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Manchas não são todas iguais: como identificar e tratar cada uma delas?

Por sua similaridade, diferentes tipos de manchas podem ser facilmente confundidos no autodiagnóstico, levando ao tratamento inadequado, o que pode, inclusive, piorar a situação

(Foto: Getty Images)
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Num primeiro olhar elas podem até parecer iguais, mas estão longe de ser. Estamos falando das manchas, termo abrangente para alterações na pigmentação da pele e que, a depender das características, recebem nomes, cuidados e tratamentos específicos. 

 É por conta da existência de uma grande variedade de tipos de manchas que, inclusive, não é recomendado clareá-las sem consultar um dermatologista. O diagnóstico incorreto pode levar a um tratamento inadequado, e piorar a aparência da alteração. 

 “O principal risco de clarear manchas em casa é quando essas alterações estão relacionadas a doenças, como é o caso do melanoma, um tipo de câncer de pele agressivo que necessita de diagnóstico, tratamento e controle adequado por poder causar sérios danos à saúde”, explica a Dra. Cláudia Merlo, médica especialista em Dermatologia e Cosmiatria pelo Instituto BWS. 

Para te ajudar a evitar ciladas, a L’Officiel consultou um time de especialistas para listar as características e tratamentos dos principais tipos de manchas. Confira:

(Foto: Unsplash)

Manchas senis

As melanoses solares, popularmente conhecidas como manchas senis, são aquelas acastanhadas pequenas, geralmente arredondadas. Esse tipo de mancha pode surgir nas mãos, braços, ombros, rosto, colo e pescoço. A Dr. Cláudia Merlo explica que o aparecimento das melanoses está associado à exposição ao sol. 

 “As melanoses solares são encontradas principalmente em regiões com maior exposição ao sol, pois são resultado do efeito cumulativo da radiação solar, surgindo com o passar dos anos”, diz 

 Para ajudar no tratamento, ácidos são boas opções, que servem para clarear e estimular a produção de melanina. 

“Os ácidos surgem como boas opções, na medida em que oferecem efeito de renovação celular ou de clareamento das manchas. O ácido azelaico, por exemplo, age nas células produtoras de pigmento (melanócitos), interrompendo essa atividade e seu desenvolvimento. É um ativo que age no excesso de pigmentação e não no pigmento normal da pele, inibindo uma enzima chamada tirosinase, que atua e estimula o processo de produção de melanina, o pigmento que dá cor à pele”, explica a Dra. Mônica Aribi, dermatologista sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia.

As melanoses solares, apesar de poderem ser clareadas com cosméticos, dificilmente desaparecem sem a realização de procedimentos, como o laser de picosegundos Pico Ultra 300, que é uma das melhores opções atualmente para o tratamento de manchas resistentes. 

Nevos de ota

Os nevos de ota, de acordo com a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, são ‘pintas’ comumente confundidas com manchas por serem extensas e apresentarem coloração amarronzada. 

“Não é possível tratar o nevo de Ota com cosméticos tópicos clareadores, sendo necessário combatê-lo através do uso de tecnologias como o laser Q-Switched, que emite uma energia que atua exatamente sobre os melanócitos, sendo absorvido por essas células produtoras da melanina que dá origem às manchas para promover o clareamento e a uniformização da pele”, diz a especialista.

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Hipercromias pós-inflamatórias

 As temidas manchas de acne são um exemplo comum das hipercromias pós-inflamatórias. “As hipercromias pós-inflamatórias, como diz o nome, são manchas que surgem na pele após processos inflamatórios causados por acne, lesões e procedimentos como lasers e peelings”, diz a Dra. Cláudia Merlo. 

As hipercromias tendem a se resolver sozinhas, mas é possível acelerar esse processo através, por exemplo, da esfoliação diária com produtos específicos que aceleram a renovação celular da pele para torná-la nitidamente mais uniforme, macia, viçosa e luminosa.

Melasma

O melasma é uma doença crônica e sem cura caracterizada pelo surgimento de manchas acastanhadas e escurecidas principalmente na face devido a fatores como exposição ao sol, genética e alterações hormonais, sendo especialmente comum em mulheres na idade fértil. 

“A base do tratamento do melasma é domiciliar. A paciente deve usar o filtro solar tonalizado combinado ao clareador tópico. Podemos associar algum antioxidante tópico antes do filtro para otimizar os resultados. Mulheres com melasma têm barreira cutânea deficiente, por isso um hidratante adequado para o tipo de pele também deve fazer parte da rotina de tratamento. Mas mesmo com uma rotina bem-feita, alguns pacientes ainda mantêm manchas no rosto. Nesses casos propomos tratamentos complementares: medicações por boca e procedimentos, como laser, peeling e microagulhamento”, explica o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. 

 “Falando em melasma, as quatro principais dicas para pacientes com esse problema são: 1) o uso do protetor solar; 2) a aplicação na quantidade certa; 3) a reaplicação do filtro; e 4) o uso de produtos com cor.  Só assim, ele cumprirá bem seu papel.  E, como o melasma pode piorar com a exposição prolongada à luz visível, cuja proteção se dá pelo pigmento/opacidade, a cor é fundamental", explica a Dra. Jaqueline Zmijevski, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). 

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Melanomas

Apesar de também serem originados nos melanócitos, os melanomas, ao contrário das pintas e manchas que são geralmente inofensivas, são cancerígenos e muitas vezes mortais se não tratados adequadamente. “Para identificar o melanoma, preste atenção a pintas que se enquadram na regra ABCDE, apresentando assimetria, bordas irregulares, cores múltiplas, diâmetro maior que 6mm e evolução anormal. Se qualquer uma dessas alterações estiverem presentes, o mais importante é buscar um dermatologista para receber o diagnóstico e tratamento adequado. Inicialmente, realizamos a remoção cirúrgica do melanoma, que, dependendo da evolução do quadro, pode ser acompanhada de tratamentos como a quimio, a radio e a imunoterapia”, explica a Dra. Paola Pomerantzeff.

Existe, no entanto, um hábito que figura como a estratégia mais importante no tratamento e prevenção de todos esses tipos de manchas: o uso diário de protetor solar, já que a radiação solar é a principal responsável pelo estímulo da melanina. “O protetor solar deve ser aplicado em todas as áreas expostas e o FPS deve ser sempre igual ou maior que 30. A textura do produto vai depender do tipo de pele do paciente”, destaca a Dra. Jaqueline Zmijevski. Para garantir máxima eficácia do produto e amplo espectro de proteção, é importante prestar atenção também à fórmula do protetor solar. “O fotoprotetor deve contar com filtros físicos, como o óxido de zinco e dióxido de titânio, associado a filtros químicos para aumentar o grau de fotoproteção, e também pode contar com antioxidantes na fórmula”, diz a Dra. Mônica Aribi. 

Além da radiação UV, outro motivo para utilizar protetor solar é a luz visível, que é emitida não só pelo sol como também por dispositivos eletrônicos como computadores e celulares. “Esse tipo de radiação está relacionado especialmente ao aparecimento de manchas, inclusive piorando o melasma. Por isso, a cor é fundamental no produto", explica a Dra. Jaqueline Zmijevski, que, por fim, ressalta que somente com o hábito do uso diário do protetor solar faz sentido pensar em ácidos e procedimentos com o objetivo de prevenir e tratar manchas.

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