Tata Estaniecki fala sobre seu podcast em entrevista exclusiva
Nas ondas do podcast! Em um momento de muita exposição em foto e vídeo, via Instagram e TikTok, os podcasts ganham força e se consolidam como celeiro de tendências. O PodDelas, de Tata Estaniecki, está entre os mais ouvidos e compartilhados pelo público feminino.
Tata Estaniecki Cocielo, famosa por sua conta de milhões de seguidores no Instagram, foi surpreendida pelo sucesso de uma empreitada sonora mais recente. Concebido no pico da pandemia, o PodDelas, formato com carinha de papo entre amigas, impactou as conversas nas redes sociais e, atualmente, está em sua terceira edição (com quase 2 milhões de inscritos no canal oficial do YouTube). Para L’OFFICIEL, Tata fala sobre os seus planos para o formato e conta se deseja migrá-lo para a televisão.
L’OFFICIEL Como e quando você decidiu embarcar no formato podcast?
TATA ESTANIECKI Durante a pandemia. Estava assistindo ao PodPah, que é um podcast feito por amigos, e que sou muito fã, e percebi que talvez houvesse espaço para mim. Faltava no mercado de podcasts um programa que se comunicasse com o meu público: mulheres! Existe também um interesse da audiência pela vida e história das blogueiras e influenciadoras. Se elas ditam tendências nas redes, por que não ren- deriam em um podcast? Então foi unir o útil ao agradável.
L’O Então a ideia do PodDelas é sua?
TE Foi um projeto que idealizei em casa. Em uma semana já estava tirando do papel, mas sabia que não iria funcionar tão bem se fosse eu sozinha. Acho que com uma dupla consigo me soltar mais, pois tenho um apoio ao meu lado, além de enriquecer a conversa. Então chamei a Flavia Pavanelli, uma grande amiga. Ela, depois de um tempo, precisou sair, por questões de agenda mesmo. Então pensei na Bruna Unzueta, que conheço há cerca de dez anos. Sabia que a nossa sintonia e harmonia daria continuidade à parceria que tinha com a Flavia.
L’O Você imaginava que o projeto teria todo esse alcance?
TE Jamais! Eu torcia muito para dar certo. Estava confiante de que tinha sim algo bom ali, mas não esperava que iria explodir do jeito que explodiu. Graças ao PodDelas eu cheguei a lugares onde apenas o Instagram não me levaria. Alcancei pessoas completamente fora da minha bolha e tive a oportunidade, dezenas de vezes, de estar frente a frente com grandes ídolos. E acho que o podcast ainda pode me levar muito além.
L’O O que você acha desse engajamento todo do público para um formato mais longo, de entrevista, em tempos de tudo tão frenético nas redes sociais?
TE O PodDelas foi criado em um período de isolamento, então fazia sentido para aquele momento. As pessoas estavam em casa sem ter muito o que fazer. Uma entrevista longa era perfeita para ocupar o tempo. Infelizmente, esse período de isolamento durou mais tempo do que gostaríamos, e, por conta disso, acho que escutar podcast se tornou um hábito. Hoje em dia, quando as pessoas já voltaram com as suas rotinas, percebemos que a audiência do ao vivo caiu, justamente pelo público estar ocupado com os seus afazeres, porém, estamos com um crescimento muito grande a médio e longo prazo. O canal de cortes também ajuda muito a entregar o podcast. O nosso programa se fragmenta e é dispersado por muito mais tempo, em diversos lugares. Acredito que se o conteúdo for interessante, as pessoas vão parar para ouvir.
L’O Você acha que o triunfo dos podcasts é uma espécie de retomada da força que o rádio tradicional já teve na vida das pessoas?
TE Acho que, de certa forma, o podcast uniu a maior característica do rádio, que é o áudio ao vivo, e o trouxe para a era digital. Acho que são dois formatos diferentes e o rádio ainda é um meio de comunicação muito importante em nosso país. O podcast não o substitui, mas acho que o aproxima do público mais jovem. Participar, mesmo que de uma mínima parcela, do crescimento do rádio no Brasil, me satisfaz demais.
L’O Com tanta audiência e repercussão, é normal aumentar assédios e até ataques de haters. Como você cuida da sua saúde mental em dias turbulentos?
