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“Becoming Elizabeth”: Jamie Blackley sobre o seu Robert Dudley

Ator britânico conta com exclusividade um pouco desta grande produção. Confira!

Jamie Blackley (Foto: Getty Images)
Jamie Blackley (Foto: Getty Images)

Jamie Blackley é um ator britânico que vem se destacando desde 2014 quando estrelou no drama “If I Stay”, onde também ganhou os corações de fangirls no mundo todo. Em uma primeira olhada, você pode pensar que ele é apenas o típico ator para interpretar o garoto popular da escola nos filmes adolescentes ou príncipe encantado da Disney.

No entanto, Blackley entrega muito mais profundidade em suas performances e na vida real, é bastante pé no chão e simpático. Seu mais recente projeto é a série Becoming Elizabeth da Starzplay, na qual ele interpreta o icônico Robert Dudley, um dos principais parceiros e pretendentes da Rainha Elizabeth I. 

Em entrevista exclusiva para a L’Officiel, Jamie Blackley contou um pouco desta grande produção. Confira a nossa entrevista:

(Foto: Andrea D'Andrea)

Como você se preparou para interpretar Dudley? Ele é um personagem muito importante na história de Elizabeth.

A única coisa que eu queria era evitar de assistir outros atores interpretando ele. Acho que iria me confundir. Parte de mim queria fazer isso, mas eu disse: “não. O que você está fazendo? É louco” (brinca). O mais importante para mim e Alicia (von Rittenberg) foi poder estar muito confortável um com o outro. O processo todo foi longo para o casting, então eu pude conhecer bem ela mesmo antes de conseguir o papel. E realmente o que precisamos era apenas confiar um no outro e poder brincar e jogar. Isso é o que você vê quando assiste à série. São duas pessoas que são amigos desde pequenos, e ele tem um forte senso do que é certo e o que é errado. Mas eles se divertem juntos, porque ele também é divertido e engraçado. E para mim, sinto que é importante ver isso para entender porquê ele é alguém que ela pode contar e se apoiar sempre. 

 

Você é inglês, deve ter estudado sobre a era Tudor na escola, mas quão familiarizado você era com este período específico da história logo antes de Elizabeth se tornar rainha?

Eu não tinha familiaridade alguma. E acho que foi isso que mais me interessou, assim como outros atores. Porque é um momento da história que dá uma nova sensação. Ela é uma pessoa que a gente já viu muito sobre, há diversas peças e filmes sobre a Rainha Elizabeth, mas a sensação que tenho é que este momento não foi explorado ainda, o que acho muito motivador.

 

Trabalhar nesta série lhe deu uma apreciação maior pelas aulas de história? Ou passou pela sua cabeça “nossa, estou interpretando essa figura”?

Totalmente e acho que não vou entender o quão grande é isso até que eu assista a série, o que estou muito nervoso para assistir. Sempre fico muito ansioso quando assisto algo que faço parte. Mas na escola eu sempre me interessei por história. Não diria que eu era um aluno exemplar, mas lembro que era uma das matérias que eu tinha interesse. Hoje em dia eu penso que poderia ter aproveitado mais, assim como outras coisas da escola e faria se pudesse voltar ao tempo. Mas é parte de amadurecer. 

Agora você pode estudar para a série. E o que lhe fascinou mais no trabalho de pesquisa, seja da época ou do seu personagem?

Quando eu encontrei Justin, nosso diretor da primeira parte, logo no início do projeto, ele me contou que as pessoas costumavam esfaquear umas às outras na corte. Eles literalmente esfaqueavam uns aos outros pela corte inglesa. Você pode imaginar se isso acontece hoje no Parlamento Inglês? Seria maluco. Porém este era o mundo. Era como eles viviam, e saber isso me ajudou muito. Não há uma forma melhor de compreender o quão perigoso era um lugar quando o poder mais alto presente está literalmente se esfaqueando por todos os lados. 

