Escócia: tradição e o que há por trás do slogan “keep walking”
Boas histórias e muita tradição, a Escócia é um oásis para quem quer fugir dos destinos turísticos e desvendar o que há por trás do slogan “keep walking”
Repleta de boas histórias e muita tradição, a Escócia é um oásis para quem quer fugir dos destinos turísticos e desvendar o que há por trás do slogan “keep walking”. Confira!
Em um dos pontos mais ao Norte do Reino Unido está a Escócia, país de geografia montanhosa, vales glaciais e lagos cristalinos. Mas a fama do lugar não é feita apenas por sua paisagem estonteante pontuada pelas Highlands – ali também é a morada do kilt, da gaita de fole, do golfe e do uísque, além de ser o berço de Sean Connery, Gerard Butler, James McVoy, Annie Lennox e Gordon Ramsay.
Com bons motivos para desembarcar por aquelas bandas, o roteiro deve incluir cultura, moda e gastronomia. Dando start por Edimburgo, capital escocesa, que tem pouco mais de 495 mil habitantes (a título de comparação, Jundiaí, no interior paulista, tem 443 mil residentes), é obrigatório passar pelo castelo homônimo à cidade, construído sobre uma rocha vulcânica, e que serviu como residência oficial dos monarcas, prisão na era medieval e fortaleza durante as dezenas de guerras pela independência. Dentro do seu conjunto arquitetônico fica a capela de Santa Margarida, datada do século 12, cujos contornos lembram as edificações celtas, com estrutura retangular e arco no estilo normando.
Chamada de “Atenas do Norte” por conta de sua vocação intelectual conquistada na época do Iluminismo, Edimburgo tem uma das mais importantes universidades da Europa, aberta em 1583, por onde passaram nomes como Charles Darwin, Graham Bell, Conan Doyle e Peter Higgs. No campo das artes, há diversos museus, com destaque para a National Galleries, que tem obras de Cézanne, Monet, Velázquez, Gauguin, Van Gogh, Picasso, Vasarely, Calder e Robert Capa. Impossível não circular pela badalada Princess Street, endereço onde reluz o prédio da Johnnie Walker, aberto ao público em 2021.
O empreendimento tem oito andares e foi planejado com salas sensoriais, centro expositivo, museu interativo, rooftop com restaurante e até um cofre, que guarda os segredos da destilaria inaugurada em 1829, pelo jovem John Walker, na charmosa Kilmarnock, no condado de Ayshire. No acervo, há menção sobre o blend comercial de estreia, batizado de Old Highland Whisky, que chegou aos bares quase 60 anos depois da criação da marca, já pelas mãos do herdeiro, Alexander. Foi ele que se encarregou de transformar a grife em referência entre os amantes do uísque graças ao seu pioneirismo, que enxergou nos capitães de navios espécies de “embaixadores” da Johnnie Walker.
A FAMA DO lugar NÃO É FEITA APENAS POR SUA paisagem ESTONTEANTE PONTUADA PELAS Highlands – ALI TAMBÉM É A morada DO KILT, DA GAITA DE FOLE, DO GOLFE E DO uísque.
A três horas de distância do epicentro cosmopolita de Edimburgo fica Inverness. Pouco antes, entre os rios Dee e Don, está Aberdeen. Em suas imediações brota a principal área de destilação das Terras Altas – Speyside. É ali que a história da Cardhu pode ser contada. O ano era de 1811 quando o casal John e Helen Cumming arrendou uma fazenda para produzir o seu destilado, negócio que foi fechado cinco anos mais tarde por conta da ilegalidade da fabricação de bebidas alcoólicas. Somente em 1824 eles retornaram ao mercado, mas alguns anos depois, Helen ficou viúva e passou a comandar a empresa ao lado do filho, Lewis. Em 1872, ele faleceu e deixou a esposa Elizabeth e a mãe encarregadas de manter o legado, que ficou com a família até a venda para Walker, em 1893.
Para reverenciar esse passado glorioso, nada mais convidativo do que se hospedar na mansão Rothes Glen, erguida pela família Dunbar no mesmo ano da venda da Cardhu, na vizinhança de Inverness. O castelo ocupa 3,37 hectares e foi arquitetado em estilo baronial, com brasão neojacobino na entrada, torre de quatro pavimentos, 11 quartos, oito salas, biblioteca e espaço reservado para crianças. Nos interiores, o piso de mosaico italiano combina com os vitrais e as 26 lareiras de mármore. Arrematada por 1,1 milhão de libras (cerca de R$ 7 milhões) pelo magnata – e editor da Whisky Magazine – Damian Riley-Smith, em 2019, a casa serve de abrigo aos aventureiros endinheirados que percorreram a rota do uísque.
A roupa dos clãs
Sabe aquele xadrez tão cultuado pela indústria fashion? Pois ele remete aos antigos povos celtas, com ramificações pela Alemanha e pela Dinamarca da Idade do Ferro (700 a 50 a.C.). Mas a padronagem caiu no gosto popular graças aos clãs escoceses, que passaram a identificar as famílias através das combinações de cores dos tartãs a partir do século 3 a.C.
Ícone do luxo
Johnnie Walker Blue Label é o resultado da experiência da equipe liderada pela Master Blender Emma Walker. Elaborado com uma mistura requintada feita de alguns dos uísques mais raros da Escócia – apenas um em 10 mil barris contém uísque com qualidade e caráter suficientes para fazer parte do Blue Label –, incluindo barris de destilarias “fantasmas”, que encerraram as produções há muito tempo, o destilado traz notas frutadas, defumadas e cítricas, evidenciando as especiarias, a baunilha e o chocolate. No quesito sustentabilidade, a empresa tem trabalhado para atingir 100% de produção líquida zero carbono, migrando o uso da energia para fontes renováveis, o que deve ser concluído até 2030, e adotando embalagens reutilizáveis e recicláveis.
Nota dez
A fabricação do uísque ainda preserva o toque artesanal com a escolha dos grãos e das leveduras, assim como o tipo de barril que será utilizado e o tempo de maturação, mas sem deixar de lado os processos de precisão e, claro, o clima frio. No caso de Johnnie Walker, a feitura tem início no cereal, já que o amido que o compõe precisa ser transformado em açúcar solúvel para a produção do álcool – etapa que ocorre durante a germinação. Depois disso, é adicionada água quente a fim de estimular o “molting”. O processo é interrompido com a secagem do cereal em um klin e entra em cena a fumaça da turfa – material orgânico formado por camadas de vegetação parcialmente decomposta, que ajudam a potencializar o sabor com notas mais encorpadas.
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