Fertilidade feminina: uvas e mirtilos melhoram a saúde reprodutiva
Como esses alimentos antioxidantes podem ajudar a melhorar a fertilidade feminina? Possível explicação é que o resveratrol presente nesses alimentos reduz o estresse oxidativo, ajudando a proteger o DNA mitocondrial das células reprodutivas.
O consumo de antioxidantes traz benefícios comprovados para a saúde, especialmente por seu papel no combate aos radicais livres — moléculas reativas que danificam células e tecidos. Agora, uma nova revisão sistemática revela mais um motivo para incluir esses compostos na dieta: o resveratrol, presente em alimentos como uvas e mirtilos, pode ser um grande aliado na fertilidade feminina.
Mas o que exatamente é o resveratrol e como ele impacta na fertilidade feminina?
“O resveratrol é um composto natural encontrado na casca de uvas, mirtilos e framboesas e esse estudo descobriu que ele pode melhorar a quantidade e a qualidade dos óvulos, oferecendo esperança para novos tratamentos de fertilidade menos invasivos”, explica o Dr. Fernando Prado, ginecologista especialista em Reprodução Humana e Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres (Reino Unido).
O resveratrol é um composto polifenólico conhecido por suas propriedades antienvelhecimento, anti-inflamatórias e antioxidantes. Ao reunir e revisar os resultados de 24 estudos in vitro e in vivo, envolvendo um total de 9.563 participantes humanos, eles encontraram evidências que sugerem que o resveratrol pode melhorar a quantidade e a qualidade dos óvulos.
“Quatro estudos investigaram especificamente o resveratrol em conexão com a quantidade de óvulos maturados. Dois deles relataram um aumento, enquanto dois não encontraram diferenças significativas. Além disso, dois estudos avaliaram a qualidade dos oócitos maturados e ambos relataram uma melhora entre mulheres que tomaram resveratrol. Uma possível explicação é que o resveratrol reduz o estresse oxidativo, ajudando a proteger o DNA mitocondrial de danos e aumentar a atividade da telomerase, para reduzir o envelhecimento celular. O resveratrol também ativa a molécula sirtuína 1 (SIRT1), que é tipicamente reduzida em oócitos envelhecidos, portanto, potencialmente retardando o envelhecimento celular e estendendo a vida útil ovariana”, explica o médico.
A revisão também encontrou evidências de que o resveratrol poderia potencialmente tratar a infertilidade associada à endometriose e ter efeitos positivos na síndrome dos ovários policísticos e na infertilidade relacionada à obesidade, inibindo vias envolvidas na produção de andrógenos e reduzindo a inflamação e o estresse oxidativo, de acordo com o especialista. “O resveratrol é geralmente considerado seguro quando consumido em quantidades moderadas por meio da dieta e de suplementos, em doses de até cinco gramas por dia durante um mês, embora a segurança da suplementação em altas doses, especialmente por longos períodos, ainda não esteja clara”, diz o médico.
A revisão sistemática sobre resveratrol e fertilidade feminina abre caminho para novos tratamentos menos invasivos, usando substâncias naturais, segundo o Dr. Fernando. "No entanto, as descobertas são baseadas em uma série de limitações, incluindo o número limitado de estudos em humanos, os diferentes parâmetros de cada estudo e a falta de dados robustos sobre dosagem e efeitos colaterais, particularmente relacionados a defeitos congênitos ou anormalidades fetais. Mas, sabendo do benefício do composto, o consumo de uvas, mirtilos e framboesas deve estar presente na dieta”, finaliza o Dr. Fernando.