Fê Paes Leme fala do início da carreira ao sucesso nas webseries
Carismática e dona de uma risada icônica, Fernanda Paes Leme, transita por diferentes públicos na televisão e nas redes-sociais, onde está bombando com webseries de criação própria.
Fernanda Paes Leme é uma daquelas pessoas que cresceu na frente das câmeras. Seja interpretando uma patricinha na escola ao lado de Sandy, apresentando os segredos dos armários de celebridades na GNT ou interpretando uma versão falsa de si mesma no Instagram, já vimos suas diferentes versões e habilidades. É difícil encontrar qual o melhor título de fato para lhe dar, pois ela já fez absolutamente tudo no mundo do entretenimento.
Carismática e dona de uma risada icônica, Fernanda, transita por diferentes públicos na televisão e nas redes-sociais, onde está bombando com webseries de criação própria. Tudo que ela faz é autêntico, por isso nós não poderíamos perder a oportunidade de trazê-la aqui na nossa série de entrevistas, Parle L’Officiel. Se foi uma sabotagem da má conexão da internet, não sei. Mas a conversa perdeu aquela formalidade mesmo antes de começar. Talvez este seja o efeito natural da Fepa - sim, uso o apelido, porque é impossível não se sentir próximo dela. E, como de costume, para que você também possa sentir parte desse papo, o vídeo da entrevista completa está abaixo do texto.
Nos encontramos virtualmente no final de Setembro, pouco tempo depois das Olimpíadas. O detalhe é importante, pois Fernanda estava a mil fazendo a cobertura do evento em suas redes sociais. Era tão natural e cheio de humor, que parecia até uma brincadeira que fez na internet sem pensar muito. Mas na verdade foi um dos vários projetos que ela criou durante a pandemia junto ao irmão Alexandre Paes Leme.
A primeira destas séries foi a FakeLive, que surgiu de forma espontânea, nos primeiros meses de 2020 quando ela, parada já algum tempo, entrou no dilema de criar ou não algo. Ela dividia o apartamento em São Paulo com o irmão e os dois conversaram sobre isso uma certa noite. Na manhã seguinte ele deu a ideia: “e se a gente fizer uma história onde no isolamento, tem duas Fernandas. Uma que está com vontade de produzir e outra que quer fazer nada”, lembra ela. Gravada remotamente e com uma pequena equipe de colaboradores, a série foi um grande sucesso não só com o público. Ela teve reconhecimento internacional em festivais de cinema e de conteúdo digital. “Fake Live salvou um pouco a minha vida nesse momento pandêmico. Não só criativamente falando, mas de ter um motivo para acordar, produzir, criar e me divertir”, conta.
A partir daí, a plataforma Fepaflix, localizada dentro do instagram dela, abriu suas portas para criar projetos junto à marcas e colocar para fora todas as capacidades da agora também produtora executiva. A liberdade que tem ao criar seus próprios projetos permite com que Fernanda possa explorar lados que sempre quis, entre eles, “jornalista esportiva frustrada, que em algum momento eu já quis ser. Como boa geminiana, a gente nunca quer ser uma coisa só”, brinca. O projeto das olimpíadas, além de ser uma forma de apoiar os atletas do nosso país, também foi uma forma de homenagear os jornalistas esportivos da família, o pai e o avô, “tá no sangue”.
Essa consciência para usar as redes sociais em seu trabalho, já a acompanha desde o surgimento do Twitter, rede da qual era foi uma das primeiras usuárias e agregou vários outros atores globais. Ela percebeu a dimensão da ferramenta quando comentava a primeira temporada do reality A Fazenda da TV Record com o amigo e ator Bruno Gagliasso. Não só os jornalistas usavam seus tweets como aspas, como os dois receberam um comunicado da Globo avisando que não pegava bem eles falarem de outra emissora nos seus perfis. Este foi o pulo do gato para entender como usar as redes ao seu favor.
Ela pôde mostrar ao público uma “outra Fernanda que ninguém tinha acesso e que ninguém conhecia. E ela estava ali de forma espontânea… Eu vi que era só eu ser eu mesma e as coisas aconteciam. E ser eu mesma, é legal”, comenta. Desde então se posiciona de forma genuína, autêntica e, claro, com cuidado para “dividir muito bem o que mostrar e o que não mostrar. A minha vida não é um reality nos meus stories”. Ela se permite desaparecer por uns dias e também mostrar quando não está no seu melhor, “não acho que a rede social tem que ser uma vitrine de uma vida que você não leva e que você gostaria de ter. Porque você só se engana e engana as pessoas e elas sentem isso”, explica, “é você [usuário] que escolhe o conteúdo. Todo mundo brinca um pouco de ser o dono de emissora, de ser um Boninho, sabe?”
