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Rita Batista: a voz poderosa do 'Saia Justa' e do 'É de Casa'

Rita Batista é jornalista, apresentadora, mulher, mãe e uma das vozes mais fortes da TV. Em entrevista à L’Officiel Brasil, ela compartilha suas experiências

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Rita Batista (Foto : Iude)

Em uma entrevista exclusiva para a L'Officiel Brasil, Rita Batista, uma das vozes mais influentes da mídia brasileira, compartilha sua trajetória impressionante e as novas empreitadas em sua carreira. Apresentadora dos programas "É de Casa" e "Saia Justa", Rita fala sobre sua estreia no icônico programa do GNT, sua conexão com a Bahia, o lançamento de seu livro "A Vida é um Presente", e a importância de representar e amplificar vozes negras na televisão. Com 21 anos de carreira, Rita Batista reflete sobre os desafios e alegrias de sua vida pessoal e profissional, abordando temas que vão desde maternidade até a luta contra o racismo e o sexismo.

Rita Batista é uma mulher de múltiplas facetas: jornalista, apresentadora, escritora, mãe e, acima de tudo, uma comunicadora nata que utiliza sua plataforma para discutir temas sensíveis e necessários. Durante a conversa, ela revela como a cultura baiana continua sendo uma fonte inesgotável de inspiração, mesmo enquanto concilia uma vida profissional movimentada entre Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. A entrevista não só oferece um olhar profundo sobre a mulher por trás das câmeras, mas também reforça seu compromisso com a transformação social e a igualdade racial no Brasil.

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Rita Batista (Foto : Iude)

L'Officiel Brasil: Como foi o processo de transição de Salvador para grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro? Você acredita que a Bahia continua sendo sua maior fonte de inspiração?

Rita Batista: Salvador é um grande centro. Salvador é a capital do maior estado do Nordeste. O Nordeste é composto por nove estados. O país nasceu aqui, né? A primeira capital do país. O Brasil se forma a partir desta organização política. E é um estado que tem 417 municípios, tem a maior baía do Brasil, a segunda maior do mundo. É um dos destinos ainda hoje mais procurados por conta dessa multiplicidade e possibilidade turística e da natureza. Então, a migração para o sudeste é por conta, muito por conta, dos centros de decisão. As sedes das emissoras estão lá, as emissoras foram criadas nesse eixo; é um processo que é natural para quem vai para a exibição de rede, que tem alcance nacional. Isso já tinha acontecido em outra emissora e, a partir daí, eu consegui essa transição também, mas continuo morando aqui. Moro em Salvador e trabalho no Sudeste. A gente brinca aqui na emissora, eu e Luiz Miranda, ator maravilhoso, que conseguimos essa façanha. Algumas pessoas dizem, “ah, mas é cansativo”. De fato, é, mas é muito prazeroso, né? E ter essa possibilidade... tanto eu quanto o Luiz, já moramos no Sudeste, né? Eu já morei em São Paulo duas vezes, amo, adoro São Paulo, mas nesse momento avalio que não há necessidade. Então a Bahia é meu esteio, minha fortaleza, minha âncora, lembrando que a Bahia é grande, múltipla e não se resume a Salvador.

L'Officiel Brasil: O "Saia Justa" é um programa icônico com décadas de história. Como é para você estar à frente deste programa agora, ao lado de personalidades como Bela Gil, Tati Machado e Eliana? O que você pode dizer em uma palavra sobre cada uma de suas colegas?

