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Giovana Cordeiro fala de beleza e representatividade em entrevista

Giovana Cordeiro estará na próxima novela das 19 horas - Fuzuê, ao lado de Marina Rui Barbosa

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Fotos: Maria Magalhães

Aos 26 anos, Giovana Cordeiro já sente saudades da provocante e atrevida Xaviera, personagem da trama Mar do Sertão da Tv Globo, que teve seu último capítulo, na última sexta-feira (17). A atriz que emprestou seu próprio cabelo para a personagem, lembra que já teve suas madeixas lisas, e ressalta que a transição capilar foi um processo de autoconhecimento difícil, desafiador, mas foi muito bom.

Giovana não terá muito tempo para descansar, já que estará na proxima novela das 19 horas, Fuzuê da Globo. A próxima personagem da atriz será a mocinha, ao lado de Marina Rui Barbosa - a vilã da nova novela. A  trama será gravada em praias de Paraty e Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro.

Em entrevista exclusiva para L'Officiel Brasil, Giovana fala sobre a despedida da novela, Mar do Sertão, do alinhamento perfeito com o elenco, como foi trabalhar com atores mirins durante a trama, além de compartilhar a transição capilar e reforça que "quanto mais diversos os corpos, os cabelos, os tons de pele que virmos na TV, mais representatividade teremos. E representatividade importa muito." Confira!

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L'Officiel Brasil: Como foi se despedir de Mar do Sertão? A cumplicidade do elenco da novela foi nítida. Fale um pouco da relação de vocês durante as gravações?

Giovana Cordeiro: Muito difícil (risos). "Mar do Sertão" é uma novela que já deixou saudade. Terminamos de gravar e continuamos muito unidos. Uma parte do elenco viajou junta agora para o Rio Grande do Norte e foi uma delícia. Pensar que não teremos mais a convivência diária dói um pouco. Mas os laços se manterão, com certeza. Isso é muito importante. Além dessa relação tão verdadeira nos bastidores, a novela em si foi muito gostosa de fazer. O texto era muito bom, os personagens eram muito bem construídos, todo mundo teve seu espaço para brilhar. E nós torcemos muito uns pelos outros durante todo o caminho. No fim, minha sensação foi de dever cumprido e muita saudade. Essa personagem representou muita coisa para mim. Chegou na minha vida de repente e me ensinou muito!

L'O: Sua personagem no início da trama parecia vilã, e aos poucos foi mudando, e roubou o coração do público. Como foi essa trajetória?

GC: À primeira vista, ela podia ser lida como uma vilã mesmo, mas o discurso dela sobre as dificuldades que enfrentou na vida era muito sincero e ali ela já começava a apontar um caminho de tentativa de mudança.  A proximidade com José Mendes (Sergio Guizé) fez com que o olhar dela se transformasse um pouco também, mas eu sempre defendi as motivações de uma mulher que tinha uma necessidade muito grande de ser amada e valorizada, e tentava deixar espaço pra tudo acontecer. Costumo falar que Xaviera me ensinou muito sobre a impermanência da vida, porque ela é uma mulher que não se define por nada. Ela realmente acredita que sempre há uma chance de mudança. Isso é muito bonito, especialmente porque na vida real a gente tende a não pensar nesses movimentos, a desejar que as coisas permaneçam sempre estáticas. Isso foi um fator de identificação com o público, na minha visão. Porque as pessoas começaram a olhar para ela e se identificar. Ela trouxe durante toda a novela dilemas e conflitos muito humanos, sinceros. Eu me divertia lendo, fazendo e depois acompanhando a repercussão no ar.

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L'O: Como foi trabalhar com o elenco mirim da trama?

GC: Maravilhoso! Eles são muito talentosos. E acho que Manduca (Enzo Diniz) e Joca (Miguel Venerabile) foram as primeiras pessoas que se aproximaram de Xaviera e a deixaram completamente desarmada. Ela baixou todos os muros, e isso a deixou à flor da pele de muitas maneiras, acredito que inclusive para que ela mudasse mesmo. Porque, por  causa da história de vida dela, Xaviera era uma mulher um pouco mais endurecida. Mas a partir daquela relação mais desinteressada, vejo que ela encontrou um caminho para ver outros tipos de relação se estabelecerem na vida dela. Ver a dinâmica entre eles, acompanhar o aprofundamento da relação deste trio e ver como eles se tornaram mesmo amigos na história foi muito gostoso. Nossa novela escalou um excelente elenco infantil, não posso deixar de citar o Theozinho Matos (Cirino) e a Manu Guimarães (Rosinha na primeira fase) que também foram surpreendentes em suas encenações. É muito inspirador ver crianças criando, brincando em cena. Ao mesmo tempo, todos eles tinham um respeito e uma determinação linda de acompanhar.

