Naomi ganha exposição no Museu Victoria & Albert sobre sua trajetória
A trajetória da supermodelo britânica Naomi é passada a limpo na exposição dedicada a ela no Museu Victoria & Albert, em Londres
Exposição dedicada à supermodelo britânica ganha as salas do Museu Victoria & Albert, em Londres.
No dia 22 de maio, a geminiana Naomi Elena Campbell fez 54 anos. Há quatro décadas, ela era descoberta em Covent Garden, Londres, fazendo compras com amigos e vestindo uniforme escolar. Três meses depois, estampava seu primeiro editorial de revista e não demoraria para ganhar a primeira capa. Dona de personalidade forte, Naomi faz parte de um time restrito de modelos conhecidas apenas pelo primeiro nome. Foi personagem forte entre as primeiras (e para sempre) supermodelos e teve papel importante na inclusão de pretos na alta esfera da indústria da moda. Sua trajetória é passada a limpo na exposição dedicada a ela no Museu Victoria & Albert, na capital britânica.
É a primeira vez que a prestigiada instituição disponibiliza seus salões para uma mostra como essa. Abre no dia 22 de junho e poderá ser visitada até 6 de abril de 2025. Biográfico, o acervo reúne peças de alta-costura e prêt-à-porter do closet de Campbell, além de itens desfilados por ela emprestados por várias marcas e objetos da coleção V&A. Ao todo, são cerca de 100 looks de designers como Alexander McQueen, Azzedine Alaïa, Chanel, Dolce & Gabbana, Gianni e Donatella Versace, Jean Paul Gaultier, John Galliano, Karl Lagerfeld, Kenneth Ize, Valentino, Virgil Abloh, Vivienne Westwood e Yves Saint Laurent. Há espaço também para imagens feitas por fotógrafos renomados, a exemplo de Nick Knight, Steven Meisel e Tim Walker.
O lado ativista da modelo surge em citações a seus mentores. Desde muito cedo, defendeu a equidade e juntou-se à Black Girls Coalition, em 1989. Juntamente com Iman e Bethann Hardison, ela faz campanha pela The Diversity Coalition desde 2013 para defender a diversidade na passarela. Em 2014, Nelson Mandela abriu seus olhos para a injustiça social e a inspirou a usar a sua influência para a mudança social – Naomi conheceu o ex-presidente sul-africano quando o Congresso Nacional Africano a convidou para se encontrar com o líder na África do Sul. Dessa reunião surgiu uma profunda amizade, que ela define como “encontro de almas”, e Mandela passou a chamá-la de “neta honorária”.
A exposição também destaca o seu apoio a novos designers, por meio de eventos como a Arise Fashion Week na Nigéria e sua plataforma Emerge, fundada em 2022, para apoio à educação alternativa e investimento em jovens talentos criativos e empresariais de regiões emergentes. Uma de suas protegidas é Torishéju Dumi, jovem estilista em ascensão, cujo desfile de estreia contou com a madrinha na passarela, em outubro, durante a Semana de Moda de Paris.
“A extraordinária carreira de Naomi Campbell cruza-se com o melhor do high fashion. Ela é reconhecida mundialmente como modelo, ativista, filantropa e colaboradora criativa, o que a torna uma das figuras mais prolíficas e influentes da cultura contemporânea”, analisa Sonnet Stanfill, curador sênior de moda da instituição. A proposta é de um olhar próximo, intimista, sobre a vida da modelo, que acompanhou a seleção do conteúdo e a montagem da mostra bem de perto. Nascida em Lambeth, Naomi passou parte de sua infância na Itália com sua mãe, Valerie Morris-Campbell, dançarina moderna profissional, de quem herdou o gosto pela dança, antes de morar com a avó, em Londres. A mostra começa por sua infância e as aspirações de palco antes de ser descoberta por um caçador de modelos e rapidamente alcançar a fama. Depois entram momentos memoráveis na passarela, incluindo seu famoso tropeço nas imponentes plataformas azuis de Vivienne Westwood em 1993 – o look completo será exibido pela primeira vez em um museu.
Tem destaque sua convivência com o designer Azzedine Alaïa desde seus 16 anos, a quem ela chamava de “papa” – o estilista prometeu à mãe dela por telefone que a protegeria. Há a passagem sobre a rede de restaurantes internacionais The Fashion Cafe, lançada em 1995, juntamente com as amigas Claudia Schiffer e Elle Macpherson. Como nem tudo são momentos de sucesso, a exposição abre espaço para falar de períodos mais difíceis. Com histórico de agressões, em 2007 foi condenada a prestar serviços comunitários no Departamento Sanitário de Nova York após ter agredido a empregada doméstica com um telefone celular. Do episódio, ficou a lembrança do vestido longo prateado de Dolce & Gabbana que ela usou para fazer suas tarefas de limpeza no quinto dia da pena. De lá, seguiu já pronta para a festa de 60 anos de Elton John. Naomi também passou por reabilitação de narcóticos no início do anos 2000 e mantém rotina de recuperação da dependência de álcool.
Mãe de dois filhos nascidos depois que fez 50 anos, Naomi equilibra a maternidade com a carreira. Na temporada feminina de inverno 2024/2025, desfilou para a Dolce & Gabbana e a Balmain. Em fevereiro, chegou às lojas internacionais sua collab com a Boss, com 50 peças travel friendly, que não amassam, combinam entre si e incluem uma legging com compressão. Por aqui, a coleção-cápsula desembarcou em abril nas araras da NK Store.