Rita Batista: Eu sou telespectadora do Saia desde sempre e o Saia se confunde com a minha própria história. Porque eu tenho 21 anos de carreira e o Saia tem 22 temporadas. Eu sou telespectadora. Em 2016 eu fui convidada para ser repórter do quadro “Saia pelo Brasil”. Eu trabalhava em Salvador, em outra emissora. Olha, está vendo as migrações? Trabalhava em Salvador de segunda a sexta, no jornalismo, na TV Aratu, SBT, era apresentadora, a âncora do Jornal do Meio-Dia. E o GNT me convidou e eu aceitei de pronto. E a gente trabalhava no final de semana, fazia duas cidades por final de semana, eu e um cinegrafista, um videomaker, para entregar esse quadro, né, o “Saia pelo Brasil”, que foi uma experiência incrível. Ali eu tive uma proximidade com as entranhas do produto. Eu tive uma possibilidade de participar dessa produção mesmo à distância. E olhe que essa época a gente nem falava em trabalho virtual. Veja como o Saia é pioneiro até mesmo na compreensão do trabalho. A gente não falava em trabalho virtual, a gente não falava em híbrido. Não tinha pandemia, não tinha absolutamente nenhuma possibilidade desse trabalho ser feito dessa forma, àquela época. Mas o Saia me convidou, eu topei, a gente formatou e foi maravilhoso. Então, eu fiquei mais próxima disso. Depois, quando eu entrei no É de Casa, eu fui convidada para participar do sofá, ainda com a formação lotada de amigas de longa data, Larissa Luz, Astrid Fontinelli, Sabrina Sato e Luana Xavier. E foi lindo. E esse ano veio o convite. Obviamente, aceitei. Mais um fluxo migratório. Eu que estava fazendo essa ponte de Salvador, Rio de Janeiro, eventualmente São Paulo para outros trabalhos, agora tenho São Paulo fixo na semana. Então, muito bem. Bom, vamos lá. Bela Gil, disposta. Tati, a personificação do carisma; é impressionante em qualquer situação ou circunstância. Eliana, elegante, uma mulher sentada nos ísquios.

L'Officiel Brasil: Sua estreia no "Saia Justa" coincidiu com um momento de grande visibilidade para o programa, com exibição no Globoplay e no Fantástico. Como isso tem sido? E qual é a sua abordagem para lidar com temas tão sensíveis e importantes como maternidade, saúde mental e autoestima?

Rita Batista: O Saia me dá a possibilidade de amplificar essa voz, porque eu já faço isso desde sempre. Então, falar sobre temas sensíveis, ditos polêmicos ou espinhosos é do meu DNA profissional e pessoal. Meter o dedo na ferida, falar de coisas que as pessoas não querem, discutir, debater, mas que são importantes, a meu ver. E, para mim, qualquer coisa pode ser dita a qualquer pessoa, só depende do jeito. Então, o Saia me dá essa possibilidade às quartas de noite, a partir dos temas propostos, de expor a minha opinião, a minha visão de mundo, sem julgamentos e sem nenhuma pretensão de modificar o que as pessoas pensam, e sim de estabelecer ali, naquela conversa o que há já e amplificado pelo Brasil, o respeito; que é possível a gente debater com respeito, que é possível a gente discordar com respeito, que é possível a gente mudar de opinião com respeito. O respeito é balizador de toda e qualquer relação, inclusive essa, de apresentador, de telespectadores, de criador de conteúdo, falando de rede social, e audiência e seguidores. E isso, para mim, é muito bom. Eu gosto muitíssimo. E, para mim, estar no Saia é esse lugar mesmo. Construir essa carreira, tenho construído, me preparei para estar lá e desempenhar um bom trabalho, dar minha contribuição para essa estrutura que é coletiva, que tem Eliana na ancoragem, nessa temporada, e que tem uma linha fina, uma sintonia fina entre nós quatro. Está sendo muito bom.

L'Officiel Brasil: Em relação ao "É de Casa", como você concilia os dois programas, sendo um de TV aberta e outro de TV por assinatura? Quais são as principais diferenças na dinâmica de trabalho entre esses dois formatos?

Rita Batista: O É de Casa tem as suas peculiaridades por ser um programa ao vivo de 5 horas, o maior programa na TV aberta há alguns anos, aos sábados; a gente brinca que são 5 programas em um só, porque são vários os públicos a serem atendidos, então a gente tem esse formato de revista, sem perder o jornalismo, sempre presente. A Super Manhã tem essa marca, alinhada ali com o jornalismo, então a gente atende ao público brasileiro, assim, todo ele, com suas nuances, inclusive. Então a gente tem a faixa mais heterogênea da TV brasileira e a gente vai equilibrando esses pratos todos rodando ao mesmo tempo.

