Nathalia Dill celebra protagonista de ‘Família é Tudo’ em entrevista
Nathalia Dill fala sobre sua protagonista em ‘Família é Tudo’ em entrevista exclusiva para a L’Officiel Brasil
Quem não lembra do surgimento de Nathalia Dill na TV Globo? Desde o início, a atriz provou que a emissora é uma fábrica de talentos, consolidando-se como um grande nome na televisão por anos e anos. Protagonista vai, protagonista vem… Nathalia agora vive a Vênus, mocinha para lá de destemida e super-humana em Família é Tudo, sucesso das 19h na Globo.
Junto a estes atributos, Nathalia Dill afirma com convicção que, na verdade, a sua protagonista é uma heroína! “Vênus é uma heroína, ela tem ação, tem atitude, ela se movimenta, não está apenas passiva reagindo aos acontecimentos, eu acho isso uma conquista!” comenta a global sobre a personagem. Além do bate-papo sobre Vênus, a atriz abriu o coração sobre maternidade, gravidez na pandemia, bastidores de gravação da novela e aproveitou para revelar qual personagem ela viveria novamente “sem pensar duas vezes”! Confira a entrevista exclusiva com a L’Officiel Brasil agora:
Em ‘Família é Tudo’ você dá vida à Vênus Mancini! Como tem sido a experiência de interpretar uma personagem tão madura, apaixonada, independente e até ‘investigadora’? Acha que ela acaba se encaixando naquele estigma da ‘mulher que dá conta de tudo’?
Eu acho muito interessante que a Vênus é uma personagem da atualidade, uma mulher de hoje em dia, que tem a vida dela. Ela é a própria força motriz, ela é que faz a própria vida acontecer. E a trama da Vênus, o desejo dela, não está relacionado ao desejo de um outro personagem, isso eu acho muito interessante.
Quando você diz que ela acumula muitas funções, eu acho que pode estar correlacionado ao estigma feminino, de estar fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, mas também acho muito interessante e moderno, a personagem feminina ser a força motriz da novela, na qual ela é a agente das ações, ela que vai em frente, que resolve, ela não só reage, ela provoca as ações. Isso eu acho de uma modernidade incrível. Hoje em dia não se fazem mais mocinhas, se fazem heroínas. E a Vênus é uma heroína, ela tem ação, tem atitude, ela se movimenta, não está apenas passiva reagindo aos acontecimentos, eu acho isso uma conquista!
Na novela, você divide cena com Arlete Sales (Frida e Catarina), Ramille Xavier (Andrômeda), Juliana Paiva (Electra), Thiago Martins (Júpiter) e Isacque Lopes (Plutão). Como tem sido conviver com esta “grande família”? Conta pra gente como é o clima nos bastidores!
É muito legal, porque nessa novela a gente tem uma gama de atores muito plurais. Temos a Arlete que é uma veterana, que tem uma trajetória linda, que vem com toda uma experiência, uma sabedoria de como se colocar nessa linguagem televisiva, temos pessoas que estão começando, com frescor, com uma energia nova, pulsando uma criatividade nova e diferente e atores que são meus contemporâneos, mas que eu nunca tinha cruzado. Tem um leque muito plural de atores que faz os bastidores serem muito divertidos. A gente troca muito, a gente se ajuda, se diverte, ri bastante e festejamos também. É muito divertido quando tem cena de todos os irmãos, que ficam todos juntos. É um bastidor muito rico.
Você tem 38 anos e foi mãe na pandemia! Hoje, a pequena Eva tem três anos, mas olhando para trás, como foi gestar em uma fase tão difícil e repleta de incertezas?
Eu tive o privilégio de estar bem estruturada, não foi uma surpresa, não me arrebatou, mas, ao mesmo tempo, foi complexo por que tudo o que a gente tinha organizado e programado caiu por terra quando veio uma pandemia. Foi um momento muito difícil, eu grávida já estava a flor da pele com as incertezas daquele governo, da falta de vacina, da doença, eu acho que fiquei mais a flor da pele do que ficaria numa gravidez normal.
