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Fabi Saad conquista mais uma parceria de peso: a Huawei

Fabi Saad, fundadora do Mulheres Positivas, começou a trabalhar com foco na causa feminina muito cedo

Fabi Saad
Fotos: Muraca

Fabi Saad fez escola americana e sempre foi apaixonada por línguas. Estudou espanhol e francês na escola e cresceu falando italiano por causa da mãe e da avó. Fez faculdade de comunicação social e MBA em marketing digital pela FGV, participou do Women Leadership Program em Oxford e se formou pela European School of Economics em Roma. “Amo estudar. Falta um mestrado, que ainda vai chegar...”, diz ela. Especialista em conteúdos digitais multiplataforma e causa de gênero, Fabi conta que começou a trabalhar desde cedo em empresas de tecnologia com foco em produtos de serviço de valor agregado para operadoras telefônicas. “Escrevia por hobby e em um dado momento, os dois modelos de negócios se cruzaram”, lembra. Além disso, a fundadora do Mulheres Positivas começou a trabalhar com foco na causa feminina muito cedo. “Cresci em um ambiente muito machista e sempre ouvia que, por ser mulher, teria menor participação nos negócios. Por quê? Eu me questionava muito. Resolvi estudar, me capacitar e combater este ‘destino’. Não quis que outra mulher passasse por nada que passei...”, reflete. O resultado? Está à frente de um projeto que oferece capacitação, empregabilidade e geração de riqueza para mulheres por meio de um aplicativo e já conseguiu o engajamento de 150 empresas no empreendimento, que oferece 81 mil vagas de trabalho – o maior serviço de oferta de vagas para mulheres na América Latina. A seguir, ela, que gosta de abrir caminhos e possibilidades para mulheres de forma bem simples e direta, como um movimento que luta para que todas possam ser tão respeitadas quanto os homens e ter as mesmas oportunidades, fala mais sobre machismo estrutural e força feminina como agente de transformação da sociedade.

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Camisa e calça REINALDO LOURENÇO, joias JP JOALHERIA

L’OFFICIEL Você é fundadora do movimento Mulheres Positivas, que ganhou escala global. Em que países está presente? Quais as bases da plataforma?

FABI SAAD Começamos a nossa operação no Brasil. Como disse antes, sempre prestei serviço para operadoras telefônicas e escrevi para diversos veículos. Quando estava no Estadão, em uma determinada reunião na Vivo, me apresentaram um projeto com foco na mulher e foi aí que eu e o meu sócio da época, Kleber Tolezani, entendemos que havia espaço para um aplicativo com foco na mulher. A Vivo se interessou pela ideia e financiou uma pesquisa de mercado para entender as reais dores da mulher brasileira. O levantamento foi complexo e profundo, e então começamos a programar a primeira versão do app Mulheres Positivas. Aos poucos, fomos sofisticando o serviço e adequando à realidade das usuárias. Comecei a minha operação na Claro Colômbia, onde o produto foi muito bem recebido e aí novamente adequamos à realidade do país. Apresentamos o produto para a Telcel e a ATT no México, onde também conseguimos distribuir o produto para a base das mulheres locais. Lancei uma variação nos Estados Unidos, com foco na liderança feminina e agora estamos trabalhando a todo vapor para a expansão europeia. Tenho grandes parceiros e duas sócias locais que entendem o detalhe do que o mercado local necessita. Hoje o meu maior parceiro no Brasil é a TIM, mas temos mais de 150 empresas signatárias do projeto, oferecendo vagas de trabalho e cursos de capacitação. A TIM foi reconhecida internacionalmente como uma empresa que investe em ações concretas em prol da diversidade e inclusão e o MulheresPositivas foi um dos Pilares. Ter a TIM como o nosso maior parceiro no Brasil significa que estamos alinhados com os princípios de uma empresa e executivos que lutam para transformar vidas positivamente. O que mais me dá orgulho é perceber que muitas mulheres estão se desenvolvendo pessoal e profissionalmente com a ajuda de produtos e serviços que eu idealizei e tive o apoio da TIM para disponibiliza-los em sua base de 50 milhões de clientes.

