Viagem

Fortim: conheça o paraíso dos viajantes

Fortim é um simpático vilarejo cearense que caiu nas graças de franceses que buscam casas de veraneio bem arejadas, esportes aquáticos e praias onde o sol quase nunca se esconde. Confira!

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Foto: Divulgação

De Fortaleza a Fortim são duas horas dirigindo por boas estradas. Pelo caminho, é possível avistar tendas comercializando mel de caju, camarões e redes, além de cataventos gigantes indicando que a força eólica tem papel crucial nas atividades locais. Aliás, o torque das correntes de ar faz da Costa Cearense um ponto turístico ímpar: são poucos os mosquitos e pernilongos que conseguem desafiá-las (algo que é inimaginável nas praias do Sul e Sudeste). Sem pernilongos, mais conforto. Apesar de quente, a brisa certeira refresca dia e noite, sem pausa. Por fim, além da parte econômica vinda das usinas eólicas, outra energia é bem aproveitada quando o assunto é ventania: o local é perfeito para a prática de esportes aquáticos que usam correntes de ar como força propulsora.

Pontal do Maceió

O primeiro ponto de parada para conhecer Fortim e arredores é a praia de Pontal do Maceió. Localizada entre a foz do rio Jaguaribe e do rio Pirangi, essa extensa faixa de areia fina e clara, quase deserta, é perfeita para o descanso após um banho de mar. As águas mornas e cristalinas se represam em piscinas naturais que convidam o visitante a algumas horas de completa entrega à natureza. Caminhando até seus extremos, é possível avistar formações minerais que parecem grutas terracota. O pôr do sol ali é único, tanto que atrai diversos apaixonados para pedidos de casamento com ótimos cliques. Pontal do Maceió, diria, é a parte mais família e romântica do destino.

Uma ótima opção para aproveitar o entorno em sua totalidade é ficar em um hotel pé na areia. O Vila Selvagem, mais conhecido da região – e também mais antigo – tem pequenas casinhas em um gramado fofo e apenas uma cerca baixa separando propriedade e praia. A cozinha ali tem consultoria do chef estrela Michelin Emmanuel Ruz, sob o comando executivo de Cristiano Rocha, morador da região, como quase a totalidade dos funcionários da propriedade. Não deixe de experimentar o vinagrete de polvo e a cocadinha de forno, bem cremosa. Aliás, estando no Ceará, aproveite uma das gastronomias mais frescas e saudáveis do Brasil. Os pontos altos são os leites vegetais (de coco e castanha-de-caju), os camarões e mais uma infinidade de frutos do mar e peixes muito frescos e o suco de cajá.

Esportes aquáticos

Depois de alguns dias de paz e sossego, era hora de mudar um pouco a rota e partir para o ponto mais badalado do destino: os arredores do Jaguaribe Lodge & Kite. Como o nome sugere, ali é ponto para a prática do kitesurfe, modalidade aquática que está cada dia mais popular no Brasil, depois de virar queridinha na França. Ela funciona com uma pipa presa ao corpo e uma pequena prancha, para saltos radicais ou um rápido deslizar.

A escola pé na areia é conduzida por David Bernard, francês que mora há oito anos no Brasil e é atleta náutico desde os 10 anos. Com alguns títulos no currículo, ele resolveu trocar o Hemisfério Norte por bons motivos: “Depois de ter a experiência dentro de uma escola internacional de vela, na França, misturando quase todos os ramos, queria fazer a minha própria escola de kitesurfe. Decidi, então, viajar para procurar um lugar onde o vento e a temperatura seriam ideais. Encontrei Fortim. Aqui a água é rasa e temos 300 dias para velejar por ano, o que é incrível. A temperatura gira em torno de 30oC em todas as estações e possui um dos ventos mais regulares do mundo”, diz David.

Mesmo quem nunca praticou a modalidade pode se aventurar. Para isso, o necessário é uma semana de adaptação, porém no quarto dia já é possível se equilibrar sobre a prancha e deslizar na rasa lâmina d’água. Outra modalidade apontada por David como tendência é o wing foil, com pipa menor do que a do kite e sem estar presa ao corpo, mas com possibilidades de diversão e desafios até superiores a outras modalidades atreladas ao vento.

Aos que preferem terra firme, passeios de buggy entregam aventura e paisagens pitorescas. Vale pedir ao motorista para levar você ao Farol do Canto da Barra (ótimo ponto para fotos) e à floresta de maracatus. Aos que gostam de agito, o passeio pode se estender para outro lado, indo até a famosa região de Canoa Quebrada, mais movimentada e turística.

FOTOS MATHEUS COLEN - CONTEÚDO E DIVULGAÇÃO

Experiência sensorial

Para se hospedar naquela área quase selvagem da Costa Cearense são duas as opções mais populares. O recém-inaugurado Jaguaríndia Village é um complexo de hospitalidade que entrega tudo o que é necessário para nem precisar sair da propriedade. Há opções de vilas com piscina privativa e deck com rede, existe também uma gostosa área de bar com jacuzzis, incrível para tomar um drinque ou um chá gelado enquanto observa o cair da tarde. O restaurante é muito interessante, com snacks de frutos do mar, como a patinha de caranguejo, ou ceviches.

Para quem gosta de experiências intensas, a dica é agendar um jantar sensorial. Conduzido a quatro mãos, entre a equipe do spa e a de gastronomia, a refeição começa com uma pequena meditação, que ocorre em uma majestosa oca, para depois você tentar desvendar os ingredientes dos pratos, muitos deles típicos, em um ritual que faz você viver o momento presente, sem distrações de celular ou comendo sem sentir direito os gostos e as texturas.

Aliás, o spa ali é um ponto a se destacar. Capitaneado por Cristina Medeiros, ele tem forte influência asiática, porém com o uso de ingredientes amazônicos, livres de pa- rabenos, petrolatos e ativos artificiais danosos ao ser humano e ao meio ambiente. Ao final da massagem, que pode ser relaxante ou voltada para a recuperação muscular (tão importante após a investida do kitesurfe), você passa por um ritual de purificação envolvendo a queima de palo santo e musicoterapia vinda de uma tigela tibetana.

Too Cool

Agora, se você quer uma experiência completamente inusitada, fique pelo menos duas diárias no Jaguaribe Lodge & Kite. O complexo foi todo construído em madeira, como palafitas, e não tem televisão ou ar-condicionado nas cabanas que podem ser de frente para o mar (as mais interessantes, pois não é todo dia que você pode dormir ouvindo tão de perto o barulho das ondas). O mais incrível é que depois de entender como funcionam as aberturas de fendas e janelas do quarto, você não vai nem se lembrar que existe climatizador de ambiente. O cheiro da maresia e o frescor dos ventos vão embalar uma das noites de sono mais relaxantes que você pode ter.

Tudo ali é pensado para não impactar negativamente o entorno, nem mesmo frear a dança das dunas sob a construção. No mais, Fortim fica ainda mais interessante como destino turístico quando, após conversas com os locais, você percebe que o turismo está se desenvolvendo, até o momento, respeitando a natureza e integrando os moradores das pequenas vilas como parte do processo. Eles relataram que a escola local está boa, assim como o posto de saúde e também a oferta de empregos, que antes ficava restrita à prefeitura e à pesca. O desejo é que o desenvolvimento sustentável siga sendo o horizonte deles, para que este paraíso continue nos aguardando em tantos outros momentos, de vento em popa e em sinergia com quem ali já habitava.

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