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Taís Araújo revela como enfrentou rejeição na juventude

Taís Araújo revela que precisou perseguir o amor na adolescência e conta como o racismo afetou sua autoestima e seus relacionamentos

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Taís Araújo (Foto: reprodução/ instagram @taisdeverdade)

Para Taís Araújo, o afeto nunca veio de graça. Durante a adolescência, a atriz precisou perseguir o amor e lidar com o sentimento constante de não ser desejada. Em conversa com a jornalista Maria Fortuna no videocast Conversa vai, conversa vem, do jornal O Globo, Taís revelou que nunca beijou ninguém no condomínio onde morava ou na escola onde estudava, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os meninos diziam que ela era "maneira", mas que não dava para ficar com ela porque era preta. Essa realidade marcou profundamente sua percepção sobre o afeto e a aceitação.

 

A busca por se sentir amada levou Taís a sair do Rio de Janeiro e ir até a Bahia, onde finalmente viveu a experiência de beijar na boca. "Tive que ir perseguir essa história, porque aqui não rolava mesmo", desabafou. Em meio às lembranças, a atriz contou sobre o impacto que uma amiga da escola, Lívia, teve ao ouvir os comentários preconceituosos sobre ela. A amiga, inconformada, veio aos prantos contar o que os meninos diziam, sem conseguir compreender o peso daquilo.

 

A atriz também relembrou outro episódio emblemático, ocorrido anos depois, nos bastidores da novela Viver a Vida. A figurinista Marie, que a vestiu de branco para uma cena, foi duramente criticada por uma produtora que disse que não fazia sentido "vestir uma preta de branco como se ela fosse branca". Taís manteve a calma, mesmo com Marie chorando diante da situação, e refletiu sobre como essas situações fazem parte do cotidiano das mulheres negras no Brasil.

 

Para além de sua trajetória pessoal, Taís trouxe à tona um olhar mais amplo sobre como o racismo afeta mulheres negras em diversas gerações. Ela destacou que até hoje, filhas de amigas suas que estudam em escolas particulares vivem experiências semelhantes: são as últimas a serem desejadas e a beijar na boca. "A questão do amor permeia as mulheres negras", ressaltou, afirmando que sua escolha de casar com um homem negro não foi por acaso, mas uma forma de reafirmação de sua identidade e valorização de suas raízes.

 

A atriz também refletiu sobre relacionamentos do passado e como questões raciais atravessavam até mesmo histórias de amor. Em um namoro com um rapaz branco, ela percebeu que ele se sentia constantemente questionado sobre seu relacionamento. "Minha mãe é nordestina, meu irmão é gay, minha namorada é preta. Tô entendendo que tipo de brasileiro eu sou", ele dizia, indicando a complexidade de carregar consigo uma quebra de expectativas e preconceitos sociais.

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