Eu amo fazer ao vivo, eu sou cria do ao vivo, sempre fiz programas ao vivo, então pra mim é um exercício dos melhores, assim, e dessa coisa de você ter que virar pauta, né?  Que é a emoção que eu acho que todo jornalista gosta, essa possibilidade que a gente tem de mudança.  A gente programa uma coisa, obviamente, mas é o sabor da audiência que vai nos dizendo ali no minuto a minuto se tá gostando ou se não tá gostando, e a gente muda. E, também, o programa coletivo, que a gente tem essa certeza do tamanho de cada um, da persona de cada um, da contribuição que cada um pode dar, respeitando o espaço do outro e fazendo o produto em uma só voz quando há necessidade, porque isso é importante. E o Saia tem um público específico, tem uma faixa específica, é mais tarde, então a gente tem possibilidade de falar de certos assuntos por conta da classificação etária do programa e é gravado, tá sendo gravado nessa temporada por conta das agendas das Saias. Então, eu gosto muito do ao vivo. Eu sou da TV ao vivo, nasci na TV ao vivo, então tô me adaptando ao gravado. A gente grava num ritmo de ao vivo, grava no dia anterior, grava na terça pra exibir na quarta. O Saia também tem um histórico de programas gravados, mas eu tô torcendo pra gente conciliar essas agendas todas e no próximo ano voltar pro ao vivo. Então, as principais diferenças pra mim são essas: os temas, um programa de opinião, um outro programa de variedades, um gravado, outro ao vivo. Os dois coletivos.

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Rita Batista (Fotos : Iude)

L'Officiel Brasil: Você é mãe de Martim e sempre compartilha a importância da maternidade na sua vida. Como a maternidade influenciou a sua carreira e a sua visão sobre o mundo?

Rita Batista: A maternidade não veio assim da vida toda não, veio num momento e pá, resolvi essa execução, logo. E um casamento acabou muito por isso, assim, meu segundo casamento foi, uma das nossas questões era essa, eu queria ter filho, quando eu decidi que eu queria ter filho, e ele disse que não queria ter filho, eu falei, então não tem por que, óbvio, outras coisas também, mas você veja como a maternidade já foi definindo coisas na vida. A partir disso, depois no terceiro casamento, quando eu engravidei e tal, Martim nunca foi empecilho para absolutamente nada; com três meses da vida dele, eu fui convidada para voltar para o carnaval, para fazer carnaval, porque eu não estava em emissora de TV quando eu engravidei dele, eu estava no rádio somente. E aí, eu olhei pra Marcel, para o pai de Martim, e falei assim, vou voltar. Ele falou, “vá, que eu vou buscar o leite”. Martim mamou exclusivamente até os oito meses. E foi essa picula, né, eu fazendo transmissão de carnaval, nos intervalos eu fazia a ordenha, a emissora colocou um frigobar, Marcel ia buscar o leite do menino, tinha um estoque em casa, obviamente, mas a gente não desperdiçava uma gota. Então, a maternidade me deu ainda mais possibilidade de separar o joio do trigo. Se eu já era seletiva, se eu já sabia o que eu queria antes, depois que o Martim nasceu, aí é que eu sei mesmo. Então, em 2020, quando surgiu o convite da Globo para ser repórter da Supermanhã, não pensei duas vezes e fui, mas entendendo que o melhor pro meu filho era ficar com o pai em Salvador e não encarar esta rotina, que é a minha rotina, que faz parte da construção da minha carreira, desse sobe e desce de avião e dorme em hotel e dorme em um estado e acorda em outro. Eu gosto de ser mãe, viu? Gosto de ser mãe de Martim. É massa.

L'Officiel Brasil: O seu livro "A Vida é um Presente" já está na segunda edição. Qual foi a maior inspiração para reunir os 111 mantras? Como esses mantras influenciam a sua rotina diária?

