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Letícia Colin promete muita emoção e reviravolta em ‘Os Outros’

Letícia Colin abrilhanta a nova temporada da série ‘Os Outros’ ao lado de Adriana Esteves, e fala sobre a experiência em entrevista exclusiva

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Letícia Colin | Jorge Bispo

Letícia Colin cresceu diante do público! A atriz, que começou a sua carreira ainda muito nova, hoje acumula diferentes trabalhos de sucesso, que foram marcantes, únicos e especiais não apenas para ela, como também para os seus espectadores. 

   

De ‘Malhação’ (2002) e ‘Floribella’ (2005) a ‘O Novo Mundo’ (2017) e ‘Todas as Flores’ (2022), Letícia deu um show de atuação, desabrochando frente as câmeras e amadurecendo como atriz e mulher em cada um de seus projetos! Agora, brilhando em cima do palco ao lado de seu esposo, Michel Melamed – com quem tem um filho chamado Uri – Letícia comenta quais são os desafios de seu novo papel, revela como foi gravar com Adriane Esteves em ‘Os Outros’, e entrega detalhes de sua vida íntima e pessoal ao abordar temas como maternidade, relacionamento, saúde física e mental, além de moda e autoexpressão! Confira:

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Letícia Colin | Jorge Bispo

Você começou a sua vida artística muito nova. Primeiro como modelo e depois migrou para a TV, com grandes sucessos como ‘Sandy e Junior’, ‘Malhação’ e ‘Floribella’. Como foi iniciar na televisão tão jovem? Você estava preparada para o desafio ou aquele foi um processo totalmente novo a ser descoberto?

Só pra fazer uma retificação, eu não era modelo. Eu fui para uma agência de atores quando tinha 8 anos e trabalhava fazendo publicidade, que é um começo bem comum pra muita gente. Era um trabalho que tinha um fluxo maior na época, com mais oportunidades do que os trabalhos dramatúrgicos. Muitos atores faziam comerciais, até como porta de entrada pra profissão. Comecei a fazer testes com textos e desafios de interpretações que a direção dava e sempre me diverti muito nesse processo de estar de frente pra câmera e fazer algo que deixava as pessoas surpresas. Acho que meu prazer em atuar é sempre provocar uma sensação de quem está me vendo atrás da lente, porque não é um olhar direto, é um pouco protegido, mas também é muito revelado, porque o olhar da lente é cirúrgico, vê coisas que o olho humano não vê. 

 

Desde pequena percebi que eu provocava sensações, um riso, um comentário, uma emoção. E sempre foi desafiador. Eu sou de uma família que não tem uma tradição artística, mas meus pais sempre me apoiaram muito. Minha mãe sempre esteve comigo, levando a todos os lugares. Ela se aposentou e conseguia acompanhar tudo, e era uma demanda de tempo, de energia, uma demanda psíquica muito grande e eu gostava do ambiente de set, sempre me encantou. Eu nunca me acostumei, até hoje, quando chego num teatro, numa coxia ou num estúdio, gosto de chegar antes e ver o lugar vazio. Quando vou começar um trabalho novo e vejo aqueles grids de luz, as câmeras, os cenários, o cheiro de tinta, sempre foi muito mágico. Sinto que é um local de conexão com o sagrado pra mim e falando dessa coisa de surpresa de provocar no outro, que descobri criança que era possível, anos depois eu li a biografia do Marlon Brando, ele disse que a partir de um momento da carreira dele, que ele deveria ser como um pugilista e que uma expressão, fala ou olhar, seria como um golpe surpresa que pega o adversário desprevenido. Isso é o que deixa a luta instigante, emocionante e especial. Li esse livro quando tinha uns vinte anos e pensei: caramba, era isso que eu sentia. Não me comparando com o Marlon Brando, rs, mas é legal como os atores tem pontos de contato no seu ofício. 

   

E destas produções, qual foi a sua favorita? Como uma fã assumida de ‘Floribella’, preciso dizer que você trouxe muita alegria para a minha infância ao lado da Juliana Silveira! Quais as suas melhores lembranças dessa época?

