Artista plástico brasileiro participa de exposição na Grécia
A arte é uma ferramenta de grandes mudanças e questionamentos, capaz de promover encontros e criar novos diálogos.
Quando a Kura foi criada em 2018, o maior objetivo traçado foi propor pontes entre todas as áreas. Afinal de contas, a arte é um ecossistema que possui muitos agentes, desde artistas e galeristas, até instituições e espaços independentes - como o DEO Projects, organização grega sem fins lucrativos, fundada em 2021, que me trouxe até a Ilha de Chios em julho.
O motivo da viagem foi, além de conhecer o projeto, ver o resultado final de uma residência do Paulo Nimer Pjota, artista paulistano, com quem trabalhei em 2019 quando ele foi convidado para uma edição da Caixa de Pandora. Foi a primeira vez que eu vim para Chios, ao norte do Mar Egeu. A ilha é conhecida pela sua produção e exportação de Mastica, que tem como função principal, a criação de resina, e ao norte da ilha, os portos são até hoje o palco de grandes embarcações. Além de mostrar o projeto, compartilho também algumas imagens de pequenas vilas na Ilha, que é a quinta maior da Grécia.
Com a DEO Projects, foi a primeira vez que a ilha recebeu uma exposição de arte contemporânea. A DEO é uma plataforma independente de arte contemporânea com sede na ilha de Chios, Grécia.
Os projetos DEO visam apoiar e facilitar a colaboração entre artistas convidados e locais, profissionais culturais e comunidades, compartilhando habilidades, conhecimento e perspectivas. Ela cultiva um programa que tem como premissa intervenções que podem ser realizadas em comissões, exposições, programas públicos ou residências.
O local escolhido para abrigar o resultado formal da residência de Paulo na ilha, é um antigo abatedouro, que antes tinha uma relação com a morte e hoje com a vida, através da arte. Embora seja passado, o local é de difícil expografia, o que fez do projeto ainda mais potente - Paulo e Akis Kokkinos, fundador dos projetos DEO, conseguiram transformar esse espaço em um lugar de vida, ressaltando o trabalho de Paulo que questiona a construção de memórias coletivas e os seus significados.
Pjota une a história da arte com a complexidade do imaginário social contemporâneo para criar uma montagem de várias camadas de narrativas visuais. Suas telas não esticadas em grande escala, altamente influenciadas pela cultura grega antiga, foram exibidas nas principais instituições culturais em todo o mundo.
A DEO Projects convidou o artista plástico brasileiro Paulo Nimer Pjota a desenvolver, produzir e exibir um novo corpo de trabalho como parte de seu programa inaugural da Série de Comissões.
A mostra é o resultado de uma pesquisa in loco de três meses do artista em Chios, explorando a história e o patrimônio da ilha desde os tempos antigos até os dias atuais. O artista tive a oportunidade de explorar os artefatos e sítios arqueológicos da ilha (Museu Arqueológico de
Chios, o templo de Atena em Empórios, o templo de Phanaios Apollo) e as texturas sociais contemporâneas que moldaram o estado e a identidade atuais da ilha. Pjota também encontrou e trabalhou em estreita colaboração com artesãos e artistas contemporâneos locais, integrando materiais e técnicas locais em sua prática e nas obras encomendadas.
Com inauguração no dia 10 de julho, a mostra no antigo matadouro da Ilha de Chios marca a primeira apresentação grega do artista paulistano, com curadoria de Akis Kokkinos.
Akis Kokkinos é um curador grego que vive entre Londres e a ilha de Chios. Akis trabalhou para importantes instituições culturais no Reino Unido e na Grécia, em coleções particulares, bem como em projetos independentes. Ele estudou o MA Curating Contemporary Art no Royal College of Art (2018-2020) totalmente financiado pela bolsa NEON, a Fundação Schilizzi e o fundo de continuação RCA. A prática de Akis está focada em maneiras de romper o 'objetivo' e institucional, introduzindo ou apoiando outras formas de conhecimento menos apreciadas e reconhecidas. Por meio de discursos multidisciplinares, abordagens ecofeministas, não ocidentais e outros pensamentos e filosofias não racionais, sua prática enfoca o menos falado, o invisível ou o liminar.
Com base nos valores de cuidado, confiança e colaboração, a DEO projects se dedica a promover a visão artística, alcançar novos públicos e desafiar as práticas existentes.
Localizada em Chios, a organização sem fins lucrativos irá gradualmente desdobrar a paisagem histórica, social e cultural de várias camadas da ilha do Nordeste no mar Egeu. Chios constitui o principal recurso, parceiro e força motriz para projetos DEO.
O antigo matadouro de Chios guarda elementos do passado e preserva as memórias e histórias sociais do espaço. Apresentar a obra de Paulo Nimer Pjota no contexto do antigo matadouro permitirá ao público produzir novas narrativas do que era até então conhecido como familiar e conhecido.