 

Há algumas versões que interpretam a relação de Elizabeth e Robert como romântica. E historicamente se sabe que ele foi uma das opções de pretendentes para ela e eventualmente isso não concretizou. Como foi para você, sabendo o futuro do personagem, trazer essa ambiguidade da relação deles?

Sim, e sem entregar ao público muito. Na verdade, achei surpreendentemente fácil de estar presente apenas no enredo da série sem pensar muito no futuro do personagem. Porque existiu sim essa  dinâmica entre os dois que fica aberta à interpretação e exploração, então eu pude aproveitar essa ambiguidade e ficar apenas presente. Para onde a estória nos levava, eu seguia. E ela é uma pessoa tão presente na vida de Dudley que acho que talvez nem ele tinha certeza ou entendia o que essa relação significava. Pelo menos foi a forma que eu levei.

 

Deve ser interessante trabalhar com essa ambiguidade como ator?

Completamente, e também vai junto com a ideia destes período que não foi explorado. Tudo está aberto à interpretação.

 

Você já trabalhou em outros projetos históricos antes, mas este claro é mais próximo de casa. Como é para você estar imerso nessas locações históricas e figurinos extremamente realistas?

Eu me senti muito sortudo em estar lá, estar trabalhando e usando aquele figurino excepcional. Especialmente após estes dois anos, com tudo que estava acontecendo no mundo. E o mais bonito foi que tentamos sempre fazer tudo da forma mais realista possível. A iluminação, por exemplo, nos três primeiros episódios, foi praticamente toda feita de velas. Literalmente filmamos à luz de velas, com fogo. O que dava a sensação de fazer parte de um mundo muito escuro. Não havia um cenário com alguma parede falsa, as salas que gravamos eram todas incrivelmente grandes. Acho que eu nunca trabalhei antes em um projeto tão imersivo que você realmente entra naquele mundo. Por isso eu queria muito fazer o meu papel da forma mais verdadeira possível.

 

Qual o impacto do ambiente realista na sua atuação?

Eu fui incentivado a ficar livre no ambiente. Estas eram pessoas reais, não haviam grandes truques de mágica. Eu acho que às vezes quando fazemos dramas históricos, você se sente um pouco restringido no que pode ou não fazer. E neste caso foi incrível porque não me senti assim. Na verdade, senti que tinha a liberdade de fazer o que eu queria e isso é ótimo.

 

Você escolheu uma palavra muito interessante, restrição. Quando olhamos para a época que a série se passa,  restrição era o normal. Desde a roupa aos comportamentos, tudo era muito controlado. Viver um pouco nesse período, mudou a sua forma de ver as liberdades que temos hoje em dia?

Absolutamente. Quando filmamos, ainda estávamos em lockdown aqui na Inglaterra. Aí no trabalho, com esse figurino super restritivo e a noite ficávamos trancados em um hotel a noite toda. É meio inacreditável e impressionante ao mesmo tempo que conseguiram fazer a produção acontecer do jeito que foi. Todos nós trabalhamos muito duro. E sim, também é uma loucura pular daquilo tudo para o meu mundo de hoje. Como você pode ver, estou vestindo algo bem diferente do que o velho Rob Dudley vestia.

 

O que você aprendeu com o personagem Robert Dudley? Você está levando dele algo para si? 

De uma maneira surpreendente, que não posso entrar muito em detalhes para não entregar o enredo da série, algumas das coisas que Dudley passa se espelham um pouco na minha própria vida, de uma forma muito estranha. E claro, você sempre deve pegar da sua realidade o máximo que pode para atuar. Mas eu acho que mais do que levar algo dele para mim, a gente meio que superou certas coisas juntos. Foi algo muito legal, que nunca havia acontecido comigo antes. 

 

E se você fosse dar um conselho à Elizabeth adolescente, qual seria? 

Eu diria “escute o Robert, apenas o escute. Não se preocupe com o que os outros falam. Escute a ele”.

 

Becoming Elizabeth está na Starzplay com episódios novos aos domingos. 

(Foto: Andrea D'Andrea)
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(Foto: Andrea D'Andrea)

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