Rita Batista: A inspiração foi a pressão dos meus seguidores. Rita, você tem que botar no livro, Rita, você tem que botar no livro, porque não bastava eu falar o mantra. Aí eu legendava, aí não bastava eu legendar, aí tinha que colocar na legenda do post também, não só no vídeo. Aí, queriam todo dia quase que aulas particulares de mantra. Aí eu falei, gente, tem que lançar um livro mesmo. Como o universo nos ouve e atende, a Planeta me convidou, a minha editora, através do selo Academia. Reunimos os 111 mantras mais executados em rede social, testados e comprovados não só por mim, mas pela minha audiência. E “A Vida é um Presente” está na segunda edição. Estarei inclusive em São Paulo, na Bienal Internacional do Livro no sábado, dia 7 de setembro, às 19h, para sessão de autógrafos! E agora vai ter áudio book.

L'Officiel Brasil: A Bahia é uma potência cultural e artística. Como a cultura baiana influencia o seu trabalho e sua vida pessoal? Você sente que leva um pouco da Bahia para cada projeto em que se envolve?

Rita Batista:  Eu acho que eu respondi um pouco sobre a Bahia logo na primeira, né? Eu sou baiana, sou soteropolitana, nasci e fui criada em Salvador, capital do meu estado. Eu sou completamente baiana, assim, completamente soteropolitana. Então, eu levo o meu sotaque, eu levo os meus dizeres, os meus jeitos, o tecido, os penteados. Então, assim, eu acho que é muito difícil a pessoa olhar para minha cara e não identificar de onde eu vim. Então, como diz Gilberto Gil, como cantor e escreveu, a Bahia já me deu régua e compasso. Então, a partir disso, eu vou pra qualquer canto tendo ela dentro de mim.

L'Officiel Brasil: O empoderamento feminino negro é uma bandeira que você carrega com muita força. Como você acredita que sua presença na TV e na mídia impacta a luta contra o racismo e o sexismo?

Rita Batista: A minha existência como persona televisiva não é só minha, é coletiva, a construção é coletiva. Se eu estou aqui é porque tantas outras vieram antes de mim e pavimentaram esse caminho, e ainda hoje pavimentam. Não somos únicas, é importante isso, há espaço para mais e mais profissionais, para mais e mais mulheres pretas e eu acho que é uma obrigação. Não uma coisa imposta, mas é natural a gente ir chegando, ir falando sobre isso, ir mostrando e apontando, porque num país machista, sexista, racista, com tantas questões, com tantos problemas necessários das minorias, das ditas minorias, é preciso que falemos sobre isso, para que a sociedade se modifique, para que a sociedade se enxergue, para que a gente coloque mesmo o Brasil no espelho. Porque não é possível que ainda hoje lutemos por tantas coisas que já deveriam estar superadas a meu ver. Eu tenho pressa, mas se a gente for olhar a história, foram 400 anos de escravidão e quantos anos temos de país? Então, essa organização político-ideológica, com todas as nuances e, importante dizer, com todas as aberturas, de frentes, de luta, de batalha, que já tivemos e continuamos tendo, é importante que a gente se posicione e que confronte os nossos problemas, as nossas questões em busca de soluções. Porque uma sociedade mais igualitária, uma sociedade menos racista, sexista, lgbtqiapn+ fóbica, enfim, sem essas mazelas, é uma sociedade melhor, é bom para todo mundo.

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Rita Batista (Foto : Iude)

L'Officiel Brasil: Em eventos como o "Prêmio Sim à Igualdade Racial", você tem participado ativamente da promoção da igualdade racial. Como você vê a evolução desse debate no Brasil nos últimos anos?

Rita Batista: O Prêmio Sim, do IDBR, é um braço dessa importância de reconhecer os talentos das mais diversas áreas que promovem, que fomentam, a igualdade racial no Brasil. Lideranças negras e indígenas que refletem a formação desse povo, do nosso povo. Primeiro os indígenas, depois os negros e negras que vieram de África escravizados, acorrentados, mas que se libertam, rompem esses grilhões através dos seus fazeres. E isso é muito importante. E eu acho que, como eu respondi anteriormente, a gente tem avançado, sim, no discurso, sobretudo, mas é preciso que as ações estejam coordenadas com o discurso. É preciso que as estruturas se movimentem pra gente fazer com que os alinhamentos sejam colocados em prática. Aí sim a gente vai sair do lugar. A passos firmes, eu não digo largos, mas firmes, sem voltar atrás. Sem ter que voltar atrás.