Mas, ao mesmo tempo, o fato de eu estar em casa e poder atender e ouvir as demandas do meu corpo e do meu tempo, sem estar trabalhando enlouquecida, foi muito bom. Do corpo nem tanto, porque às vezes eu queria andar, passear, pegar um sol e não podia. Mas pelo menos de poder administrar melhor o meu tempo, isso foi muito bom, principalmente no puerpério. Eu consegui administrar o meu tempo que é uma coisa que não consigo normalmente. Eu não possuo o meu próprio tempo, então foi um momento de poder me organizar no tempo das minhas próprias necessidades.
E aí eu vejo como eu fiquei mais a flor da pele, como estava tudo mais complexo, tanto na gravidez como no puerpério, além de ser marinheira de primeira viagem, também estava naquela situação atípica. Mas também não sei como é estar gravida fora dessa situação, então não sei qual a porcentagem dos hormônios, a porcentagem da mudança do mundo, da pandemia, de uma primeira gravidez, não sei o que pesou mais na balança.
E hoje, a Eva acompanha o seu trabalho? Como você costuma inseri-la em sua rotina?
É interessante que a gente vai percebendo que o filho vai mudando a dinâmica, mas essa dinâmica é constantemente mudada e elaborada, é um projeto que nunca estreia (rs), vai mudando, elaborando, mudando a gestão, mudando a dinâmica, cada hora, uma demanda, cada hora uma necessidade.
Eu voltei a trabalhar em formatos diferentes, então cada formato tinha uma necessidade diferente. Primeiro eu fiz teatro, tive a turnê da peça, depois fiz a série que era um tipo de gravação, agora a novela que é outro tipo de gravação. Cada trabalho era uma dinâmica diferente.
Mas o que eu faço desde o início é conversar, explicar, falar, fazer com que ela entenda o que eu faço, entenda que ela é muito amada e que essa é a dinâmica. É isso, tento conversar muito, deixar claro para ela ter mais tranquilidade do que está acontecendo.
Na novela ‘Guerreiros do Sol’, que deve ser lançada na Globoplay em 2025, você interpreta a Valiana, uma personagem que está lutando contra o câncer de mama. Como se preparou para viver essa experiência?
Eu to muito animada para essa estreia. É uma experiência muito diferente fazer uma obra fechada, rodar tudo e depois ver como vai ficar. Se assemelha a um filme, mas é maior, uma experiência realmente diferente. Estou muito animada e curiosa para assistir.
O que achei interessante com essa personagem é que por mais que ela seja uma mulher que teve câncer no início do século, cem anos depois as questões ainda são muito parecidas: mulheres sendo abandonadas pelos homens nesse período de enfermidade, insegurança financeira, insegurança matrimonial.
No mesmo período que eu estava vivendo essa personagem, a Preta Gil estava vivendo a mesma situação. Uma mulher empoderada, bem sucedida, com uma família presente, passou por um abandono matrimonial nesse período de enfermidade, igual uma mulher de cem anos atrás.
Isso me chocou muito porque eu comecei a ver muitos relatos, pesquisar muito, e é muito triste ver ainda essa semelhança num intervalo de cem anos de história.
Moda é arte, você concorda? Como se relaciona com esse universo fashion?
Eu acho que a moda é a sua expressão, e a arte nada mais é do que a sua forma de se expressar, comunicar e dialogar com o mundo. A arte está nesse diálogo e a moda também. E eu entendo que quanto mais cuidadoso for esse olhar para a moda, mais cuidadoso vai estar o discurso que eu quero passar.
As tendências vêm e vão. Você costuma adotar algumas? Quais?
Eu adoto tendências, eu sou muito aberta, não só pelo corpo e personalidade que vão mudando, mas também por conta dos personagens que vão surgindo e esteticamente vão tomando conta do nosso corpo, o cabelo muda, isso interfere no caimento da roupa, e depende do período de vida também. Então é uma mistura de tudo. Como o ator trabalha com seu próprio corpo, com sua própria imagem, é muito difícil ter uma personalidade imutável, ela vai sendo alimentada por todos os campos.
Eu lembro que a minha avó dizia que achava um absurdo a cintura baixa, que um dia a cintura ia subir, e eu achava aquilo uma viagem louca dela. E realmente a cintura foi subindo, e passei a usar apenas cintura alta. Agora vejo a cintura baixa voltando de novo. Esse era um olhar que minha avó sempre teve, de que a moda volta, então ela guardava muita coisa, ela tinha um olhar estético muito afiado!
