Casa de Criadores: estreias que marcaram o evento
Confira os detaques que marcaram a lista de estreantes da edição 50 da Casa de Criadores!
Na lista de estreantes da Casa de Criadores, provou-se que, quando a criação parte de vivências pessoais, a sinceridade dá um gás nas possibilidades. Leonardo Alexei até chega a citar Clarice Lispector como um dos seus pontos iniciais, mas é conversar com ele para perceber que sua estética tem origens muito mais íntimas. Filhote da escola de moda desalinhada (oi, Vivienne Westwood), Alexei mistura terapias pessoais, corações partidos e um fuzuê de possibilidades -- trabalhando sobreposições, upcycling e momentos de verdadeiro collage artsy para um crash de referências femininas e masculinas somadas, seja nos jeans com estampas kitsch ou nos vestidos de ancas profundas com resultado de encher os olhos. Pedra, também inflexionando sua vida de pessoa preta e travesti, trouxe estética wild em um casting 100% não-cisgênero. Sua potência não está em querer quebrar antigos padrões, mas em mostrar que os seus padrões podem existir sem que se lembre do passado - aproveitando para construir uma história de amor tortuosa entre garotas fofas (ainda que combativas) e meninos desiludidos, ambos em potências elevadas nas amarrações, jeans refeitos & redecorados e tie dyes feitos à mão. Mais contida no caos, Priscilla Silva Brand fez sua reestreia (depois de um hiato) com coleção calcada em tons claros e em tecidos naturais (incluindo cânhamo) mais crochês. Priscilla se dá bem quando contrapõe pesos e, principalmente, constrói silhuetas confortáveis e possíveis para os anos 2020. Calcado numa ironia típica da gen z, Da Silva Santos Neves é um garoto de 19 anos da Paraíba que chegou somando referências completamente díspares e surpreendentemente alinháveis. Imerso na cena ballroom da sua terra natal, Vinicius retrabalhou esse mood femme do grupo com o entorno social em que estão inseridos, terrivelmente evangélico. Se um lado não bica o outro, o garoto segue quietinho e repensa signos caretésimos e brasileiríssimos (como as saias jeans longas) em corpos dissidentes, calcinhas à mostra e recortes rendados. Repressão virando deboche, é por aí que sobreviveremos.
ALEXEI
Pedra
Priscilla Silva
Da Silva Santos Neves