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Maria Casadevall volta ao cinema com um papel que promete impactar

Maria Casadevall, em exclusividade à L’Officiel Brasil, revela os desafios, paixões e transformações por trás de seu retorno ao cinema

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Maria Casadevall (Foto: Pupin + Deleu)

Maria Casadevall retorna às telas com "A Mulher ao Lado", um filme que marca não apenas sua volta ao cinema, mas também uma nova fase em sua trajetória artística. Após um período longe dos holofotes, a atriz se reencontra com o ofício que tanto ama e revela os desafios desse retorno, desde a imersão no set até a exposição da divulgação. Sob a direção de Bárbara Paz, que estreia como cineasta, Maria se entrega a um projeto que desafia convenções e explora a complexidade das relações humanas, especialmente através de sua personagem, Victória, uma mulher livre e cheia de contradições.

Em entrevista exclusiva à L’Officiel Brasil, a atriz reflete sobre a influência do cinema em sua vida, sua visão sobre padrões de beleza e a importância da representatividade LGBTQ+ no audiovisual. Com uma carreira marcada por papéis que exploram relações e sexualidade, Maria compartilha como suas vivências moldam sua percepção sobre amor, liberdade e poder. Além disso, fala sobre sua rotina intensa, sua relação com a moda e a saúde, incluindo o impacto da cirurgia para tratar a Síndrome de Eagle. E para 2025? O desejo de contar histórias provocativas e, quem sabe, um retorno aos palcos.

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Fotos: Pupin+Deleu

L’Officiel – “A Mulher ao Lado” marca seu retorno ao cinema. Qual foi o maior desafio nesse reencontro com as telas? O que a atuação ainda te ensina sobre autoconhecimento?

Maria Casadevall- Eu estava com muita saudade do ofício, da dinâmica no set, de estar em cena jogando com boas parcerias, acredito que este primeiro momento de criar, construir personagem e estar no SET, contém desafios naturais de todo processo criativo. A demanda de exposição que exige o processo de divulgação do filme depois de um período de recolhimento será o momento mais desafiador deste processo. 

Nessa profissão serei sempre aprendiz pois sua principal matéria-prima, antes de qualquer técnica adquirida, é a observação atenta do comportamento humano, e quando a gente observa de verdade o outro estamos sempre a aprender sobre nós.

L’Officiel – Como foi atuar sob a direção de Bárbara Paz em sua estreia como cineasta? O que aprendeu com ela e o que mais te surpreendeu no processo?

Maria Casadevall- Bárbara é uma grande artista, sensível, generosa e com visão, ela sabe o que quer. Enquanto estamos filmando, ela já está montando o filme na cabeça, ao mesmo tempo que, por também ser atriz, mantém um olhar muito atento ao trabalho dos atores em cena. Conheci Bárbara no meu primeiro trabalho na televisão, na novela “Amor à Vida” e sempre me inspirou a forma afirmativa como ela desconstrói estereótipos e se reconhece enquanto artista. Neste projeto tive a oportunidade de conhecer sua versão diretora mais de perto, e aprender com a sua ousadia criativa e sobre como, mesmo se colocando aberta a ouvir, ela confia no próprio olhar.

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Fotos: Gustavo Zylbersztajn

L’Officiel – O que mais te atrai no cinema e o que espera que o público sinta ao ver o filme? Como foi viver Victoria e quais aspectos da liberdade dela foram mais desafiadores para você?

Maria Casadevall- No audiovisual, o Cinema é o meio que sintetiza e potencializa histórias, abre espaço e oferece linguagem para relações humanas complexas gerando afetos e visibilidades. Acredito que este filme vá para além do entretenimento, ele convoca o público a tirar suas próprias conclusões sobre a conduta de cada personagem, questionando suas escolhas e mudando de opinião no decorrer da história. Victória é uma pessoa muitas vezes contraditória e acredito que as contradições humanas são sempre um grande desafio a ser interpretado com verdade e integridade.

L’Officiel – Você já interpretou personagens que exploram relações e sexualidade. O que mais te instiga nesses papéis, especialmente entre homens e mulheres?

Maria Casadevall- Me intrigam as relações humanas reais e acredito que a sexualidade seja parte delas, porém uma das coisas que me chamou atenção neste filme é que, embora a relação  entre protagonistas da história aconteça entre um homem e uma mulher, a sexualidade da Victória não é heterocentrada.

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Fotos: Gustavo Zylbersztajn

L’Officiel – Como suas vivências com homens e mulheres moldam sua visão sobre amor, liberdade e poder? Como lida com expectativas sociais e a representação LGBTQ+ na mídia?