Não é um acaso que a referência usada como chefe seja o famoso diretor, afinal foi quem deu à ela seu primeiro trabalho de apresentadora no programa Superstar em 2014 da Rede Globo, a emissora onde já trabalhava como atriz desde a série Sandy & Junior em 1999. O programa foi uma febre com os adolescentes na época e ficou quatro anos no ar. Mesmo hoje, mais de 20 anos após o encerramento do programa, Fernanda ainda recebe perguntas e comentários sobre dele, o que não a incomoda, pois guarda essa fase com muito carinho e até se impressionou com a reação dos fãs quando foi assistir a mais recente turnê da dupla, em 2019, “eu pensei: meu Deus, como pode? Que nostalgia boa. Que sentimento bom, de tantos anos depois ainda tocar no coração das pessoas”.
É impossível falar da série sem comentar sobre a volta de Marcos Mion à emissora, que também fazia parte do elenco na primeira temporada. Fernanda consegue entender a efusividade do apresentador por estar trabalhando lá, “meu coração faz tum tum toda vez que eu entro no PROJAC. Eu sempre amei estar lá dentro”, explica, “eu fui muito feliz na Globo, tive ótimas oportunidades lá, principalmente quando estreei no Sandy e Júnior. Depois eu fui subindo um degrau de cada vez e voltando quatro”.
Apesar da dificuldade da transição para se tornar apresentadora, o novo título abriu diversas portas. “Naquele tempo, não tinha essa coisa de você poder fazer tudo. Ainda tentavam colocar você em uma caixa. Ou é atriz, ou é apresentadora. Hoje mudou, mas obviamente quem teve que passar por isso, fui eu”, brinca. Ela nunca deixou de atuar e intercalava os trabalhos que iam surgindo dentro da emissora. “Se eu sou a Fernanda Paes leme, se hoje tenho esse nome que as pessoas conhecem, é por causa dessa história na Globo. Esse holofote sempre está lá. Independente do tamanho do papel que você faz, as pessoas te reconhecem”. Como se percebe, hoje ela continua parceira e admiradora da casa que ela considera uma escola. No entanto, nessa nova fase de carreira, está permitindo testar outros caminhos, como na Netflix, onde tem uma série prevista para 2022.
Outra grande transformação que aconteceu na vida de Fernanda, foi de "maloqueira" (termo usado por ela mesma) à fashionista. A noção do que era a moda começou com a sua personagem Patty, a patricinha de Sandy e Junior. Ela foi aprendendo com o figurino e visagismo da personagem. A equipe sempre a deixava arrumadinha após as gravações, pois ela e os colegas saiam para o forró. Com um pouco de blush e cabelos arrumados, ela notou que o efeito que isso dava e começou a se interessar mais, “o meu grau de vaidade, que era bem pequeno, começou a subir um pouco e hoje eu me considero uma mulher super vaidosa”, ri. Mas a chave virou com a dica da atriz Taís Araújo que sugeriu ela transformar “o ter que se arrumar” para algo que ela pudesse fazer com as amigas ou usar isso para algo criativo. E assim nasceu uma it girl.
A partir daí, ela comandou programas sobre moda e design, Desengaveta e Missão Design da GNT e arrasou com looks incríveis no X Factor, da Band, onde conheceu seu atual stylist Marcell Maia. “Eu via antes como um lugar só de futilidades quando adolescente. Ai preguiça. E não, a moda é muito mais. Eu passei a amar isso, de brincar com a moda”, comenta.
Dos esportes ao botox, a Fernanda é aquela pessoa que fala de tudo um pouco. São tantas histórias que se conectam uma na outra, entre piadas e comentários sérios, que a gente nem sente o tempo passar. Como lidar com a fama e fãs, situações com os tabloides, momentos de quase-estrelismo e os diversos cortes de cabelo, são algumas das coisas que deixamos exclusivamente para o vídeo, afinal, são melhor contadas pela própria, como seu jeito único e seu tom. Mas ela é aquilo que a gente imagina quando vê suas redes sociais: aberta, engraçada e genuína.
Créditos
Foto: Luiza ferraz
Looks: Marcell Maia
Make: Mário Marques
Vídeo: Karen Sanovicz