L'Officiel Brasil: Trabalhar ao lado de um elenco poderoso como Maria Beltrão, Talitha Morete e Thiago Oliveira no "É de Casa" deve ser uma experiência enriquecedora. Como é a sua relação com eles e o que mais admira em cada um? Alguma curiosidade dos bastidores?

Rita Batista: Ah! O É de Casa, dois anos de É de Casa a gente completou agora em julho. O nosso match foi imediato, foi fora inclusive das cercanias do Projac; no Saia a gente fez isso também, mas como a gente grava, né? e é mais tarde, a gente está até se devendo, vu até propor isso hoje, um jantar, um encontro, um negócio. A gente fez muito isso por conta da estreia, ali na estreia, e agora com um mês de estreado, a gente não pode deixar isso morrer, assim, esses encontros fora do trabalho. Mas falando do É de Casa, deu match logo no início, né? Eu não conhecia, conhecia de vídeo, obviamente, mas não tinha nenhuma intimidade com nenhum dos três. Maria Beltrão é minha amiga, minha irmã, assim, somos complementares, somos completamente diferentes, temos energias em yin-yang, assim. A gente brinca com isso, mas somos energias complementares. É como se eu conhecesse Mariazinha desde antes, desde sempre. Thiago é o filho, a gente brinca que ele é o irmão mais velho de Martim, meu filho. A doçura de Thiago, a delicadeza de Thiago, a elegância de Thiago, é uma coisa. E Thalita, essa beleza, jovialidade, esse frescor da juventude, como uma alfazema. Eu gosto muito de usar alfazema nas minhas coisas. Thalita é como uma alfazema, ela chega, ilumina e dá esse frescor, sabe? Colore.

L'Officiel Brasil: O "Saia Justa" permite uma troca intensa de experiências e vulnerabilidades. Houve algum momento no programa que realmente te tocou de forma especial?


Rita Batista: Ah, já houve, sim, em alguns momentos. Eu acho que no último programa, o embate respeitoso com uma divergência de opinião entre a Bela e eu foi bom. Que não é nada ensaiado, né, gente? Acontece. Um outro episódio também foi quando Tati se emocionou falando sobre o pai dela e imediatamente eu mudei de lugar e fui pra perto dela porque me deu aquela vontade de fazê-lo e a gente tem essa liberdade, né? A gente não tá pregado ali no sofá, com a bunda do sofá, a gente pode se movimentar naquele espaço. Um programa onde a gente traz a memória de Silvio Santos, o legado de Silvio Santos também foi bastante emocionante, sobretudo pra Eliana. Às vezes eu tenho aqui, em um mês de programa, a gente já tem alguns momentos.

L'Officiel Brasil: O que significa para você poder discutir temas como racismo, empoderamento feminino e política em um programa tão prestigiado como o "Saia Justa"?


Rita Batista: Me dá essa oportunidade de amplificar essas vozes, a minha voz e essas vozes, nesses assuntos.

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Rita Batista (Foto : Iude)

L'Officiel Brasil: Sua relação com a Bahia é muito forte, mesmo vivendo entre Rio e São Paulo. Como você se mantém conectada à sua terra natal e como isso reflete no seu trabalho?

Rita Batista: Agora, eu vou fazer uma observação aqui. Eu acho que essa coisa de São Paulo e Rio de Janeiro ter o nome do estado e da capital, né? ser o mesmo nome, aí fica tudo numa coisa só. Mas, minha gente, a Bahia, a Bahia Bahia, como diz a Edvana Carvalho, o estado da Bahia é enorme. E, por conta disso, há diferenças. São 13 regiões turísticas. Algumas costas, a costa de Dendê, a costa de Descobrimento, a costa dos Coqueiros, e aí já vai. Tem o sul do estado, que é de um jeito, o sertão, que é de outro jeito, a chapada, que é de outro jeito, inclusive com nomes das mesmas coisas, mas com nomes diferentes, com assentos do mesmo sotaque, o sotaque baiano de uma maneira diferente. Então, eu preciso falar dessa pluralidade. Salvador é a capital. Eu acho ruim reduzir um estado, qualquer que seja ele, mas falando do meu, né? somente à capital.