L'O: A novela carregou muito o sentimento de fé. O que é fé pra você?

GC: Fé pra mim é uma escolha de ponto de vista. A vida ficou mais surpreendente quando eu escolhi andar com ela e perceber o mundo por essa lente. Eu sou uma pessoa de muita fé, cultivo, cuido da minha energia, busco mentalizar sempre os movimentos que pretendo gerar e vou percebendo como a vida vai me guiando para os próximos passos. Entender que a gente faz a nossa parte e confiar, com paciência, que as coisas vão se encaixar é um aprendizado diário. Então, imagina como foi para mim poder falar disso por meio da Xaviera. Um trabalho que apareceu muito de repente na minha vida, exigindo muitas mudanças e adaptações em tão pouco tempo, sendo exatamente a personagem que queria: solar, divertida, popular… Foi especial demais. Aliás, esse é um dos pontos de contato entre nós duas. Na segunda fase, ela foi muito guiada pela fé, pela força que isso tinha para ela. Nisso nós somos muito parecidas!

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L'O: No que a transição capilar contribuiu na construção do seu personagem? Por quê?

GC: Eu passei pelo processo de transição capilar há alguns anos. Então, ela não influenciou diretamente na Xaviera. Mas a personagem usava o meu cabelo, o que é sempre muito legal. Quanto mais diversos os corpos, os cabelos, os tons de pele que virmos na TV, mais representatividade teremos. E representatividade importa muito. Lembro que quando eu estava crescendo, não via na TV referência de cabelos cacheados. Então, o "normal" era ter o cabelo alisado. Eu só seguia o fluxo. Com o tempo, comecei a querer me ver com meu cabelo natural, entender o que ele representava para mim. O processo de transição capilar, para mim, representou um mergulho profundo em mim, de conexão comigo, com a minha ancestralidade. Foi impressionante como, a partir disso, o jeito de me vestir mudou, a maneira de me comunicar, minha autoconfiança. Não é "só sobre mudar o cabelo", muitas vezes por representar um resgate de quem você é. Foi isso que aconteceu comigo.

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L'O: Em algum momento durante a transição capilar você teve vontade de desistir? Como foi esse processo pra você?

GC: Essa é uma vontade normal, eu acho, quando passamos pela transição capilar. Muitas vezes você se vê com três texturas diferentes de cabelo, fica difícil de entender o que está acontecendo. Essa estrada é também difícil. Todo processo de autoconhecimento é também difícil e desafiador, ainda mais quando se tem pouca informação. Foi para criar uma rede de apoio para mulheres, especialmente para mulheres que passam pela transição capilar, que eu comecei com o projeto #AguentaFirme. Com a hashtag quero falar e ouvir sobre as angústias desse processo, sobre o que dá certo, sobre como cada uma de nós pode ser livre com a nossa escolha. O #AguentaFirme não é sobre fazer a transição capilar a qualquer custo, mas é para as mulheres encontrarem um espaço seguro para trocarem sobre o assunto e serem livres para fazerem suas escolhas.

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DICA DO ESPECIALISTA:

O hair stylist Gustavo Almeida do Espaço B dá dicas de como enfrentar a transição capitar com paciência e cuidados. "Eu aborto para minhas clientes que esse é um processo a longo prazo e a gente tem que ter um acompanhamento profissional pra que ele possa indicar produtos e uma rotina do dia a dia, para que essa mulher venha se habituar com os cabelos naturais dela. O tempo de duração da transição capilar vai depender de alguns fatores: tempo de crescimento do fio, tipo de química que era realizada nos cabelos será feito um corte ou não. A gente viveu muito tempo essa ditatura que somente os fios lisos eram bonitos e hoje a gente vem com a tendencia muito forte ao naturalismo. A beleza real de cada mulher. Paciência é a palavra-chave, mas depois compensa porque ela terá um cabelo mais saudável e uma rotina diferente."

Fotos: Maria Magalhães 

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