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Tricô ANSELMI, calça REINALDO LOURENÇO

L’O Qual seu envolvimento com a Huawei?

FS A Huawei, líder global em Inovação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), lançou o projeto  Women in Tech Brasil, uma iniciativa que tem como objetivo atrair mais mulheres e impulsionar a carreira de lideranças femininas na tecnologia. Entre outras ações, está a parceria comigo para oferecer cursos gratuitos de capacitação em diversas áreas de tecnologia como IA, Cloud e 5G. Com a parceria, a Huawei deseja impactar cerca de 5 milhões de mulheres, que terão acessos aos cursos de qualificação da plataforma de educação da Huawei no app Mulheres Positivas. A Huawei busca promover junto comigo iniciativas que visam desenvolver lideranças femininas no mercado de tecnologia por meio de projetos de educação, a fim de aumentar a diversidade no setor e capacitar jovens profissionais para inseri-las na economia digital. A Huawei é uma das 100 marcas mais valiosas do mundo e tem a visão de enriquecer a vida das pessoas por meio da comunicação. Com sólidas parcerias com a indústria local, a Huawei está comprometida com a criação de valor para operadoras de telecomunicações, empresas e consumidores, oferecendo produtos e soluções de alta qualidade e inovação em mais de 170 países e territórios. Com mais de 190 mil funcionários em todo o mundo, a empresa atende mais de um terço da população mundial e está há 23 anos no Brasil.

L’O Como a tecnologia é capaz de apoiar e desenvolver a mulher? Como vê esse universo tech?

FS Desenvolvemos alguns projetos que me trazem muito orgulho. Temos parceria com o Gilson do Paraisópolis e levamos mulheres para o caminhão 5G da Futurecom. É todo um trabalho ancorado em capacitar e trazer informação para essas mulheres, para que elas possam atuar no ramo de tecnologia. No Brasil e no mundo, o mercado de tecnologia enfrenta desafios de atração de talentos e qualificação de mão de obra. Segundo relatório da Brasscom – Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, o setor demandará 420 mil profissionais qualificados entre 2019 e 2024, uma média de 70 mil pessoas por ano. Atualmente, são formados cerca de 37 mil alunos nos ensinos superior e técnico. Se não houver nenhuma mudança, em 2024, o país terá um déficit de 260 mil profissionais. Neste contexto, o cenário para carreiras femininas nas áreas de tecnologia é ainda mais desafiador. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que apenas 13,3% dos alunos de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) são mulheres. Na era digital, a principal forma de superar essas barreiras é a educação, seja técnica, universitária ou treinamento de soft skills. O projeto Women in Tech Brasil foi criado para ajudar a combater esse gap no país e estimular que mais mulheres ingressem nas carreiras de tecnologia, além de impulsionar novas lideranças.

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Blazer e calça VITOR ZERBINATO, joias JP JOALHERIA

“QUANDO AS mulheres RECEBEM MAIS DINHEIRO, CAPACITAÇÃO E INFORMAÇÕES PARA PROGRAMAREM SUAS GESTAÇÕES, TÊM maior probabilidade DE AVANÇAR EM SUA FORMAÇÃO, TER UM SALÁRIO, criar filhos saudáveis, DISPOR DE TEMPO E DINHEIRO PARA OFERECER A CADA UM DELES COMIDA, ATENÇÃO E EDUCAÇÃO NECESSÁRIAS PARA QUE PROSPEREM. QUANDO OS FILHOS ALCANÇAM O seu potencial,NÃO CONTINUAM POBRES; E É DESSA MANEIRA QUE AS famílias E OS PAÍSES SAEM DA POBREZA. NOS ÚLTIMOS 20 ANOS, O BRASIL NÃO REDUZIU A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA, O QUE É UM FATOR IMPEDITIVO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO E ECONÔMICO. NA MAIORIA DAS VEZES, ESTA MULHER sai da escola, GRANDE PARTE É ABANDONADA PELO PARCEIRO, 40% voltam a engravidar DOIS ANOS DEPOIS E O SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE É SOBRECARREGADO.” FABI SAAD

L’O Você também é fundadora da plataforma SOS Mulheres, que combate a violência feminina. Como sair do discurso e partir para a ação?

