Danielle Winits: “o processo de envelhecer é rejuvenescedor”
Danielle Winits volta aos palcos brasileiros em Meninas Malvadas - O Musical, espetáculo da Broadway que adapta filme de sucesso dos anos 2000, e fala sobre carreira e maturidade em entrevista exclusiva
Uma das atrizes mais conhecidas do público está de volta em comédia musical nos palcos brasileiros. Danielle Winits está em cartaz com Meninas Malvadas - O Musical, espetáculo da Broadway que adaptou o filme de sucesso estrelado por Lindsay Lohan nos anos 2000. Na trama, a adolescente Cady Heron, vivida por Laura Castro no Brasil, entra em uma nova escola e se envolve com um polêmico grupo de amigas liderado por Regina George (Anna Akisue).
Na produção - em cartaz no Teatro Santander até 29 de junho -, a estrela brasileira interpreta três personagens: Sra. Heron, a mãe de Cady Heron, a Sra. George, a mãe de Regina George e a Sra. Norbury, a professora do colégio.
Em entrevista exclusiva à L’officiel Brasil, Danielle Winits contou um pouco sobre alguns momentos da carreira, a experiência marcante do teatro em sua vida, a relação com os filhos na maturidade e ainda revelou alguns segredinhos de beleza. Confira!
Sua carreira entrelaça momentos entre novelas na televisão, cinema e teatro. Como é ser uma artista que marca presença nesses universos?
As vertentes que se abriram em meu caminho, ao longo desses 35 anos de carreira, foram norteadas pelo Teatro. Foi meu berço, meu primeiro amor, e tem sido minha escola e minha mola propulsora desde que iniciei minha jornada no Teatro Tablado no Rio de Janeiro aos 12 anos. Quando a TV e o cinema entraram na minha vida, eu já estava me preparando há alguns anos para poder vivenciar essa interseção com a certeza da minha vocação.
Você atua em musicais há anos. Qual deles você destacaria na sua experiência de palco? Existe algum preferido?
O teatro musical já era um objetivo desde que tive a oportunidade de assistir ao primeiro da vida aos 14 anos. Dançava desde os 5 e me formei em ballet clássico, jazz e sapateado aos 16 anos. Desde sempre, visava um dia poder aliar meu investimento ao teatro.
O musical Chicago [que estreou em São Paulo em 2004] foi um marco na minha trajetória, sem sombra de dúvida, mas cada um dos muitos que fiz tem seu lugar especial na memória do coração porque sou apaixonada pelo gênero. Agora, em Meninas Malvadas, ganhei 3 presentes em 1! São 3 personagens bem distintas e mais um desafio apaixonante para a minha estrada!
Na preparação intensa para os palcos, como é a sua rotina de cuidados com o corpo e a mente?
A disciplina é uma escolha diária, inegociável e fundamental. Ela também é a minha liberdade. Digo isso porque exercícios físicos, alimentação balanceada, sono em dia, leitura, yoga…são meus aliados. Devo muito do meu fôlego - praticamente de atleta - a essa combinação de foco e dedicação. A responsabilidade de estar no palco em um musical me traz benefícios imensos também para a minha vida fora dele. Sempre fui bem ‘caxias’ com o meu trabalho por natureza e o tempo acentuou essa minha característica. Não é um fardo para mim. É estilo de vida.
Ao longo dos anos, você teve diferentes visuais de cabelo e já foi loira e morena. Com qual visual você mais se identifica? Quais são os seus cuidados com os cabelos?
Já fui ruiva também! Sempre gostei do loiro para mim, mas, hoje em dia, eu me pego flertando com outras cores e estilos de corte. Estou só aguardando um momento para, quem sabe, radicalizar, poder mudar e experimentar algo novo nesse sentido! O loiro, para se manter saudável, também precisa de dedicação e cuidados redobrados. Não sou de ficar fazendo máscaras em casa porque a correria não permite esse tempo mesmo, mas procuro investir em bons produtos e isso já é um ganho e tanto! Também não sou de usar secador se não for para trabalho. Deixo o cabelo o mais livre possível desses excessos. Gosto dele natural. Um bom aliado para mim, no dia a dia, é tipo um bb cream pós-banho para desembaraçar e um sérum para as pontas.
Meninas Malvadas é considerada uma história que remete à moda dos anos 2000. Qual tendência fashion dessa época você usaria novamente? E qual não usaria?
O bacana é que o musical Meninas Malvadas chegou com esse revival dos anos 2000 em muitas tendências atuais! Gosto das ombreiras. Acho gráfico, moderno, mas aquele batom roxo; eu passo! (risos).
Grande parte do elenco da peça é formado por atores mais novos. Como é trabalhar com esse público? Já viveu essa experiência?
Tem sido uma experiência fantástica desde o primeiro dia! São jovens pra lá de talentosos que despontam para o mercado e impactam por estarem mais do que preparados para o ofício. É a primeira vez que sou a única veterana do elenco e essa troca tem não apenas me alimentado artisticamente, como também tenho partilhado minha experiência e bagagem com eles. Somos todos de teatro e respiramos esse amor e essa vocação diariamente!
