Morre Glória Maria, ícone da TV e pioneira do jornalismo brasileiro
Glória Maria estava internada em tratamento contra um câncer desde meados de 2022
Morreu, na manhã desta quinta-feira (2), a jornalista Glória Maria. Ela estava internada no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, fazendo um tratamento contra o câncer. A confirmação foi dada em nota pela TV Globo, emissora em que ela trabalhou por mais de 50 anos. A causa da morte ainda não foi confirmada oficialmente.
“É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”, informou a TV Globo.
Segundo o comunicado, em 2019 Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão que sofreu metástase e foi combatido com êxito inicialmente.
“Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia. Sofreu metástase no cérebro, tratada em cirurgia, também com êxito inicialmente”, prossegue o texto.
No entanto, em meados de 2022, Glória voltou a fazer o tratamento para combater novas metástases cerebrais, que deixaram de fazer efeito nos últimos dias.
“Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio", diz o comunicado.
Glória Maria é referência e pioneira no jornalismo brasileiro. Consagrou-se como ícone da TV, e foi a primeira jornalista a entrar ao vivo no Jornal Nacional e inaugurou a era da alta definição da televisão nacional.
Foi a primeira jornalista negra a estrear como repórter na televisão brasileira, em 1971, durante a cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Ao longo dos mais de 50 anos de carreira, mostrou mais de 100 países em reportagens, viajando pelo mundo.
Vida pessoal e carreira
Glória Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro. Filha o alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos e sempre se destacou. Na juventude, conciliou estudos na faculdade Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel.
O primeiro emprego na Globo foi em 1970. Na época, trabalhou como radioescuta, fazendo rondas por telefone, ligando para batalhões e delegacias além de monitorar frequências. Glória Maria trabalhou no Jornal Hoje, no RJTV e no Bom Dia Rio, onde fez a primeira reportagem do matinal local, há 40 anos.
Entrevistou diversas personalidades como Michael Jackson, Madonna, Freddie Mercury, Mick Jagger, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e outros. Entrevistou políticos, cobriu a posse de Jimmy Carter em Washington e, no Brasil, durante o período militar, entrevistou chefes de estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo.
Em 1986 passou a integrar a equipe do Fantástico, onde foi apresentadora de 1998 a 2007. Fez reportagens especiais, incluindo a cobertura da guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).
Em 2007, ao lado do repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues, a jornalista realizou a primeira transmissão em HD da televisão brasileira. Foi uma reportagem no Fantástico sobre a festa do pequi, fruta de cor amarela adorada pelos índios Kamaiurás, no Alto Xingu.
Após 10 anos no programa, tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais. Viajou para a Índia e Nigéria onde trabalhou como voluntária. Nessa época, adotou as filhas Maria e Laura.
Apenas em 2010 voltou à Globo e passou a integrar o Globo Repórter, onde estava até hoje. Viajou o mundo para fazer reportagens especiais, mostrando a diversidade culturais dos países e que se tornou uma das marcas da jornalista, conhecida pelo talento indicustível e referência contínua da profissão.