Maria Casadevall- Expectativas sociais fazem parte das relações humanas em sociedade, são moldadas de acordo com a percepção do coletivo (ou não) sobre as diversidades que existem dentro deste corpo social, e é justamente a visibilidade conquistada por essa diversidade (de sexualidade, gênero, raça e etc)  nas mídias, sobretudo no audiovisual, que ampliam a afirmação dessas existências facilitando a percepção e aceitação do coletivo sobre elas, abrindo caminho para geração de visibilidade, empatia e por consequência facilitando a garantia de direitos de grupos historicamente marginalizados. São minhas relações humanas e olhar crítico a respeito da estrutura em que elas estão inseridas que me ensinaram sobre amor, liberdade e poder.

L’Officiel – Como encara os padrões de beleza da indústria? E de que forma a moda reflete sua autoestima e sua identidade como atriz? Qual peça de roupa e até mesmo item de beleza que você não pode deixar de ter? 

Maria Casadevall- Os padrões de beleza impostos estão sempre a serviço de determinado grupo social (que cria este padrão) e altera de tempos em tempos o que seria a forma ideal e irreal (a partir de uma visão machista e fetichista) de ser e estar no corpo, o que permanece inalterado são os corpos para os quais se direcionam as regras criadas, ou seja, corpos de mulheres, produzindo cada vez mais disforias, transtornos de ansiedades e medo do envelhecimento. De todo modo percebo que também é crescente no mundo da moda a entrada de agentes criativos que afirmam e enaltece a diversidade dos corpos bem como questões de sustentabilidade e meio ambiente, percebo que esta moda está mais alinhada com a minha forma de me relacionar com o vestir autêntico de auto expressão e conforto. Peças de roupa customizadas, all star e filtro solar são itens importantes na manutenção do meu vestir e cuidar.

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Foto: Gustavo Zylbersztajn

L’Officiel – Com uma rotina intensa, como mantém corpo e mente equilibrados? E como a cirurgia da síndrome de Eagle mudou sua percepção sobre saúde?

Maria Casadevall- Na verdade sem muita fórmula mas buscando manter sempre o corpo em movimento, aceitando a instabilidade da minha rotina e integrando à ela o que me traz bem estar como caminhada no parque, dança intuitiva na sala de casa, prática de yoga, treino funcional e meditação, não necessariamente nessa ordem e nem sempre na frequência ideal ou que eu gostaria (risos).

Sobre o diagnóstico da Síndrome de Eagle, ele veio depois de conviver por muitos anos com um desconforto que eu não sabia nomear, uma espécie de apertamento da região da garganta sobretudo em momentos de uso excessivo da voz, entre outros sintomas associados. O meu caso foi cirúrgico, porém, existem diferentes formas de lidar com o diagnóstico mesmo porque o alongamento do processo estilóide se constituiu de uma maneira particular em cada corpo e seus sintomas variam também de pessoa para pessoa.

L’Officiel – Depois de um tempo longe da TV, o que te fez aceitar esse projeto? Como vê sua trajetória até aqui e o que podemos esperar para 2025?

Maria Casadevall- Ao ler o roteiro me interessou o humor ácido utilizado para contar uma história tão rotineira quanto peculiar, abordando temas da natureza humana a partir de uma premissa simples e inteligente e, sem dúvida, este projeto indica um norte para o caminho que pretendo seguir daqui pra frente, contar histórias interessantes, provocativas, que abordem temas e debates relevantes e estar com uma equipe de pessoas que admiro tanto à frente quanto atrás das câmeras. Embora eu tenha iniciado minha trajetória no teatro em São Paulo com a Cia de Teatro Os Satyros foi na televisão que meu trabalho ganhou visibilidade e reconhecimento, com novelas e séries para streaming, este retorno está sendo uma oportunidade de me apresentar com mais maturidade ao Cinema e quem sabe, também, de voltar para os palcos, aguardemos.

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Fotos: Gustavo Zylbersztajn
Créditos equipe
Talent Maria Casadevall @mariacasadevall
Assessoria talent Andrezza Ribeiro @a.lua.a
Fotografia Gustavo Zylbersztajn @gustavozylbersztajn
Assistência de Fotografia Anderson Bueno @ander_sb77 e Thomas Aguilera thomas_aguilera
Styling Juliano Pessoa e Zuel Ferreira @julianoezuel
Produção de Moda Gabriela Fabosa e Ricardo Bordignon
Assistência de Styling Matheus Spindola
Beauty Gui Casagrande @casagrandegui
Assistente de Beauty Danni Quess @danniquess
Produção Executiva Daniela Mercadante @danimercadante Merkat @merkat_art
Agradecimentos: Locação Matiz Bar @matizbarsp

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