FS Por muito tempo fantasiei oferecer algum produto ou serviço de apoio ao governo, e com o apoio de Filipe Sabara, lançamos uma plataforma de apoio à mulher, com os pilares Saúde, Segurança e Educação. Foi uma experiência muito rica, visitei delegacias, comunidades e tive a oportunidade de entender a situação real de tantas mulheres. O app do SOS Mulher tem o botão do pânico, desenvolvido com a Polícia Militar, que dá prioridade no envio de viatura para mulheres que tenham medida protetiva. O objetivo da Plataforma SOS Mulher é trabalhar no pré, portanto evitar que a mulher chegue a uma situação de violência, falta de segurança e saúde. O app foi desenvolvido para tratar na raiz casos em que as mulheres que tenham medida protetiva sejam atendidas com prioridade. 


L’O Como entende o desenvolvimento feminino como ferramenta transformadora?

FS Quando as mulheres recebem mais dinheiro, capacitação e informações para programarem suas gestações, têm maior probabilidade de avançar em sua formação, ter um salário, criar filhos saudáveis, dispor de tempo e dinheiro para oferecer a cada um deles comida, atenção e educação necessárias para que prosperem. Quando os filhos alcançam o seu potencial, não continuam pobres; e é dessa maneira que as famílias e os países saem da pobreza. Nos últimos 20 anos, o Brasil não reduziu a gravidez na adolescência, o que é um fator impeditivo no desenvolvimento humano e econômico. Na maioria das vezes, esta mulher sai da escola, grande parte é abandonada pelo parceiro, 40% voltam a engravidar dois anos depois e o sistema público de saúde é sobrecarregado. A gravidez precoce tende a escravizar a mulher, e o Brasil gasta 10% do seu PIB em consequência desse fenômeno.

L’O Qual seu projeto de vida?

FS Transformar vidas através do meu trabalho, garantir empregabilidade, geração de riqueza, segurança para as mulheres. O Movimento Mulheres Positivas nasceu com meu livro Empreendedoras.coaching – dicas de mulheres inspiradoras e depois vieram mais três livros, podcast, coluna escrita, editora, computador e diversos produtos no nosso ecossistema. No entanto, é o app que tem mais poder de transformação. Com mais de 300 mil downloads, hoje são mais de 150 companhias signatárias do projeto. Não há custo para as empresas: a única coisa que elas têm que fazer é oferecer vagas de trabalho para mulheres – inclusive mulheres trans, LGBTQIAP+ – e disponibilizá-las no aplicativo. Em troca, recebem o selo Mulheres Positivas, que atesta que eles apoiam a causa ESG, a causa do gênero.

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Camisa CAROL BASSI, calça REINALDO LOURENÇO, joias JP JOALHERIA

L’O E em meio a tantas causas importantes, como equilibra família, vida pessoal e profissional?

FS Busco focar e alocar meu tempo no que é realmente prioridade para mim. Por muitos anos me “perdi” em tarefas que não me ajudariam a chegar aonde gostaria. Hoje, sou muito cuidadosa e preocupada em focar no que realmente importa. A minha saúde, a minha família, o esporte – e o Mulheres Positivas, que é o projeto da minha vida. 

L’O Sobra tempo livre para cuidar do corpo e da alma?

FS Sou apaixonada por esportes: joguei futebol, vôlei, ando a cavalo… Também gosto muito de vinho, amo cozinhar e sou louca por línguas. Amo estar com os meus filhos e viver uma vida feliz e saudável. Trabalho muito e acabo muitas vezes tendo que me adequar ao fuso, mas quando decidimos colocar de lado o que não importa, nossa vida acaba ficando menos complexa e mais prazerosa. Busco dormir cedo, me alimentar bem e tentar respirar fundo e não me preocupar com o que não mudará o ponteiro da minha vida.

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