Como você encarou a chegada à maturidade? O que mais te marcou nesse processo?
A chegada da maturidade foi mais que bem vinda porque, de certa forma, costumo dizer que a juventude nos consome de forma desproporcional ao que seria necessário se já tivéssemos experiência no caminho (risos). Hoje, tenho serenidade para entender que sempre existe o amanhã para darmos conta das nossas demandas. O processo de envelhecer é rejuvenescedor e não o contrário! Eu me sinto nascendo de novo todos os dias porque, hoje, tenho o entendimento de que o mais bacana do caminho é que a gente faz caminhando …e ele é eterno.
O que mais te orgulha em ser mãe? E o que mais te chateia?
Com orgulho, posso dizer que Noah e Guy são mais do que meus companheiros de vida. Eles são meus vetores de força e razão de todas as minhas batalhas e da minha felicidade. Eu me orgulho em estar conseguindo criar rapazes amorosos, empáticos, questionadores, com voz própria sem deixar de lado uma escuta ativa, além de feministas e independentes. É uma construção diária e assumo esse compromisso de ser exemplo para eles em todos esses sentidos. A única coisa que me pegou um pouco foi quando as portas dos quartos começaram a ficar mais fechadas nesta entrada da adolescência, mas, rapidamente, entendi o processo natural de individualização necessária e lembrei do meu. Hoje, somos muito mais do que mãe e filhos. Somos os melhores amigos entre nós três que podemos ter. Somos cúmplices em tudo e criamos essa fortaleza conjunta e inabalável para darmos conta de nossas histórias pessoais com bravura. Acolhemos tanto as nossas alegrias como as nossas dores particulares com afeto e sem julgamentos.
Em algum momento, você se sentiu julgada por se considerar mãe solo de um de seus filhos? Como tem enfrentado a situação?
Enfrento minha porção mãe solo de um deles com sabedoria para reconhecer que o que não está sob o meu controle e minha responsabilidade não é da minha conta. Se fui condescendente algum dia, já me perdoei por isso. Assim como acredito que a justiça, muitas vezes, tarda, mas não falha. Ela é implacável e a vida se encarrega de enviar a conta (e ela é alta!) mais cedo ou mais tarde para os que viram as costas para o que há de mais precioso e genuíno em suas vidas.
Dos episódios que já viveu em seus relacionamentos, como você definiria o momento atual da sua vida amorosa?
André [Gonçalves] e eu somos para além de casados com a nossa história. Somos parceiros que não deixam de reconhecer que somos seres em constante evolução, e que sabem que essa construção é diária para podermos evoluir enquanto pessoas e amantes. É um amor maduro sem deixar de ser apaixonado, sabe? Somos diferentes em muitos aspectos, bastante parecidos em outros, porém complementares e já entendemos isso como chave para a nossa história. Ele é amor puro e incondicional. Uma luz singular. Um amor que me ensina a amar melhor. Guy [filho mais novo da atriz com o ator Jonatas Faro] o tem como um pai de coração. Ele foi, desde sempre, o pai que Guy merece ter e com Noah [filho mais velho com o apresentador Cássio Reis] foi se criando, com o tempo, uma relação de afeto genuína, amorosa e verdadeira.
Em suas redes sociais, você compartilha momentos do cotidiano, trabalho e alguns esquetes. Como é a sua relação com o universo digital?
Demorei um pouco para entender e ter tempo para me dedicar ao universo digital. Sempre fui muito focada no meu trabalho, na família, e, quando a família cresceu, minhas demandas e cobranças pessoais aumentaram. Hoje, tenho uma equipe digital incrível que me ajuda e busca comigo criar um universo que converse não apenas com o meu trabalho, mas também com questões relevantes para o mundo. Sempre com uma pitada de humor, mas com um olhar investigativo e engrandecedor. É uma busca crescente e o processo criativo em conjunto tem sido bastante produtivo!
Após oito anos, você retornou às novelas em Família é Tudo no ano passado. Quando veremos Danielle Winits novamente na televisão?
Foi um retorno mais do que feliz para mim na novela Família é tudo, de Daniel Ortiz! Um autor que já admirava há tempos e pude matar as saudades dos colegas na TV e do backstage na Globo que foi minha segunda casa desde sempre. Mas, agora, é foco no musical Meninas Malvadas até julho no Teatro Santander.
Tenho o filme Farofeiros 3 para rodar ainda no fim deste ano, e outro novo do [Miguel] Falabella [chamado] Querido mundo para estrear nos cinemas. Tem projeto de monólogo para o teatro nascendo em que estarei co-produzindo para, talvez, ainda estrear esse ano. Ufa! Tem é coisa! TV está sempre em um lugar mais do que especial no meu coração e aberta para novas jornadas com certeza!