L'Officiel Brasil: A filosofia africana Ubuntu é um dos seus pilares. Como você incorpora essa filosofia na sua vida profissional e pessoal?

Rita Batista: Pois é, a filosofia Ubuntu vem desses conhecimentos, desse resgate que eu faço e tantos outros companheiros e companheiras, pessoas pretas, fazem, do que nos foi tirado pelo processo da escravidão no Brasil. Esses fluxos migratórios forçados infelizmente fizeram com que nos perdêssemos dos nossos ancestrais, mas não da nossa ancestralidade. Então, esse é um dos meus resgates. E eu sou porque nós somos diz muito pra mim! É aquilo que eu falei, se eu sou é porque tantas outras, mesmo as que não fizeram parte da minha família, foram. Então é honrar esse lugar, esse legado, e continuar fazendo para as próximas e os próximos que virão.

L'Officiel Brasil: Se pudesse dar um conselho para as jovens mulheres negras que sonham em entrar no jornalismo e na apresentação, qual seria?

Rita Batista: Primeiro a gente faz o que pode, para depois fazer o que quer. E devagar também se anda. Então, eu acho que é isso, assim, sabe? É ir fazendo, ir realizando, ir fazendo, ir realizando, e sabendo aonde quer chegar. E sabendo o que quer da sua vida. Aproveitando todas as oportunidades, ocupando todos os espaços, fazendo da melhor maneira possível, se preparando ao longo do caminho. Porque, afinal de contas, é isso, né? E vislumbrando esse futuro, cocriando. E ir transpondo, ir transpondo. Pra quem tem a melanina acentuada, nunca será dado. Sempre será conquistado. Façamos. É isso. Façamos.

L'Officiel Brasil: Por fim, como você gostaria que fosse o legado de Rita Batista no jornalismo, na televisão e na luta pelos direitos das mulheres e da população negra?

Rita Batista: Desejo que meu trabalho fique marcado pela ideia da conquista dos espaços; que olhem para minha história e percebam que aproveitei todas as oportunidades que me foram dadas, fiz o que havia de ser feito! Quero deixar como legado a ideia de que o plantio pode até ser aleatório, mas a colheita é certa.

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Rita Batista (Foto : Iude)

L'Officiel Brasil:Um mantra para começar o dia?

Rita Batista: É o mantra com que eu começo o dia desde quando Giovanna Antonelli ensinou à Fabiana Crato, minha amiga, e essa minha amiga me ensinou. O mantra é “A abundância entra na minha vida de maneiras surpreendentes e milagrosas”; mas como eu comecei a falar isso na televisão, no rádio, nas redes sociais, eu comecei a desejar isso para as pessoas e eu falo: “Que a abundância entre na sua vida de maneiras surpreendentes e milagrosas”, porque eu entendo que a vida é bumerangue. Então, se você deseja, o que você deseja para as outras pessoas vêm de volta. Você não precisa nem colocar o “nossa”, “nas nossas vidas”, etc. Você deseja para si a abundância entra na minha vida de maneiras surpreendentes e milagrosas, e deseja para os outros que a abundância entre na sua vida de maneiras surpreendentes e milagrosas. E aí é só esperar.

L'Officiel Brasil:Um ícone de estilo que te inspira?

Rita Batista: Thais Araújo, um ícone de estilo, moda? Thais Araújo!

L'Officiel Brasil:Uma palavra que descreve a Bahia?

Rita Batista: Bahia, origem.

L'Officiel Brasil:Uma música que não sai da sua playlist?

Rita Batista: Flamboyant, Emílio Santiago.

Um talento seu secreto?

Rita Batista: Secreto, secreto, secreto assim tipo, poucas pessoas sabem, eu canto.

L'Officiel Brasil:Uma mulher que te inspira?

Rita Batista: Zezé Motta!

L'Officiel Brasil:Um objeto indispensável na sua bolsa?

Rita Batista: Não pode faltar escova, creme dental e fio dental.

L'Officiel Brasil:Um lema de vida?

Rita Batista: Opte pelo que faz seu coração vibrar apesar de todas as consequências. Osho

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Rita Batista (Foto : Iude)

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