Ras Al Khaimah leva seus visitantes a um oásis de belezas
Conhecido como o emirado da natureza, da sustentabilidade e do turismo responsável, um oásis de belezas que despontam em uma paisagem após a outra
Conhecido como o emirado da natureza, da sustentabilidade e do turismo responsável, Ras Al Khaimah leva seus visitantes a um oásis de belezas que despontam em uma paisagem após a outra. Confira as joias da natureza!
Formados por Abu Dhabi, Dubai, Ajman, Fu- jairah, Sharjah, Umm al-Quawain e Ras Al Khaimah, os Emirados Árabes Unidos (EAU) estão localizados na Península Arábica e têm como vizinhos a Arábia Saudita, o Golfo Pérsico, o Qatar e o Omã. Ras Al Khaimah, onde estive, tem 450 mil habitantes, recebeu 1,13 milhões de visitantes no ano passado e tem como meta chegar aos 3 milhões de turistas por ano até 2030. Nessa temporada, o lugar foi incluído na lista da CNN Travel como um dos melhores destinos para se conhecer. Somada à história de 7 mil anos e suas tradições culturais, a facilidade de acesso é outro atrativo, afinal Ras al Khaimah está a poucas horas de voo de hubs europeus e a 45 minutos de carro do Aeroporto Internacional de Dubai. Para reivindicar o protagonismo entre as nações dedicadas ao turismo de natureza, o Ras Al Khaimah Tourism Development Authority, órgão oficial da pasta no país, tem investido em estratégias estruturais relacionadas, por exemplo, ao licenciamento de novos empreendimentos hoteleiros para evitar a falta de planejamento e a superlotação. Um projeto que ilustra bem esse cuidado é o Wynn al Marjan Island, com previsão de abertura para 2027, que chega empenhado no gerenciamento dos resíduos de suas propriedades, na eficiência energética e na redução do consumo de água. Segundo as autoridades de turismo, o emirado já comprometeu 136 milhões de dólares em cerca de 20 iniciativas direcionadas a melhorar o uso de suas terras, incluindo o resort de montanha Saij Mountain Lodge, que deverá ter suas pousadas ecológicas disponíveis ao público no próximo ano, e as 30 unidades do Cloud7 Camp Jebel Jais, baseado no conceito do glamping, a junção do glamour, do camping e, nesse caso, das acomodações de notas ecofriendly. Em suma, Ras Al Khaimah tem tudo para ser um daqueles lugares onde viver faz bem para a alma.
Minha chegada na região não poderia ser melhor. Eu me hospedei no Intercontinental e no Hilton Ras Al Khaimah Beach Resort. Debruçado em 1,5 quilômetro de praia de areia branca e águas quentes e calmas, em que se destacam os horizontes deslumbrantes das montanhas e do deserto. A sua estrutura, composta de 471 quartos, suítes e villas, bem como o spa de múltiplas terapias, da aromaterapia à sauna seca ou a vapor e às massagens, oferecem o descanso necessário para quem viaja com a família ou em grupos. Os dias foram abrindo suas portas e me joguei nas aventuras, como as atividades do Jebel Jais Adventure Park, muitas delas voltadas aos que amam esportes radicais. Conhecida como “fantasticable”, essa modalidade de tirolesa faz com que o usuário deslize pelo cabo na posição horizontal. A Jais Flight, com é chamada, tem 2,83 quilômetros de extensão, a mais comprida do mundo, e permite que visitantes impetuosos alcancem até 160 quilômetros por hora sobrevoando montes e desfiladeiros. O trajeto dura em média 3 minutos de adrenalina em estado bruto. Depois, para me organizar e acalmar o coração, fiz um intervalo no 1484 By Puro, “o restaurante mais alto dos Emirados Árabes Unidos”, posicionado a 1.484 metros de altura – daí o nome – acima do nível do mar.
Prendi a respiração, encantada, e relaxei desfrutando um pouco mais da vista da montanha Jebel Jais e da cordilheira onde está situada, Al Hajar. A pedida então é descer os trilhos do tobogã Jais Sledder instalado ao longo de 1.840 metros na costa, em curvas fechadas e ondulações, cujos turistas divertem-se acomodados em carrinhos que chegam a 40 quilômetros por hora, adrenalina pura. Para fechar o tour pela região fui até o Camp 1770, um lugar onde a natureza é a protagonista desse passeio em que pude fazer trilhas lindíssimas, e mais tarde compartilhar minhas impressões sob a luz da lua aproveitando os pratos típicos preparados pela comunidade local ao redor da fogueira, embaixo da lua cheia. Sem perder nenhum instante da trip, vários aventureiros estendem-se noite adentro, com direito a nascer do sol majestoso e uma refeição de muitos sabores.