Sendo mãe de menina, rola um momento de brincadeira com roupas e maquiagem? Acha que já tem uma “sócia” de guarda-roupa para o futuro? rs
A Eva adora brincar de maquiar. Ela já me viu maquiando algumas vezes e quer pegar o pincel, me maquiar e me ajeitar. Ela gosta dessa brincadeira e um dia estava me arrumando para trabalhar, ela pediu pra me maquiar e perguntou o que estava faltando, eu disse que era o perfume. Ela passou o perfume em mim e falou: Você vai chegar no trabalho e suas amigas vão dizer, nossa Nathalia como você está cheirosa (rs). Ela é toda comunicativa!
Nessa vida corrida de atriz o cuidado com a pele e o cabelo são super importantes. Como você faz para dar conta da beleza mesmo nos dias mais agitados? Tem algum truque especial?
Sempre fico muito atenta com pele e cabelo. O cabelo fica muito prejudicado com o uso de tinta (acabo usando muitas vezes para personagem), uso muito calor, como secador, babyliss e atualmente estou com megahair, que também agride o cabelo. Então estou sempre tratando e cuidando. Tento usar bons produtos no dia a dia, que faça uma boa hidratação.
E tem uma coisa que curto fazer no cabelo, mas não consigo fazer sempre, que é colocar um bom creme de hidratação e fazer uma sauna, quando os poros já estão abertos, ajuda muito. É uma hidratação que vale por uma semana.
E com pele eu também preciso ter um cuidado especial, porque tenho uma tendência hormonal a ter espinhas, não só no rosto como no corpo. Então eu realmente preciso ter uma atenção com muito carinho e cuidado. Minha pele é a primeira a gritar quando estou mais cansada, com alguma alergia, quando os hormônios estão loucos. Tenho que ter um olhar mais atencioso, me preocupo sempre em deixar a pele respirar, limpar bem, retirar bem a maquiagem, cuidando também da alimentação e descanso, obviamente.
E o que tem na geladeira da Nathalia Dill? Quais são suas principais escolhas para o dia a dia?
O que tem bastante na geladeira ultimamente é leite de aveia, pra tomar um café com leite ou pra fazer uma panqueca. Tem sempre um pãozinho, uma geleia… inclusive outro dia estava comendo geleia e a Eva falou: mamãe você come tanta geleia, você vai virar um pote de geleia! (Rs) Amo geleia mesmo!
Você já interpretou vilãs e mocinhas. Qual foi a personagem mais gostosa de viver?
Tem várias personagens que tenho saudades, mas uma que eu gosto muito é a Branca de “Liberdade, Liberdade”. Ela era uma vilã que tinha um toque grande de humor, um sotaque que eu me divertia muito fazendo. Se o Mario Teixeira quiser voltar com a Branca, eu vou correndo (rs).
Um desafio artístico que toparia sem pensar duas vezes:
Eu toparia alguma coisa musical, cantando, tocando algum instrumento ou dublando, tenho muita vontade de dublar desenho. Fico jogando pro universo para isso acontecer algum dia.
Sua maior realização enquanto atriz:
Minha maior realização enquanto atriz é poder viver da arte, que é bem difícil nesse país. E outra é saber o quanto a gente consegue alcançar diferentes públicos e deixar um pouco melhor a vida das pessoas. A arte tem várias funções, uma delas é instigar, provocar, questionar e a outra é deixar o mundo mais leve. Então quando eu consigo fazer algum desses pontos, o sucesso está aí!
Uma dica valiosa para quem está iniciando a vida na televisão:
Uma coisa que eu faço, é estar aberta! Aberta a ouvir, a trocar, a receber, a ouvir um questionamento do outro em cena, ou alguma análise. Como o ator está dentro da cena, ele não consegue se ver de fora. Então precisamos estar abertos a esse olhar. E às vezes esse olhar pode ser duro, pode não ser tão agradável, mas é importante ouvir, dar o benefício da dúvida. É importante parar e absorver o olhar do outro!