A minha preferida foi a novela “O Novo Mundo”, minha personagem era a Leopoldina. Como era uma novela histórica, a gente contava fatos reais, mas ela também foi fantástica, e eu adoro esse universo lúdico. A gente tinha sequências num navio com piratas, eu podia andar a cavalo - que eu adoro! Ela tinha uma composição muito complexa de ter um sotaque, de ir atrás da biografia dessa mulher, que tinha muitas pistas pelo caminho. Era uma responsabilidade grande fazer alguém que existiu e mudou a história do nosso país, e também desmistificar, fazer cair essa ilusão da princesa, do castelo, do reino, dos befícios, do privilégio, de mergulhar na tristeza e na solidão dela, e também do Brasil Colônia,  nesses processos de poder que circulavam na época. Foi muito importante e, ao mesmo tempo era muito lúdico e divertido, porque eram super caracterizações, de outro tempo, era muito fabular. Estar nessa fantasia com muita liberdade criativa, com direção do Vinicius Coimbra, foi uma novela que ficou no coração das pessoas e no meu também. 

  

Sobre Floribella, agradeço demais o carinho, admiro muito a Ju Silveira, lembro que na época eu nem acreditei que iria fazer essa novela e foi muito bom viver um momento de um sucesso tão grande e em outra emissora. Foi muito saudável a gente ver isso acontecer. As gravações tinham uma temperatura muito adolescente. Porque eu era adolescente, todo mundo era na verdade. O que foi muito bom nessa fase de encontrar seus pares, nesse momento, que é um processo muito desafiador, que pode ser traumático até. Então ter passado a adolescência convivendo com aqueles artistas, trabalhando, criando, me ajudou a ancorar muitos sentimentos e sensações. É muito legal saber que a gente fez pare também, das crianças e adolescentes que estavam crescendo e vibrando com a gente e acessando sentimentos através das cenas, da música, a novela tinha essa coisa música, que eu sempre amei, a galera gostava muito e de repente até elaboravam seus sentimentos, porque a gente falava de namoro, família, de afetos. Tem um lugar de muito carinho e respeito por esse trabalho.

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Letícia Colin | Jorge Bispo

Na trama de sucesso de João Emanuel Carneiro, Todas as Flores, você foi muito elogiada pelo seu trabalho e todas as cenas intensas de Vanessa, sua personagem. Como se preparou para viver essa vilã e principalmente, como fazia para virar a chavinha depois de uma gravação e voltar a ser a Letícia, mãe e esposa dedicada?

Eu tenho a sensação que Todas as Flores ficou, existiu mais do que um trabalho, um período, virou algo mais sólido, na minha vida pelo menos. Eu acho que não saía totalmente do personagem, porque a jornada de trabalho é longa, desde o momento que vc acorda até quando vai gravar 20 cenas, você já está pensando naquilo. Só que antes você escova os dentes, leva seu filho pra escola, passa o texto, depois pára pra fazer compras ou colocar gasolina, aí não está mais no personagem. Chega pra gravar, se maquia, almoça com os amigos e esquece totalmente, aí você lembra que é aniversario de alguém, manda um presente, volta a gravar… rs… então tem um atravessamento dessas vidas paralelas, que não deixam de acontecer. 

   

Mas o marco da Vanessa pra mim não foi a maldade - é claro que ela era uma pessoa que falava coisas horrorosas e totalmente cancelada, um ser humano desprezível, patético e hilário, por conta disso, como a arte faz pra gente olhar pros vilões e para as pessoas que tem muita mesquinharia no coração - mas a característica maior dela, pra mim era o pico de energia dela, pela velocidade que ela falava, andava, se movia, pela montação dela, usava muitas joias, sempre maquiada, impecável, em cima de um salto. Então essa vibe, essa personalidade dela, manter esse ambiente para ela acontecer, no meu corpo, na minha voz, na minha atuação era bastante desgastante, então eu sentia fisicamente esse cansaço, mas valeu cada gota e cada segundo, rs.

    

Agora, dividirá o protagonismo com Adriana Esteves na segunda temporada de “Os Outros”, série de sucesso do Globoplay prevista para o segundo semestre. Você será a Raquel, uma corretora de imóveis evangélica que se envolve em conflitos com vizinhos do novo condomínio onde se passará a trama. Como se preparou para o personagem? Falando em religião, você é budista, não é? Como você se conectou com a religião? 