TE Eu cresci sendo um pouco cética quanto à terapia. Quando eu fui dar uma chance a isso, minha vida mudou completamente. Acho que é muito importante para as pessoas terem um acompanhamento psicológico profissional. O apoio da família também faz a diferença. Meu marido (Júlio Cocielo Estaniecki) trabalha na internet, assim como eu, então nossa filha acaba sendo pública também, mesmo ainda sendo um bebê, praticamente. Então as redes sociais já são parte da nossa vida, mas não podemos deixá-las nos dominar. Temos que ter um momento do dia off-line. Aquele tempo de qualidade para nos conectarmos um com o outro e consigo mesmo.
L’O Tem algum tema que vocês evitam ou vetam no podcast?
TE Como a nossa transmissão é no YouTube, precisamos seguir as regras e diretrizes da plataforma, evitando o uso de certas palavras. Fora isso, nossos convidados estão livres para falar sobre o que bem quiserem. Gostamos de deixar todos à vontade. O que acontece muito é o convidado pedir para não tocar em certo assunto. Seguimos à risca. O convidado está saindo de sua casa para ir nos prestigiar. O mínimo que podemos fazer é deixar a conversa o mais leve e confortável possível.
L’O Quais temas você mais gosta de abordar nas entrevistas?
TE Eu me coloco no lugar do público. Na maioria das vezes eu também sou fã do convidado, então a curiosidade fala mais alto. Quero saber spoilers de próximos projetos e os bastidores dos principais acontecimentos da vida pessoal e profissional daquela pessoa. Como, quando, onde, com quem, porquê...? É meu trabalho pegar o máximo de informação possível. E uma coisa que eu percebo é que em perguntas que jamais pensaria fazer, que simplesmente acontece por conta da conversa que está fluindo, conseguimos aquela informação que talvez nem a pessoa em questão sabia que iria repercutir tanto. Quando somos transportados para a mesa da cozinha de casa, tomando um cafezinho, é que o papo chegou onde tinha que chegar: na intimidade.
L’O Para os próximos meses, quais são os planos para o podcast?
TE Sempre estamos pensando e planejando algo. Os podcasts se tornaram verdadeiros fenômenos publicitários então, graças a Deus, recebemos muitos convites e propostas de eventos que querem a presença do nosso podcast. Foi o caso do Rock In Rio e do Criança Esperança. Neste momento, estamos pensando em levar o podcast para o exterior e fazer uma temporada em Orlando.
L’O Em uma entrevista recente vocês admitiram que não fecham as portas para uma possível migração do formato para a TV. Ao mesmo tempo, prezam pela liberdade editorial que a internet dá. Como está esse assunto para vocês, no momento?
TE Não chegou nenhum convite ainda, então não tivemos muito o porquê de aprofundarmos no assunto, mas digo, bem claramente, que o meu sonho é a televisão. Uma oportunidade de apresentar meu programa para o público do “sofá”, quebrando a barreira da internet, seria uma realização pessoal e profissional enorme.
L’O Tem muita gente querendo ter o próprio podcast. Você tem alguma dica para quem está começando e quer se profissionalizar na área?
TE Na parte técnica, eu acho que seria ter equipamentos de captação de áudio de qualidade. É o básico. Na parte prática, você precisa ser uma pessoa desenvolta, que saiba conduzir uma conversa, que conheça seu convidado. Pesquisar sobre ele e criar um roteiro ajuda muito. Além disso, convide pessoas que você já seja fã, isso vai facilitar muito o trabalho. Não precisa ser alguém famoso. Sendo alguém com algo interessante para contar, a conversa funciona.
L’O Quais podcasts você gosta de acompanhar?
TE Sou muito fã do PodPah, do Igão e Mitico. Acho que eles são verdadeiros talentos e precursores de todo um movimento.
L’O Tem alguma plataforma ou formato que inspira você na hora de criar as pautas do PodDelas?
TE Sou muito antenada nas redes sociais. Então o Instagram acaba me dando várias ideias de convidados. Se uma pessoa está viralizando nas redes eu já penso: “opa, tem algo interessante para contar”.