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Chocolate amargo pode ajudar na prevenção de doenças?

Segundo um estudo recente, o chocolate amargo pode ajudar na prevenção da pressão alta e da trombose. Descubra tudo sobre o assunto!

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Foto: Getty Images

Que o chocolate amargo é uma ótima opção quando bate aquela vontade incontrolável de comer um docinho quando estamos de dieta, não é novidade. Além disso, muito se fala sobre sua utilidade quando o assunto é vida saudável. Mas você sabia que ele pode estar escondendo incríveis benefícios para a sua saúde?

Recentemente, cientistas têm mergulhado no universo do cacau e suas variantes, descobrindo que o chocolate amargo pode fazer mais do que apenas satisfazer nossos desejos por algo doce quando estamos focados na dieta. Um estudo publicado na revista Nature em janeiro deste ano trouxe à tona algumas descobertas curiosas sobre os potenciais benefícios do alimento para o nosso organismo e, até mesmo, no combate e prevenção de algumas doenças.

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Uma das descobertas mais significativas foi a associação entre a ingestão de chocolate amargo e a redução do risco de hipertensão essencial. Este é um achado promissor, considerando a prevalência cada vez maior de problemas relacionados à pressão arterial elevada na sociedade moderna. Além disso, o estudo também apontou uma associação sugestiva entre o consumo de chocolate amargo e a diminuição do risco de tromboembolismo venoso, uma condição séria que pode resultar em complicações graves. O estudo sugere que os componentes encontrados nesse tipo de chocolate podem desempenhar um papel importante na promoção da saúde cardiovascular e na redução de certos riscos associados a doenças vasculares.

“A hipertensão essencial se caracteriza por um quadro multifatorial sem qualquer causa identificável. Ela é uma doença cardiovascular, que é inclusive silenciosa e uma das principais causas de morte no Brasil”, explica a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ). “Já a trombose é o entupimento de uma veia do nosso corpo pela formação de coágulos sanguíneos. A depender de qual veia aconteceu esse entupimento podemos chamar de trombose venosa profunda (quando é uma veia mais profunda) ou tromboflebite (quando se trata de uma veia mais superficial). Quando esse coágulo sanguíneo se desprende da veia, ele corre pela circulação e frequentemente impacta o pulmão, o que chamamos de embolia pulmonar, a grande complicação de uma trombose venosa profunda e uma causa importante de morte súbita”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

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A médica endocrinologista explica que as evidências disponíveis indicam que os flavonoides presentes nos chocolates amargos, incluindo procianidina, catequina e epicatequina, podem melhorar a função endotelial, promover a vasodilatação e prevenir a agregação plaquetária, aumentando a liberação de óxido nítrico. “Os flavanoides também são conhecidos por terem potentes atividades antioxidantes e anti-inflamatórias. Acredita-se que todas essas atividades dos flavanoides sejam os principais fatores que contribuem para um sistema cardiovascular saudável”, diz a Dra. Deborah. “Já foi identificado também que os chocolates com maior concentração de cacau têm ação vasodilatadora, melhoram a função vascular e contam com atividades antiplaquetárias, prevenindo a formação de placa de gordura dentro das artérias”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita. As médicas explicam que esses benefícios são alcançados com uma ingestão diária, em adultos jovens e saudáveis, de 20g de chocolate de cacau mais alto (90%).

As doenças cardiovasculares são a principal causa de incapacidade e mortalidade em todo o mundo e são os principais contribuintes para a carga global de doenças. O número total estimado de casos de doenças cardiovasculares foi de 523 milhões em 2019.

No trabalho, os cientistas obtiveram dados resumidos do estudo de associação genômica sobre a ingestão de chocolate amargo no site da Unidade de Epidemiologia Integrativa MRC (Universidade de Bristol). Os dados incluíram 64.945 participantes com ascendência europeia. Eles analisaram os dados para determinar a relação causal entre a ingestão de chocolate amargo e os riscos, em pacientes geneticamente predispostos, de 12 doenças cardiovasculares, incluindo insuficiência cardíaca, doença coronariana, infarto do miocárdio, hipertensão e tromboembolismo venoso. “A relação entre consumo do chocolate amargo e prevenção de doença só foi positiva para os casos de hipertensão e tromboembolismo venoso. E, mesmo assim, não é aconselhável confiar apenas no chocolate para prevenir as doenças. É bom lembrar que o chocolate deve ser consumido sempre com moderação, pois é um alimento fonte de gordura e rico em calorias. No geral, recomendamos até 30g diariamente”, diz a médica endocrinologista. “Uma boa alimentação, bons hábitos de vida e principalmente a atividade física ajudam a prevenir as duas doenças. E em alguns casos, os pacientes precisam de medicamentos”, finaliza a Dra. Aline.

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