Na manhã seguinte, fui conhecer as dunas de Bassata Dessert Village, um parque que aproxima os visitantes do estilo de vida dos beduínos, os povos nômades que se deslocaram durante séculos pelo deserto em busca de água e de terra para a pastagem de seus animais. A proposta desse roteiro é que se viva como eles por um dia, conhecendo seus costumes, dos acampamentos aos passeios pelas paisagens, fazendo tatuagens de hena e praticando o sandboard, atividade em que se desce pelos bancos de areia utilizando uma prancha. Com o pôr do sol dourado revelando um jeito diferente de perceber o ambiente, os quadriciclos pareceram maiores cortando as dunas vermelhas em alta velocidade, de um lado para outro, em passagens que cruzavam por palmeiras e por muitos camelos descansando do calor. Pude contemplar no fim do dia os movimentos da dança do ventre e da tanoura – um balé folclórico egípcio em que os homens executam inúmeras coreografias trajados de grandes saias coloridas. Por fim, o sabor do churrasco feito com carnes, vegetais e pães típicos trouxe ainda mais autenticidade à experiência.
Nesse território feito de tradições e de uma geografia tão diversa, além da emoção, muita história e costumes seculares dão as cartas. É o caso da fazenda de pérolas Suwaidi Pearls, uma das únicas remanescentes do setor nos Emirados Árabes Unidos a fornecer o material para os principais joalheiros no mundo. Localizada em uma vila de pescadores de Al Rams, na base de Al Hajar, ela foi criada há 18 anos por Abdulla Al Suwaidi para preservar o legado da família, datado dos séculos 12 e 13, quando muitos deles dedicaram-se à extração de pérolas. Nossos anfitriões lembraram que antes da descoberta de petróleo no Golfo Pérsico, o ofício era visto como a principal fonte de riqueza dos EAU. Por lá, alguns procedimentos foram mantidos, como a semeadura feita à mão, e alinhados a recursos mais modernos, a exemplo da instalação de painéis solares em toda a estrutura do local para viabilizar o uso da energia renovável. A incursão pela fazenda incluiu uma visita ao criadouro a bordo de um barco que passou ao longo das montanhas e dos manguezais habitados por águias, flamingos e garças-dos-recifes. Aprendi sobre as técnicas de mergulho que os pescadores empregavam para recolher as ostras e as ferramentas de trabalho dos comerciantes. Já apegados as belíssimas esferas arábicas, notadas pelo tamanho diferenciado, pela qualidade e pela espessura do nácar – as camadas que recobrem essas pequenas contas –, me acomodei para abrir uma ostra e brincar com a possibilidade de encontrar a própria pérola e levá-la para casa.
Encerrada a temporada de encantamento com o lar das pérolas que abastecem selos internacionais, me debrucei no Forte Dhayah e sua edificação que remonta ao final da Idade do Bronze, entre 1600 e 1300 a.C., considerada a única desse estilo arquitetônico a sobreviver ao tempo por toda a federação. Para chegar ao ponto mais alto de monumento de tijolos de barro, de onde se tem uma vista belíssima do jardim de palmeiras, da montanha Jebel Jais e da vizinha Omã, é preciso subir os lances da escada esculpida em ziguezague. No sopé da colina está outro segmento da construção, onde as pessoas moravam, cuidavam da terra e abrigavam-se com seus animais dos humores do clima. Vale dizer que o Department of Antiques and Museum, de Ras Al Khaimah, pretende transformar o conjunto em sítio arqueológico. Além disso, a fortaleza está na Lista Provisória do Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Misturada pelo laranja, o vermelho, o marrom e o acobreado, a cor terracota transforma a decoração e tinge as superfícies do relevo onde está o incrível The Ritz-Carlton Ras Al Khaimah Al Wadi Desert, instalado no centro da reserva natural de Al Wadi. São 100 villas que proporcionam aos hóspedes a chance de vivenciar o deserto com notas luxuosas e serviços imperdíveis, enumerando-se as estações hidrotermais e os rituais de banho do Oriente Médio, o spa e as suas terapias e massagens e os roteiros que se ampliam na observação de pássaros e de estrelas, nos piqueniques, nos passeios de bicicleta e de quadriciclo e no encontro com raposas do deserto e com um dos antílopes em minha opinião mais interessantes e elegantes de planeta, o órix, exuberante em seus chifres finos que podem chegar a medir quase 1 metro de comprimento e pelagem malhada por todo o rosto, que se adapta bem às terras áridas e à pouca água. Devido à caça indiscriminada, importante mencionar, a espécie desapareceu da vida selvagem nos anos de 1970, sendo reintroduzida durante a década seguinte. A arte milenar da falcoaria, vista em uma demonstração entre os instrutores e as aves – nesse caso, falcões e corujas e seus voos poderosos –, uniu a história e a cultura da prática e deixou o encontro irresistível, finalizando minha viagem repleta de boas lembranças e histórias para contar.
NESSE território FEITO DE TRADIÇÕES E DE UMA GEOGRAFIA TÃO DIVERSA, ALÉM DA emoção, MUITA HISTÓRIA E costumes SECULARES DÃO AS CARTAS.
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