Eu tive esse chamado para fazer uma das séries que mais amei assistir na minha vida, que foi “Os Outros”. Achei bem desafiador fazer algo que eu queria tanto, que eu sou tão fã e retomar minha parceria com a Luisa Lima, que foi diretora de “Onde Está meu Coração” e que sempre eleva meu trabalho e me desafia a chegar em lugares que dão sentido para continuar me provocando, me dedicando como atriz. 

 

Trabalhar com a Adriana Esteves é um luxo, ela é uma unanimidade, ela é muito amorosa, profissional, engraçada, muito talentosa, íntegra, leve ao mesmo tempo que pode ser muito densa e intensa, acessa as emoções de uma maneira muito rápida e com muita elegância, eu sou muito fã da Adriana. Essa personagem também vai ter um desenrolar da história bem próximo do Edu Sterblitch, que é padrinho do meu filho, nós somos compadres porque também sou madrinha do filho dele, Caetano. A gente queria trabalhar junto há muito tempo e ele faz um personagem icônico na série. A gente tem um ponto de conflito entre esses dois personagens, então as pessoas podem esperar grandes reviravoltas, grandes emoções, porque o texto é do Lucas Paraíso que deixa a gente sempre desnorteado com os rumos da história. Que eu acho que é uma das partes das experiências incríveis da série, a maneira como a história tem viradas surpreendentes.   

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Letícia Colin | Jorge Bispo

Qual tipo de personagem seria um desafio para interpretar e com quem sonha dividir um palco ou uma cena?

Fazer alguma coisa com a Renata Sorah seria um sonho, uma grande diva! Gostaria de trabalhar novamente com a Viviane Pasmanter e queria fazer algo com a Isabel Filardes também. Tenho muitos sonhos ainda, muitas coisas a serem feitas. Fazer um texto clássico, talvez um Strindberg - Srta Julia. Sempre tive vontade de fazer algo de realismo fantástico, lúdico e excêntrico.  

   

Hoje, ao lado de Michel Melamed, você retorna aos teatros para fazer sucesso na pele de Claudia. Como tem sido a experiência de dividir o palco com o seu marido? É algo fácil para você? Existe alguma técnica para separar o marido do personagem? 

Nesse trabalho especificamente, a gente está usando tudo, a nossa vida privada, nossa vida real e a experiência individual de cada um como artista, da nossa trajetória e também o que a gente tem de vivência do casamento, da nossa relação, do amor, da passagem de tempo juntos, das demandas, das dificuldades, das crises e contratempos. O tema da peça é exatamente esse, a impermanência, a mudança dos momentos individuais de cada um e esse desafio de se reinventar para continuar junto. Nesse caso a gente não tinha que separar, não, mas a gente queria fazer alguma coisa que divertisse, tocasse as pessoas, tudo junto para que tivesse uma complexidade de sentimentos. A peça tem isso, um olhar poético - que é muito característico do trabalho do Michel, da maneira poética de contar a história, com muito humor e acaba tocando fundo no público.    

   

Junto ao Michel, você é mãe do Uri, de 4 anos. Como tem sido essa jornada na maternidade? Existe algum desafio que você achou que não conseguiria superar e por fim, o superou lindamente?

Eu achei a maternidade desafiadora desde o início e acho diariamente. Cada momento tem uma transformação muito importante acontecendo que deixa a gente muito vivo, muito conectado com a essência da vida que é se transformar, tentar lidar com as nossas imperfeições, com as nossas frustrações e se surpreender, se comover, se emocionar. O filho deixa isso muito vivo na gente, esse potencial da vida fica vibrando na nossa cara. Tem sido uma jornada muito prazerosa e muito desafiadora, tudo junto.  

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Letícia Colin | Jorge Bispo

Como é a Letícia fora das telas?

