ama e se apaixona por essa festa ou você não gosta. Quem é apaixonado pelo carnaval quer estar cada minuto dentro da avenida, seja assistindo, cantando samba, desfilando, sambando, na frisa ou em um camarote, mas não quer deixar de estar ali. Adoro a atmosfera do carnaval. Também já sai como rainha de bateria em São Paulo, mas tudo começa comigo aqui no Rio de Janeiro. Tenho paixão pelo bloquinho e pelo clima dessa época. Para mim, não consigo me imaginar em outro lugar que não seja aqui.
Seus looks nos ensaios sempre dão o que falar! Como você escolhe o figurino para cada ocasião e o que podemos esperar do seu visual no desfile deste ano?
Sabe que para os ensaios não sou a que mais me preocupo, até porque o nome já diz, é ensaio, então gosto de sair com uma roupa mais confortável, se puder ensaiar de tênis, com um shortinho e uma camiseta da escola estou feliz. Acho que meu grande foco é o desfile. Todas as minhas energias e tudo que quero que aconteça lindamente, deixo para o dia do desfile. O ensaio é mais um momento de diversão, aprendizado, de melhorar e decorar o samba, aproveitar, cantar melhor com a escola e tirar alguma dúvida. Mas é muito emocionante ensaio de quadra. Esse ano a Portela vem com um samba emocionante homenageando Milton Nascimento. A gente sempre esquenta cantando as músicas dele e já arrepia. Acho que nós vamos fazer um grande de desfile. Esse ano venho de rosa-branca da Portela, definido pelo carnavalesco da escola. Quem está fazendo é o Henrique Filho que faz todos os anos. Acho que vai ser lindo!
O Carnaval exige um preparo físico intenso. Qual tem sido sua rotina de treinos, alimentação e cuidados com o corpo para encarar essa maratona? Tem algum alimento ou refeição específica que você evita a todo custo em dias de desfile?
Não tenho uma preparação específica para o carnaval porque já me preparo o ano inteiro. Tenho uma vida muito regrada, saudável e treino praticamente todos os dias durante o ano. Nos dias de desfile claro que minha alimentação fica um pouco diferente. Procuro comer um carboidrato umas três horas antes da avenida para não comer nada pesado, como uma massa com molho de tomate. Acho que é o único momento que fico mais atenta na minha alimentação. Nos outros dias não tenho essa programação específica para o carnaval porque procuro me manter assim o ano inteiro, mas posso dizer que intensifico um pouco mais o aeróbico.
E sobre maquiagem, o que não pode faltar em uma bela produção de Carnaval?
Um belíssimo maquiador e um ótimo cabedeleiro (risos). Sei me maquiar e dar um truque para a pele, mas como é bom ter uma equipe que faz isso pela gente. Adoro poder tomar meu banho, sentar e eles fazem o trabalho e a arte deles. Acho que não pode faltar em termos de beleza, sabe? Mas tem uma coisa que tenho certa mania até pela minha experiência de avenida, por exemplo, acho que a maquiagem do carnaval e da avenida tem que ser leve porque suo muito. Se coloco muita maquiagem vou ficar escorrendo produto e vai borrar, por mais que a gente coloque fixador. Por isso evito muita maquiagem na avenida. Gosto de uma maquiagem leve com uma pele ótima e perfeita, com mais brilho e menos cor.
Você passou por uma cirurgia recentemente, mas já está de volta aos ensaios com tudo! Como foi esse processo de recuperação e o que te motivou a retornar tão rapidamente?
Tomei um susto esse ano que por alguns instantes achei que não pudesse desfilar. Estava fora do Brasil, nas minhas férias e tive um contra-tempo de saúde, fiz uma cirurgia e tirei um cálculo renal uma semana e meia atrás, mas estou ótima e com alta médica. Quando comecei a me sentir mal, não tive dor, mas tive uma febre muito alta e comecei a ficar com medo, não sabia o que eu tinha. Como estava fora do Brasil, acabei sendo medicada na Itália e o médico que me atendeu suspeitou de uma crise renal, uma pielonefrite. Mas o antibiótico me deixou bem e dois dias depois estava me sentindo ótima. Quando cheguei no Brasil, fui até o hospital para saber o que tive para tirar da frente, porque isso me deixou preocupada, pois tinha que estar inteira, ótima e me sentindo bem para esse período, porque sabia que teria uma agenda bem cheia no carnaval, já que não é só o desfile, tem fotos para fazer, vou para a Semana de moda de Paris, então sempre tenho muito trabalho no carnaval. Quando passei no médico aqui no Brasil, ele falou que eu teria que fazer uma cirurgia naquele mesmo dia porque ainda estava com pielonefrite, não estava curada. Mas para não correr nenhum risco durante o carnaval, adiantei essa questão e a gente resolveu fazer a cirurgia. Foi a melhor coisa que fiz, mas fiquei morrendo de medo porque tudo passou pela minha cabeça, inclusive de não conseguir estar aqui no carnaval, mas deu tudo certo e estou prontinha.