Ah eu adoro dormir, meditar, passear com meu filho, ler pra ele em casa. Gosto de pedir pizza e comer com a minha família, com os amigos e ir na casa deles também. Gosto de ter um tempo só pra mim, sem barulho, sem ruído, que às vezes chamo de meditação e às vezes é só cultivar um vazio. Preciso muito disso para me sentir inteira, funcionando e poder voltar pro trabalho e também seguir a vida. As funções são várias, materna, em casa, como cidadã, amiga, como companheira. 

  

Já sofreu com machismo ou algum assédio?

Não tem como ser mulher e não passar por algum episódio em algum momento da vida ou diariamente, que costuma ser o mais comum. Então sim, já passei. Mas é importante também reconhecer o meu privilégio, a minha passabilidade por ser uma mulher branca, com olhos claros, estou atenta a isso também e reconheço que a minha trajetória não é fruto só de muito trabalho, talento e dedicação, mas também de privilégios.

    

Você se considera uma mulher de opiniões fortes? O que é inegociável para você?

Eu acho que toda opinião é forte, né? Defender o que se acredita, seja contrariando a massa ou afirmando, é a sua voz, seja dizendo o que todo mundo diz ou uma coisa que ninguém diz nunca, ela é extremamente poderosa. A opinião já nasce forte, já se constitui em ser revolucionária. Só quando ela é criminosa é que tem que ser detida, mas de resto é tudo muito poderoso. E inegociável eu acho que é a ética, caráter, jamais fazer mal ao outro e não pensar no todo, jamais.   

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Letícia Colin | Jorge Bispo

Agora depois dos trinta, como você definiria a beleza nesta fase da sua vida e como isso é diferente de como você definiria a beleza quando era mais jovem?

Tem menos ansiedade, tanto pra se vestir quanto para não se vestir. Na real, aumentou, alargou o espectro do que é considerado beleza e de como se vive a beleza, de como se ter um experiência bela, de escuta, de prazer, no trabalho, no amanhecer, numa boa noite de sono, numa comida, no silêncio. Tem uma explosão no significado de beleza, a gente se dá conta do quanto ele está em toda parte e que por isso ele é também muito poderoso, só que mais leve. Às vezes ele está na maquiagem e às vezes está no jeito de uma pessoa.  

 

Como você define o bem-estar físico? O que você faz para se exercitar?

Bem-estar físico tem a ver com dormir bem, conseguir tirar os alimentos inflamatórios do dia a dia, comer menos glúten, ter uma rotina. Eu tenho muita dificuldade em estabelecer uma rotina, me comprometer. Como cada projeto que a gente faz, cada personagem leva para uma rotina diferente, um horário, uma demanda, uma energia diferente, depois é muito difícil retomar. Quando você se despede do personagem, sua vida é que fica, sua própria energia. Então tenho tentado ir muito nessa direção, tenho aprendido muito isso por causa do meu filho. A gente vê na prática como a rotina muda a relação deles com a vida com os compromissos, com tudo. Ele tem me ensinado muito sobre isso. E a rotina do filho também ajuda muito a gente a se organizar.

 

Para me exercitar eu faço uma yoga nova, chamada Kaiut, que é voltada para recuperar os movimentos das articulações que a gente perde na nossa vida moderna. De tornozelo, quadril, ombro, e isso acaba causando dores, indisposição, cansaço, enxaqueca e ela também regula o sistema nervoso central. Eu faço também pilates, na Stella Torreão, sou aluna de carteirinha, amo muito trabalhar a força com alongamento.   

     

Que caraterística deve ter uma roupa para fazer você se apaixonar?

Ser criativa, ter cara de única, ser uma peça que tenha presença, energia e história também, porque eu gosto muito de peça de brechó, então se ela tiver uma cara de roupa que passou pelo tempo, pelo guarda-roupa de outras pessoas, uma peça tem que ter personalidade e profundidade.  

 

Como vê a queda dos padrões de beleza femininos?

Ainda temos muito caminho pela frente, ainda tem muitos adolescentes com questões psicológicas e desdobramentos trágicos, por conta dessa comparação do corpo, a dismorfia, crianças também sofrendo por conta da aparência, cabelo, cor da pele, tem muito caminho ainda pela frente. 

 

Seu mantra para a vida é…

“Uma coisa de cada vez."

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