Você já desfilou algumas vezes no Carnaval, mas cada ano tem sua emoção única. Qual foi o momento mais marcante que já viveu na avenida?
Vivi muitos momentos. Acho que meu último ano de Portela dos meus primeiros três anos, quando fui de macacão, e naquela época era muito incomum uma rainha de bateria sair assim. A rainha de bateria saia de biquíni, fantasiada, mas nunca de macacão. Foi a primeira vez que piso na avenida com um macacão todo de cristal e não tinha costeiro também. Tirei o costeiro e coloquei as penas na cintura. Foi um escândalo na época assim: “Como assim ela saiu sem costeiro?, “Como assim ela está com macacão?”. Mas sempre me coloquei um pouco nesse lugar, sabe? De sair fora da caixa, pensar diferente, ousar na fantasia e brincar fantasiada no carnaval. Não necessariamente só “Ah, tenho que estar linda”, mas tenho que estar ajudando o carnavalesco a contar a história do samba que ele quer contar. Por exemplo, já sai de chifre na avenida e não era chifre pequeno, era um grande, já sai de elfo, com escudo na mão, de calça, bota, cinto, porque fazia sentido com o samba. Tive grandes momentos diferentes e inesquecíveis na Marquês de Sapucaí.
Há tantos anos desfilando, já passa por sua cabeça dar uma pausa? Ou ainda podemos esperar Galisteu com samba no pé por muitos anos?
Já dei essa pausa, na verdade. Fiquei cinco anos longe da avenida e sofri apesar de ter curtido minha família. Ganhei o título de campeã do carnaval grávida do Vittório enquanto estava com a Unidos da Tijuca. No ano seguinte saio mais uma vez para a avenida, Vittório ainda era pequenininho e depois encerro um pouco o meu ciclo de carreira de carnaval ficando alguns anos fora da avenida. Me diverti, viajei, aproveitei o Vittório pequeno e meu marido, foi ótimo. Mas sempre sentia muita falta de estar aqui. Se eu estava fora do Brasil, ficava procurando encontrar imagens da internet, queria assistir o que estava acontecendo, saber qual era a escola campeã e decorava todos os sambas mesmo distante. Nunca fiquei muito longe do carnaval, sempre fui uma apaixonada.
Este ano, o Milton Nascimento será o grande homenageado pela Portela, com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no Sol”. Como tem sido a experiência de tê-lo presente nos ensaios da escola?
Estou tão feliz de homenagear o Milton, acho que ele merece todas as honras e homenagens do Brasil. Fico feliz que a Portela escolheu esse enredo. Acho que a gente vai fazer um desfile lindo, emocionante como tem que ser e como ele merece. Tenho visto a quadra sair do chão e feliz da vida cantando esse enredo, porque é quando gente percebe um pouco a temperatura do samba. É muito legal chegar na quadra da Portela e ver a escola organizada, feliz e pronta para entregar o melhor, a gente percebe aquela vontade de cantar Milton Nascimento, sabe? Contamos também com a emoção dos fãs do dele também. Quem nunca ouviu “Maria, Maria” e se emocionou com a história de Milton Nascimento e com suas músicas, sabe? Tenho certeza que vai ser um desfilasso. Foi um acerto também da Portela de homenageá-lo. É muito legal ver o quanto ele está entregue. Ele foi para a quadra, fez o desfile técnico, está 100% entregue e tenho certeza que vai ser uma grande emoção para a vida e na história dele.
PING PONG
Bloquinho na rua ou passarela do samba?
Passarela do samba.
Uma música que não pode faltar na sua playlist de Carnaval?
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar…”
Qual é seu ritual indispensável antes de um desfile?
Saio meio pronta do hotel, termino de me vestir na avenida, peço proteção, tomo água só durante o desfile, evito tomar água duas horas antes, como um carboidrato, importante e saudável, e me entrego de corpo e alma.
Um momento inesquecível do Carnaval?
Quando ganhei o título grávida. Acho que esse é o momento que marca minha história e carreira. E também meu retorno a Portela onde tudo começou. Minha história no samba foi linda demais.